A professora do príncipe

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Este capítulo é particularmente ENORME e cheio de informações - vocês vão passar raiva com alguns, gostar de outros, e conhecer as "Solteironas da Floresta Azul"...

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A educação em Azzurro era responsabilidade do governo, e cada ilha era apta a definir como seria o formato das aulas e avaliações dos seus alunos.

O formato em Axum e Siracusa era bastante parecido: os alunos iniciavam a vida escolar aos seis anos, através da alfabetização, e apenas terminavam o ensino básico aos 17, quando faziam as provas de admissão para as principais universidades de cada ilha. A diferença entre as duas era a questão das aulas de segunda e terceira línguas: enquanto em Axum as aulas de italiano, espanhol, inglês e amárico eram obrigatórias, fazendo com que os estudantes permanecessem na escola em tempo integral; em Siracusa era obrigatório aprender espanhol e italiano – inglês e amárico entravam na categoria de "língua extra"; e Port Elizabeth era a cidade com menos falantes de amárico em toda Azzurro.

Já em Aragón, os alunos começavam a estudar aos dois anos, e o foco sempre era em espanhol e italiano; inglês como a língua comum, ensinada nos cursos de "segunda língua" a partir do primeiro ano fundamental; e amárico entrando nos cursos de "segunda língua" a partir do oitavo ano fundamental. A carga horária para os alunos das escolas públicas era toda pela manhã; já os alunos de escolas particulares tradicionais tinham seus horários de aula de acordo com a característica de cada instituição de ensino.

No caso da escola onde Carmen Calieri lecionava, as aulas eram todas no horário da manhã, mas sempre terminando 13h30. A rotina era puxada – história era uma das disciplinas com maior grau de exigência, e não raro ela tinha aulas geminadas para turmas de primeiro e segundo anos do ensino médio, feitas de forma preparatória para os processos seletivos.

Quanto maior a aprovação, dizia-se, maior a quantidade de novos alunos no ano letivo seguinte.

Mas naquela manhã, durante o intervalo, não era esse o pensamento que turvava a mente de Carmen, enquanto ela comia uma maçã e tentava ler um livro, sem a menor concentração – em especial com a presença de sua amiga na sala dos professores.

- Você tá desse jeito por causa do rei, né?

Francesca Grimaldi, professora de biologia, apareceu na sala comum dos docentes com a bolsa de trabalho e carregando um notebook.

- Como você sabe disso?

- Porque tá na cara, desde que eu fui lá em sua casa pra ver o salseiro. Todo mundo comentou sobre a Guarda Real, mas depois falaram que era pra buscar o príncipe que tava brincando com Lena. E eu, oi? Nunca ouvi falar de vocês com amizade com o rei!

Francesca morava a duas ruas dos Calieri, e logo foi à residência da amiga para ajudar no que pudesse. A loja de Giorgio e Alma estava uma bagunça: bolos revirados, mesas quebradas e prejuízo patente. O olhar do casal era de desolação, mas Francesca arregaçou as mangas e foi ajudar os amigos.

No entanto, Carmen havia comentado com Francesca sobre o encontro quase explosivo com o rei de Azzurro e como ela o havia desafiado, como se ele não fosse justamente o homem mais poderoso do país, com poder suficiente para destruir sua vida.

E aquela tensão – de ser demitida, em ver sua família sendo presa, separada de sua irmã – começou a pesar.

- Eu fui inconsequente, Frances... E você sabe que eu não sou assim!

- Sei bem, amiga, de todas nós você é a mais pé no chão e séria, apesar de ser um pouquinho idealista. – conseguiu tirar de Carmen um sorriso tímido. – Mas... Se você explodiu com o rei, é porque ele... Enfim, por tudo que você falou pra mim... Ele merecia. Só que é o rei, né?

Coração de Rainha [livro 1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora