Capítulo 3

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- Não... Como poderiam ser dignos? Vocês são todos assassinos.

Quase que em sincronia, todos foram se colocando de pé, encarando o que parecia ser uma das armaduras da Legião de Ferro em estado precário, que mal conseguia ficar em pé sem cambalear para os lados. Steve foi o primeiro a se pronunciar, pedindo que Tony desse alguma explicação, ele por sua vez passando a pergunta para J.A.R.V.I.S., que se manteve em silêncio, apenas para deixar o engenheiro ainda mais intrigado.

- Desculpe, eu estava dormindo – contou a máquina, sua própria voz soando estranha aos ouvidos de todos, além do conteúdo de suas palavras. Ele soava genuinamente confuso – Ou eu estava sonhando acordado?

- Reinicie o sistema, tem um traje com problema – Tony proferiu a ordem mesmo sem obter alguma resposta de sua inteligência artificial, tocando no botão da tela vezes seguidas como se fosse resolver assim o problema. Quando percebeu que não adiantaria em nada, o homem olhou discretamente para filha, sinalizando com a cabeça em seguida a direção para seu laboratório. Não era muito indicado no momento fazerem movimentos bruscos, mas, se fosse necessário, Avril com certeza conseguiria chegar antes de todos e saberia o que fazer.

- E tinha esse barulho horrível e eu estava preso por... cordões – a armadura parecia estar revivendo o momento, se estendendo em uma pausa longa enquanto parecia tentar recuperar o fio do pensamento – Tive que matar o outro cara. Ele era um cara legal.

- Você matou alguém? – questionou Steve, notando a sutil mudança na postura de todos, que agora estavam ainda mais atentos para os passos que precisariam tomar diante de um ataque, algo difícil de se desconsiderar agora que o intruso anunciava um assassinato no prédio. Avril era a mais próxima a ele, mas não conseguiria garantir a segurança momentânea da mulher mesmo chutando a mesa para cima, já que ela estava entre os dois móveis localizados no meio da pequena sala. Sem contar que provavelmente o foco da ex-espiã era outro, já que à sua direita estava uma cientista sem o menor preparo para aquele tipo de situações, e, se o que quer que fosse aquele sistema tivesse tomado controle sob tudo o que tinha na Torre, precisava garantir sua segurança. Thor, Natasha, e Clint estavam tendo pensamentos parecidos, já que discretamente começavam formar uma barreira à frente de Helen, discutindo em silêncio as melhores rotas de fuga.

Dependendo do nível que a situação virasse, por mais bem treinados que fossem, a parte apenas humana dos presentes também teriam que buscar abrigo.

- Não teria sido minha primeira escolha, mas, no mundo real, as escolhas são cruéis.

- Quem te enviou?

A resposta para a pergunta do asgardiano não veio por aquela voz naturalmente robotizada, mas por uma humana com aqueles mesmos traços por se tratar de uma gravação. Aos poucos, eles foram se virando para Tony.

"Eu vejo uma armadura em volta do mundo".

- Ultron – soltou Bruce depois de um tempo, como se de repente entendesse a situação, mesmo não fazendo assim muito sentido. Aquele trecho da conversa acontecera dias atrás, enquanto discutiam o projeto que parecia tão inalcançável, não dava para entender como poderia estar sendo ameaçados agora por tal criação.

- Em carne e osso. Bem, não ainda – brincou a armadura, gesticulando para o próprio corpo de metal – Não nessa crisálida. Mas estou pronto. Estou em missão.

- Que missão?

- Paz para nosso tempo.

Outras armaduras da Legião de Ferro invadiram a sala, atravessando as paredes e voando diretamente para o grupo, que teve que se proteger como pode. Steve chutou a mesa de centro para tentar criar um obstáculo, mas resultou tanto nele como Avril voando alguns metros para trás de qualquer forma. Ambos estavam desarmados, então tiveram que improvisar da maneira que podia. O escudo de Steve estava no andar, só que longe demais. Clint parecia estar tentando ir atrás da peça, Natasha tentando lhe dar cobertura com a arma que pegara debaixo do balcão do bar, onde Bruce estava abrigado. Avril em algum momento aproveitara de seu salto fino e resistente para fincá-lo no peito de uma das armaduras, danificando o reator permanentemente. Quando outra máquina tentou lhe acertar pelas costas, tudo que ela pode fazer foi se jogar no chão, torcendo para que a armadura que destruíra caísse sobre a outra, sua melhor chance de ganhar tempo, arrancar o outro sapato com salto intacto, e atingir as fiações do pescoço da armadura, depois abaixar novamente para evitar o gancho que a máquina tentara lhe aplicar.

The Real Side II: Dark TimesWhere stories live. Discover now