Capítulo 11

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TRÊS MESES DEPOIS

Para alguém com audição sobre-humana, toques para notificações são bastante descartáveis.

Como a maioria das pessoas da sua idade, Avril dificilmente ficava mais de uma mão de distância de seu celular, e, mesmo que estivesse longe, não era difícil para ela reconhecer a sequência específica de vibração do aparelho. Cada tipo de notificação tinha uma combinação única, o que já adiantava à mulher a velocidade que ela teria para buscar o aparelho – ou simplesmente fingir que não ouvira.

As notificações que Avril recebia eram das mais variáveis. A maior parte apenas fazia com que ela respirasse fundo e tentasse não revirar os olhos, mas uma ou outra fazia sua respiração travar momentaneamente na garganta.

Aquele dia já começara com uma dessas.

- Você pode falar agora? – Bucky Barnes perguntou do outro lado da linha, completamente alheio a todo processo da mulher de rapidamente checar seus arredores antes de se jogar na cama ainda não arrumada para alcançar o aparelho o mais rápido possível. Avril, por sua vez, bufou e assoprou a mecha de cabelo que atrapalhava sua visão.

- Se não pudesse, não teria atendido, gênio.

- Adorável, como sempre... – a risada de Barnes soou longe, e ele também respirou fundo. Incerteza. O soldado estava se movimentando, mas não estava em um local aberto, claro. Não havia muito sons da cidade que ela pudesse captar, mas também não se tratava de um ambiente rural e afastado. Era um local alto, apenas. Um prédio. Não em uma metrópole, mas definitivamente uma área urbana – Lembra quando eu te mandei uma mensagem dizendo que sua mãe estava viva e você disse que não estava, e ficamos nessa discussão até você resolver dizer que ela tinha te feito uma visitinha e já tinha morrido, dessa vez para valer?

- Lembro vagamente, mas não recuso caso queira reencena-la, rir um pouco mais com isso não me faria mal nenhum – respondeu ela, o riso claro em sua voz. Aquele fora o único dia que Avril realmente não gostou de não poder comentar com ninguém de seu contato com Barnes, tinha sido uma troca memorável de mensagens, ela quase pudera sentir o desespero do soldado em suas palavras. E também tinha certeza que Barnes planejava um bom soco em seu rosto pela brincadeira inapropriada.

- Às vezes me pergunto por que ainda te aturo...

- Você não me ligou para relembrar os bons tempos, você só liga quando é importante, emergência – lembrou Avril, se colocando de pé. O perímetro podia estar seguro, mas ela ainda tinha horários para cumprir, e, se não terminasse de se ajeitar logo, alguém apareceria para repreendê-la. Sua sorte era que o uniforme já estava devidamente ajeitado em seu corpo. Teria sido um desafio colocar o tecido consideravelmente resistente com o celular na orelha, para dizer o mínimo – O que foi?

- Lembra que você disse que ela não disse onde estava escondida esse tempo todo?

- Você encontrou o esconderijo dela?

- Você não encontrou?

Avril soltou sua bota no chão, gesticulando dramaticamente como se seu interlocutor pudesse a ver.

- Claro que encontrei, estou surpresa por você ter encontrado.

- Então onde é?

- Diz você primeiro para eu ter certeza que você achou – a risada quase descrente de Barnes preencheu a linha, e Avril se deu por vencida, acompanhando o homem – Tenho andado ocupada, tá? Encontrar o esconderijo dela não é prioridade, e ultimamente eu não tenho tendo tempo nem para as prioridades.

The Real Side II: Dark TimesWhere stories live. Discover now