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ISABEL

Saí da casa de Madame Margot quase meio dia. A cidade já estava a todo vapor, as carruagens de um lado para o outro levando pessoas importantes aos seus encontros e obrigações. Levantei uma alça do meu suspensório e ajeitei minha blusa branca, já toda amassada. Do outro lado da rua estava minha carruagem, meu cocheiro sempre fiel, ao lado dela. Me avistou parada e ajeitou a postura, abrindo a porta para mim assim que cheguei a sua frente.

– Obrigada, João. – Agradeci ao homem idoso que por todo uma vida trabalhou para o meu pai, me viu nascer e crescer.

– Bom dia, Baronesa Isabel. – Ele sorriu e fechou a porta.

Seguimos por alguns minutos até minha casa em Botafogo e como sempre fui olhando admirada a cidade do Rio de Janeiro. Cresci na fazenda e passei a maior parte da vida por lá, apesar de sempre acompanhar meu pai até a capital. Cada detalhe da cidade grande me encantava até hoje. Porém, vontade de morar ali, confesso que nunca tive. Sou uma mulher de espírito livre, e o único lugar me faz sentir essa liberdade é no meio da natureza.

Ficar duas semanas na capital, era uma coisa difícil de acontecer, mas alguns negócios pendentes na cidade me fizeram prolongar minha estadia e confesso que depois que conheci Carmen, estar aqui passou a ser mais prazeroso.

A carruagem entrou pelos portões da minha propriedade, que, modéstia à parte é de um ótimo gosto. Muito arborizada, coisas do meu velho pai, que assim como eu amava a natureza.

Paramos em frente a entrada da casa e subi as escadas correndo, tinha um encontro com um banqueiro importante e já estava mais do que atrasada.

– Isabel! – Escutei a voz da governanta e parei assustada com sua presença ali.

– Lucília! O que faz aqui?

– Achou mesmo que deixaria a senhorita sem cuidados por duas semanas?! – Apesar de surpresa, sorri com o seu cuidado.

– Não precisava ter vindo da fazenda até aqui... Temos os empregados da casa que podem fazer todo o trabalho necessário enquanto estou aqui na capital... – Eu gostava desse cuidado que ela tinha comigo, porém sei que vai me trazer algumas dores de cabeça.

– Não será nenhum sacrifício para mim, já cuido de você desde que era um bebê. – Disse sorrindo. - Me desculpe se vim sem seu consentimento, Isabel. - Falou irritada.

– Não diga isso, sabe que é da família. Só realmente não vejo necessidade, mas já que está aqui, aproveite a capital também – Disse sorrindo. – Eu prometo me cuidar, não se preocupe. – Beijei seu rosto. – Agora preciso correr, tenho um compromisso e já estou atrasada! – Subi as escadas correndo e entrei no meu quarto já tirando a roupa. A banheira estava pronta, como se Lucília realmente adivinhasse minha chegada.

Aproveitei meu banho e deixei, por alguns minutos, me levar pelas lembranças da noite passada. Carmen era uma mulher sem igual. Única. Nunca conheci alguém como ela e nunca ninguém mexeu tanto com meus desejos e pensamentos. Ainda podia sentir seus beijos em minha pele e a incrível sensação de estar dentro dela. Suspirei e segundos depois me xinguei por desejar tanto uma mulher que nunca seria minha. Não havia paixão, mas a sensação de posse e desejo me consumiam.

Levantei depressa, e coloquei minha cabeça no lugar.

– Prioridades, Isabel! Prioridades... – E eu sabia que Carmen não era o motivo principal daquela estadia longa na capital.

Arrumei meus cabelos em um coque alto e bem arrumado e vesti um terno elegante, apesar de odiá-los. Esse encontro seria importante, muita coisa dependia disso. Desci em seguida e novamente tomei a carruagem.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IWhere stories live. Discover now