Epílogo

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O Executor seguia Hela um pouco mais atrás, um temor que não passava dominando seu peito. A deusa não era nada misteriosa sobre seus planos, mas mesmo assim ele temia pelos próximos passos da mulher. Ele não sabia o que ela buscava no cofre de tesouros do castelo, e a cada arma que Hela dizia ser inútil – ele tinha bastante certeza que mesmo assim elas continuavam mortais –, ele se encolhia um pouco, se colocando ainda mais atrás a ela.

Até eles passarem pelo que devia ser uma arma única.

- Ora, ora... O que temos aqui? – suspirou Hela, se ajoelhando em frente à arma, um riso divertido e curioso em sua voz. Duas correntes presas aos pulsos garantiam que a pessoa não sairia daquela posição, os braços esticados em uma posição que não deveria ser nada confortável, a cabeça inclinada para frente aumentando a imagem de redenção da cena, os longos cabelos mais escuros nas pontas e perdendo a cor ao longo dos fios esparramados em frente ao corpo, se misturando com o tecido branco com as pontas imundas da capa que cobria seu corpo pelo chão.

Não dava para chutar quanto tempo a criatura estava ali, mas era claro que fazia uns bons anos.

Hela, sem se conter – seus soldados não iriam a lugar nenhum, não fazia mal checar o motivo daquela criatura estar ali, nem o que ela era capaz de fazer –, esticou uma mão em direção aos fios desgrenhados, afastando parte da cortina cinza, apenas para ofegar em seguida. A criatura não estava desacordada, como ela esperava. Não apenas ela estava consciente, como seus olhos azuis incandescentes brilhavam sem poupar energia. A deusa por um momento chegou à conclusão errônea de que os olhos estavam desfocados, até ela perceber que a atenção deles era algo que estava do outro lado do corredor de tesouros, algo que particularmente brilhava no mesmo tom de azul celeste.

Tendo agora mais dois observadores, o Tesseract chegou a brilhar com mais empenho.

- Bem, isso pode ser interessante... – comentou Hela, amontoando os fios que afastara atrás da orelha da criatura, rindo surpresa e divertida quando seus olhos brilhantes se moveram em sua direção, silenciosamente questionando a visitante e suas motivações para estar ali – Quem é a garota?

- É u-uma das atrizes reais – contou o Executor, ganhando a atenção das duas mulheres – Loki alguma vez se referiu a ela como prisioneira.

- Não, ela não é uma prisioneira... É uma aquisição – Hela retrucou baixo, seus dedos gélidos passeando pela pele igualmente fria da criatura, que não pareceu se abalar pelo tom falsamente carinhoso da deusa – Qual seu nome, criança?

A criatura respirou mais fundo, juntando mais ar para uma atividade que não realizava a algum tempo, a língua passando seus lábios secos e rachados para não comprometer os sons.

- Eir, Aleksandra, Lauren, Corvo, Ás, Dominik... – ela passou a proferir uma lista, a deusa e seu ajudante ficando mais intrigados a cada nome, até ela fazer uma pausa que eles interpretaram como fim da lista, apenas para ela acrescentar um nome final.

Hela não tinha conhecimentos anteriores para temer aquele nome, mas o Executor, como um bom ouvinte das aventuras do então príncipe herdeiro, agora sabia muito bem quem ela era.

- Avril.

FIM.

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HELLO HELLO, I'M NOT WHERE I'M SUPPOSED TO BE
EU SINTO MUITO MUITO MESMO.
NÓS VEMOS EM THE REAL SIDE III: DAMAGED

The Real Side II: Dark TimesWhere stories live. Discover now