Isabel
Cheguei a casa de Botafogo com o coração apertado. Margot, se tornou uma boa amiga e sua perda me deixou muito triste. Subi direto para o quarto, queria tirar aquela roupa, tomar um banho e dormir. Logo cedo voltaria para a fazenda. Pedi a uma das empregadas para preparar meu banho enquanto descansava um pouco no sofá que ficava no meu quarto. Fechei os olhos e respirei fundo. Lutei muito contra a vontade de entrar no bordel e consolar Carmen pela sua perda.
– Me solte! - Escutei alguém gritando e por um momento voltei a fechar os olhos achando que era na rua o barulho.
– Já disse para me soltar! Não saio daqui sem falar com ISABEL! - Levantei assustada.
A gritaria era na minha casa. Desci as escadas correndo e a algazarra ainda não tinha parado.
– Chame a Baronesa, agora! - Reconheci a voz. Era Amanda.
Quando coloquei os pés no fim da escada a menina parou imediatamente de gritar.
– Amanda... O que está acontecendo aqui? - Ela olhou com raiva para um dos empregados que impedia sua passagem.
– Esses idiotas, não queriam me deixar entrar! - Falou com raiva. Respirei fundo.
– Por favor, peço para que não insulte meus empregados. - Ela se aproximou devagar.
– Baronesa, a menina entrou sem permissão na propriedade... - Cocei a cabeça incomodada.
– Desde quando preciso de permissão para entrar em tua casa, Isabel?! - Disse irritada.
– Desde o momento que não foi convidada, Amanda... - Ela me olhou surpresa. - Não acha que está um pouco tarde para uma moça andar sozinha na rua?
– Eu precisava vir até aqui e escutar da tua boca... - Seus grandes olhos azuis lacrimejaram. - Vai mesmo se casar?
Bufei irritada.
– Sim! - Disse direta.
Ela chorou e depois ficou vermelha de raiva.
– Como pode, Isabel?! Eu estava aqui o tempo todo! Fiz de tudo para que me escolhesse como tua esposa! Eu te amo! - Falou se aproximando mais. - Passei por cima até das tuas escapadas com aquela PUTA!
– CALE A BOCA, AMANDA! - Disse alto. A menina se encolheu e voltou a chorar. Bufei irritada, mas fiquei com pena de vê-la naquele estado. – Me desculpe por gritar... – Ela não me encarava. – Venha... sente-se aqui. – Peguei sua mão e a levei até o sofá. Amanda ainda chorava muito e somente me agradeceu com olhar.
– Não queria incomodá-la. – Disse entre os soluços.
– Tente se acalmar, aceita um chá? – Ela concordou. – Rute! – Chamei a empregada que logo apareceu na sala.
– O que deseja, Baronesa? – Disse curiosa encarando Amanda.
– Faça um chá de camomila para a senhorita, por favor.
– Claro, senhora. – Falou e saiu em seguida.
Amanda ainda não me encarava, apenas tentava limpar as grossas lágrimas com a mão.
Peguei um lenço que guardava no bolso e a entreguei.
– Obrigada. – Ela aceitou e voltar a enxugar os olhos. – Me perdoe por entrar assim na tua casa, Isabel. – disse um pouco mais calma.
– Olha vamos esquecer isso, está bem! – Peguei em sua mão tentando acalmá-la.
Ela olhou para nossas mãos juntas e voltou a chorar.
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A Cortesã e a Baronesa - Livro I
RomanceO Bordel de Madame Margot sempre foi um dos lugares mais cheios nas noites do Rio de Janeiro. Na sua maioria absoluta, os homens que frequentavam o local eram ricos e de família nobre. Até a visita ilustre da Grande Baronesa de Vassouras. Admirada p...