— Considere feito, saberá de tudo que precisar saber.

— Quero saber de tudo, incluindo o que não preciso também. Tudo, no final, é necessário.

Na vida existiam poucas coisas que não se dava para tirar proveito, para que Lorenzo fosse queimado tudo contava, era um castigo, um exemplo. Durante muito tempo aquilo não acontecia mais, mas sempre quando trocava o Capo um membro se levantava por se achar superior.

O Bertinelli precisou se adaptar na marra, não teve para ficar pensando, apertando mãos por aí atrás de aliados. Era ele contra a sua própria equipe.

— Sim, senhor.

— Quero saber diariamente. – Não tinha tempo para esperar por semana ou por mês. — Agora vá.

Giuseppe tão logo chegou já estava de saída, Ettore teve tempo apenas de respirar, pois logo escutou uma leve batida na porta e em seguida Fabrizio entrou.

— Acho que precisamos conversar, Ettore.

— Se veio para duvidar de mim pode dar meia volta e sair no mesmo pé que entrou.

— Não. — Fabrizio se sentou depois do sinal de Ettore. — A dúvida que joguei em você na verdade está em mim.

— Vá direto ao ponto, sem essas enrolações.

— Eu conheci uma mulher e algo aqui dentro está diferente. — Fabrizio colocou a mão no peito ao lado esquerdo, sob o coração.

Ettore cruzou os dedos em cima da mesa, negando com a cabeça. Tinha um sorriso incrédulo em seus lábios, não dava para acreditar no que estava ouvindo.

— Todos merecem uma segunda chance. — Ele continuou quando notou que Ettore não iria falar nada.

— Fabrizio, meu amigo. — Ettore suspirou, inconformado com o que tinha acabado de ouvir. – Nosso mundo não nos permite dar uma segunda chance. Um erro e uma cobra é criada... E eu não sei se sabe, mas o veneno sempre é letal.

— Tire todo o seu prestígio. — Fabrizio insistiu. — Acabe com ele em particular. Não quero mais sangue em minhas mãos. Não sei como você consegue ser desse jeito. Eu quero um casamento, filhos... Quero segurar o neném com as mãos limpas.

— Esse seu pensamento faz de você digno, mas também te faz ser alguém morto. Não existem mãos limpas no nosso mundo.

— Você vai ter um filho.

— Uma filha, Fabrizio. É uma menina. — Ettore o corrigiu.

— Uma menina vai vir ao mundo e terá um pai que não a merece.

— Um pai capaz de tudo para que ela cresça bem e segura.

Fabrizio deu uma risada estranha.

— Pensar dessa forma não te faz alguém melhor.

— Eu já perdi tudo uma vez. — Ettore confessou, seu amigo estava lá o tempo todo, mas ele não sabia daquela parte. — Não quero que esse erro se repita.

— Impossível. Um Bertinelli nunca perde.

Era fácil julgar quando estava do lado de fora, quando não vivia na pele. Quando não viu seu próprio pai matar aquele que mais amou na vida, levando junto o pequeno fruto desse amor.

Ettore viu o brilho nos olhos de Aurora se apagar, ouviu seu último suspiro. Mas ninguém além dele sabia o quanto era doloroso.

— Honestamente, Fabrizio, se veio até aqui pedir permissão para sair, minha resposta é não. Você não está livre de nossas regras só pelo cargo que ocupa e muito menos porque está se sentindo culpado pela futura morte de um traidor. — Ettore tentou não se alterar, mas foi difícil, uma guerra estava acontecendo e seu consigliere não estava focado em ganhar e sim em se casar. — Não me obrigue a tomar uma decisão que eu não quero tomar, mas que não pensarei duas vezes em tomá-la.

Ele foi criado para aquilo, para ter emoções mas também para que não fosse dominado por elas. Era difícil, mas depois de anos era só mais uma coisa que tinha que ser feita.

Com o coração feito de ouro ele podia contar as poucas coisas que ainda sentia, a única que o faria voltar atrás era a sua esposa e com as milhas que o distanciavam era mais fácil ter domínio sobre as suas ações e responsabilidades dentro daquela família.

— Para você é tudo tão simples assim?

— Eu não criei as regras, eu só as respeito e cuido para que elas sejam seguidas. – Ele respondeu. — Mas, sim, é simples. Antes ele do que eu. Parei de questionar quando notei que fazendo perguntas, nem sempre teria as respostas que eu queria. Aconselho-te a fazer o mesmo antes que isso seja um problema.

— Amar é um problema?

— Não seguir as regras, sim.

Não estavam ali para amar, estavam para dominar e colocar ordem.

Amar podia até fazer parte, mas não se resumia aquilo e muito menos a ceder ao altruísmo que o amor despertava, buscando o melhor do mundo e fazendo aquela mudança começar em si.

Fazer parte de uma organização criminosa e ainda assim amar, casar e querer ter filhos era como ter uma bomba nas mãos que a qualquer momento poderia explodir e levá-lo consigo.

Ettore que um dia já esteve com uma bomba nas mãos viu ela explodir e lutava com seus estragos até hoje, mas em suas mãos estava uma nova bomba e não importava o que ele fazia, ela estava ali. Como uma promessa, dando vida a antigos fantasmas.

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Olaaaa, menineees!!! ❤❤❤ Tudo bom?

Um beijo e até a próxima. 😙❤

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin