Coração de Rainha [livro 1]

Nasce a rainha

Este capítulo não tem tretas, mas vai introduzir um dos principais conflitos do segundo livro da série, "O Mestre dos Disfarces". Por isso, atenção!

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O Diário Azzurrino acordou com uma capa e edição especial de 25 páginas com o título "Nasce a rainha do povo" e a foto do rei León IV e sua eleita, Srta. Carmen Calieri, sorrindo em verde no meio do Salão Redondo.

A edição especial continha todas as fotos do baile beneficente, que na verdade era uma "passagem de tocha", já que de acordo com a matéria principal, a antiga coordenadora das caridades siracusinas ligadas aos direitos da mulher, Gisella Houghton, entregou o comando para Carmen – que assumiria tudo como parte de suas atribuições como futura rainha de Azzurro. Além do baile, o jornal se debruçou nas origens da noiva de Aragón, como a primeira rainha vinda de Santa Cecília em mais de cem anos, e a primeira rainha negra de Azzurro desde o século XV, quando os Axum ainda estavam no poder. A edição foi esgotada no mesmo dia.

O Notícias do Amanhã escreveu: "Cinderela Moderna", destacando a origem plebeia da futura rainha, bem como o fato de Carmen ser de Santa Cecília, e os assinantes ainda receberam um álbum de fotos exclusivo com todos os momentos em que o rei e a noiva estiveram juntos, desde a turnê pelo país com Max. Como se tratava de um jornal com perfil mais conservador, também foram publicadas análises de articulistas que discutiam a relevância de uma rainha de origem plebeia, se a nova duquesa de Aragón poderia afetar de alguma forma a imagem que Azzurro tinha fora dos limites do país; e se os filhos do casal seriam os herdeiros do trono.

- Mas que... Babaquice, por Dios! – Fernando comentou, enfadado, diante do clipping mostrado por Truman Piazza na manhã seguinte à sua festa de noivado.

O assessor de comunicação estava muito feliz com a repercussão em geral, a animação, o sentimento de esperança e a possibilidade de a aprovação da monarquia chegar a níveis altíssimos através do casamento de León IV com Carmen. Mas ele sabia, ao mesmo tempo, que haveria questionamentos de alguns setores da aristocracia com a origem plebeia da noiva, bem como o fato dela ser negra.

- Os nossos futuros filhos entrarão para a linha sucessória, que gente tacanha!

- Foi um questionamento do Notícias de Azzurro também...

- Que está com dor-de-cotovelo porque a nova rainha não será de Siracusa. Bando de idiotas!

- Mas o artigo do duque de Siracusa foi brilhante. Ele defendeu a escolha e teceu loas à Srta. Calieri.

Fernando apenas observou Truman e coçou o rosto, envolto por uma barba do dia seguinte.

Olhou a capa do jornal siracusino, que mostrava uma foto familiar com Fernando, Carmen, Max, os Calieri, a Rainha-Mãe e Bruno, com o título "A nova família real azzurrina", também em tom laudatório, celebrando a escolha do rei por uma nova esposa, a escolha "centrada, mesmo que surpreendente" pela tutora de Max, "uma jovem senhorita brilhante em seus próprios termos"; mas com os mesmos "questionamentos" de articulistas que discutiam se uma rainha "plebeia, filha de dois boleiros de Floresta Azul, um dos bairros mais pobres da capital", seria uma representante "digna" de Azzurro internacionalmente.

Ao mesmo tempo, o artigo de Rafael Fontini, duque de Siracusa, parecia dizer a quem duvidava, que Carmen Calieri seria a rainha ideal de que o país precisava.

- "Inteligente, compassiva, empática, politicamente sábia; não será apenas uma monarca de belas tiaras e vestidos de grife – muito provavelmente Christine Assante – como também será uma rainha de ideias. Uma intelectual em par com seu futuro marido, Srta. Calieri também é uma ávida conhecedora da história de seu país, e sabe que sua posição na história é única. Teremos paz, prosperidade e um olhar realmente humano para o azzurrino, porque a rainha representa de fato a força, resiliência, capacidade e sabedoria de nosso povo." Devo admitir que Fontini é um bom escritor. – olhou para Piazza, ainda em pé, aguardando por mais informações. – Mas não diga que falei isso a ninguém.