'Alguma Coisa Não É Qualquer Coisa.'

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Capítulo 39

Pov Autora

Ao chegarem na casa de Zulema as duas amigas não hesitaram em abrir uma garrafa de vinho para comemorarem o que haviam feito. Vargas já estava mais calma apesar de continuar preocupada com o que poderia acontecer com sua amiga se o Antônio resolvesse abrir a boca sobre o ocorrido...

Elas sentavam agora nas cadeiras dispostas na varanda da mais velha e Zulema já acendia seu primeiro cigarro da noite baforando a fumaça a favor do vento...

Depois de um tempo a mesma recebe uma ligação de Cepo que, como haviam combinado, faria tal chamada para confirmar a finalização do plano.

Pov Zulema

- Professora, você tem filhos? - é assim que o homem inicia nossa conversa, o que eu logo acho estranho mas sigo o fluxo.

- Não, Cepo. Por que?

- Fiz uma coisa que vai impedir aquele rapaz de participar dos treinos de boxe e até do campeonato... Mas não se preocupe, ele não vai precisar ficar hospitalizado por muito tempo. - ao escutar tal coisa me viro para Saray colocando o celular no viva voz para que ela ouvisse o que ele continuaria a dizer.

- O que se passou, Cepo? Desembucha logo, homem!

- Acho que ele só ficou um tanto irreconhecível depois de levar alguns socos e pontapés. - agora a cigana levava a mão à boca claramente preocupada e eu não sabia o que pensar, mas o deixei continuar a falar.

- Professora, ainda faço parte da banda ou serei expulso?

- Você faz parte da banda, Cepo! Mas como ousou sair fora do plano que te repassei? E agora? O que faremos se aquele otário resolver abrir o bico? As consequências vão vir pra cima de mim e não de você! - não me controlo e grito com o homem ali mesmo - A não ser que ele tenha te reconhecido... - mas então sou interrompida:

- Não, senhora. Estive com o capuz e a máscara a todo momento... E o deixei desacordado no estacionamento. Mas estive de olho em cima de uma árvore para ver se ele acordaria rápido. Depois de uns vinte minutos o rapaz se levantou cambaleando um pouco e seguiu para o portão principal saindo da escola.

- Menos mal... Não terá problemas. Mas e eu?

- Se as coisas ficarem ruins para você, me responsabilizo. Mas quero que saiba que não tive como me controlar... Se fosse o seu filho chegando em casa todo santo dia com hematomas por todo o corpo... - agora o homem do outro lado da linha começa a chorar. Joder... - O que faria? Ele chegou a querer tirar a própria vida depois de nenhuma justiça ter sido feita! A única saída foi transferí-lo desse inferno. E o Antônio? Continuou muito bem obrigado sendo amparado pelo pai rico e empresário com dinheiro suficiente para bancar as atrocidades desse babaca!

Definitivamente não havia como tirar a razão de Cepo, que poderia se satisfazer sabendo que o garoto não cometeria mais nada contra os demais alunos da escola, mas que por descontrole acabou resolvendo se vingar em nome do próprio filho. Não deve ter sido fácil... De fato. Agora Saray já estava na quinta taça de vinho entornando todo o álcool para dentro e eu já queria a muito desligar a chamada para fazer o mesmo. E foi o que fiz não sem antes tranquilizá-lo:

- Cepo. Vamos aguardar... Veremos como serão os próximos dias... Quais os efeitos do que você fez... Mas saiba que faz parte da banda e que se vier a participar de um novo plano terá de segui-lo do jeito que eu lhe explicar. - com isso ele não responde rapidamente, soluçando ainda aos prantos mas entre um soluço e outro sua resposta chega no celular que estava em cima da minha mesa:

- Sim, senhora! Você que manda, Zahir. Pode contar comigo.

Depois de desligarmos Vargas comenta:

O que nasce do ódio? Where stories live. Discover now