Nobreza de amor

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Hora de dizer "até logo" para os personagens de "Coração de Rainha", que voltarão em situações bem distintas no próximo livro "Mestre dos Disfarces". Como agora finalmente sei como nortear a história, teremos algo muito especial chegando aí.

Divirtam-se com este capítulo e a gente se vê novamente em Azzurro no próximo mês!

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A Igreja Basílica de Santa Cecília era um triunfo da arquitetura espanhola, onde curiosamente, os elementos barrocos de riqueza nos detalhes e ouro nas paredes conviviam pacificamente com abóbadas redondas, vitrais com imagens de um Jesus longe da imagem europeia e branca que era a convenção à época, e tanto janelas quanto o teto com influência mourisca.

Naquela manhã, a igreja lotada – de convidados, equipes da imprensa, religiosos e muita gente do lado de fora, nas ruas e avenidas no entorno da igreja, além de outros lugares no mesmo bairro fazendo festa ou vigília (a polícia estimava em torno de 30 mil pessoas, quando a cidade tinha ao todo 300 mil habitantes) – aguardava a chegada dos participantes do que era chamado pelos jornais em Azzurro, Europa Continental e Estados Unidos de "evento do ano".

"Cinderela da vida real se une com o rei", dizia o Diário Azzurrino; "Contos de Fada existem!", relatava o Notícias do Amanhã; "O Futuro é Belo com o Novo Casal Real" era a manchete do Notícias de Azzurro; e "A Rainha do Povo assume seu lugar de direito", destacava O Observador. Todos empolgados, deixando de lado as diferenças com o rei, querelas políticas e resistências de toda parte para se unirem em torno de um casamento que representava muito mais do que apenas o rei de Azzurro, León IV, casando-se com a mulher amada em uma cerimônia que parecia vinda de um filme de Hollywood.

O olhar do povo, que via a chegada dos Calieri em um carro aberto, parecidos com uma grande parcela da população, era de admiração e pertencimento. Para muitos, ver Alma Calieri entrando na igreja ao lado de Esmeralda, a Rainha-Mãe, ambas igualmente elegantes e régias, era como ver uma amiga, uma parente, uma tia conhecida num momento de felicidade. O povo se enxergou em Alma Calieri – porque ela fazia parte do povo, e sua imagem alegre, jovial e elegante era reflexo das melhores qualidades dos azzurrinos.

As adolescentes gritaram ao ver a irmã da noiva, Elena Calieri, caminhando como uma das damas de honra, segurando as alianças do casal; enquanto mais atrás, Massimilano León, recebido na igreja com o nome pouco usado de "Conde de Virginia", caminhou com o livro de votos na mão. Era um livro que todos os reis e rainhas liam no dia do casamento, herança da dinastia Axum que caiu em desuso nos tempos de Siracusa, mas que o rei Nicolas usou em seu primeiro casamento com Luisa de Aragón; tornando-se padrão novamente para as cerimônias que se seguiram.

Ambos caminhavam até o altar orgulhosos e o sorriso aberto de quem estavam genuinamente felizes, tanto que não conseguiam conter a própria alegria.

Pouco atrás, o menino Giuseppe – que informalmente assinava como Calieri-León – caminhou lentamente, da forma como ensaiado, jogando no tapete do altar as rosas brancas e vermelhas que deixariam o caminho dos noivos mais belo e romântico.

- Ai meu Deus eu vou chorar... – comentou Eulalia Bergen, com a mão na boca, ao lado de Dolores, ambas no altar como madrinhas do casamento.

- Calma, amiga... Carmen já tá chegando, espera a hora do sim pra chorar.

Eulalia olhou Dolores com surpresa.

- Quem é você e o que fez com minha Lolinha que só de olhar um passarinho chorava?

A jovem apenas sorriu, ajeitando os óculos.

- Nada. Estou feliz e... Sei que assim que chegar a hora dos votos vou me debulhar em lágrimas...

Coração de Rainha [livro 1]Where stories live. Discover now