Bandeira branca

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Este é um capítulo que tem tudo que vocês gostam... Exceto treta (vá lá, tem uma discussãozinha).

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Aragón observou Max dormir profundamente após a longa tarde na praia.

O menino repousava com um sorriso no rosto e os cabelos loiros meio bagunçados, além do rosto meio avermelhado por causa do sol. Não parecia o príncipe-herdeiro, o futuro rei de Azzurro, e sim um garoto de 12 anos num final de semana com a família.

Deveria ser assim: quando ele decidiu se casar com Isabella, imaginou que ela seria a esposa ideal para criar e educar o filho do rei. O herdeiro. Era aristocrata de Siracusa, tinha boas conexões, a família era de sangue azul, conhecia os meandros da realeza. Bonita, elegante e tinha uma conversa agradável. Não havia amor envolvido, apenas o sentimento de dever, de legar o reino o herdeiro.

Mas Isabella queria mais: ela queria a atenção de Aragón, queria ser adorada por ele, além de apenas aproveitar o bônus de ser rainha. Os termos do casamento não envolviam amor, e sim responsabilidades; e nem no próprio filho ela havia pensado.

Um menino que ele jamais conseguiria amar como Max gostaria, porque ele sabia a verdade apenas olhando nos olhos do príncipe. "Essa criança merecia uma família melhor do que os León, mas será amado pela nação. É isso que interessa", concluiu o rei, que saiu do quarto sem fazer barulho, cruzando com a professora de Max com as pantufas "horrendas" e a caneca do Batman, caminhando na direção do quarto onde estava hospedada.

Carmen estava sem sono, mesmo com o dia agitado na praia e o passeio em Vermiglio, então buscou café na cozinha do palácio de verão, indiscutivelmente menor do que o Palácio Real em Santa Cecília.

Seria mais uma noite de recolhimento se ela não tivesse percebido que Aragón saíra do quarto de Max, com um ar pensativo. Era raro ver o rei demonstrando algum sentimento em sua expressão sempre distante, mas preferiu não falar nada que estragasse aquela revelação, então disse apenas:

- Boa noite, Majestade.

- Boa noite, Srta. Calieri. – ele respondeu, sem uma gota de ironia na voz. – O que faria no meu lugar?

A jovem se virou, curiosa com a pergunta.

- Não entendi. O que eu faria no seu lugar considerando que situação?

- Massimiliano. O fato de que eu não sou pai dele.

Carmen respirou fundo e bebeu um gole do café.

- Primeiro, o senhor é o pai dele. Não importa se de sangue ou não. Max o considera assim, e ele deseja que esse sentimento seja recíproco, como ele percebeu hoje à tarde na praia. Ele estava tão feliz, os olhos brilhavam! A única coisa que importa a Max é ser visto como seu filho, e não o herdeiro de tudo.

- É um pouco difícil eu tentar vê-lo como filho quando ele pode ser fruto de uma traição.

- A criança por algum acaso tem culpa se a sua esposa te traiu?

- Não. – Aragón admitiu, visivelmente cansado.

- E segundo ponto, por que o senhor nunca fez um exame de DNA para provar essas suspeitas? Não diga que é porque confiava na palavra da sua esposa, mas sinceramente, se você não confiava o suficiente nela para pedir o divórcio, por que confiar na palavra dela depois?

- Isabella me disse em seu leito de morte.

- Ah, a velha culpa cristã... Surpresa: nem todo mundo sente isso. Tem gente que é cruel, ruim, e morre sendo cruel. Além do mais, se você tinha dúvidas sobre a paternidade, por que não fazer um exame de DNA? Por Santa Cecília, seria rápido! Você é o rei disso tudo!

Coração de Rainha [livro 1]Where stories live. Discover now