¿Niño o Niña?

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Carmen

Depois daquele dia que visitamos a fazenda as coisas mudaram significativamente. Decide seguir os conselhos de Marta e ouvir meu coração, pelo menos no tempo em que estivesse ali. Eu sairia destruída dessa situação de qualquer maneira, então optei por, pelo menos, ter lembranças boas disso tudo.

Não pensava muito no futuro, era assustador. Eu ainda não sabia o que fazer com essa criança que crescia em mim, mas sentia em meu coração o carinho por ele florescer. Sonhar com nosso futuro fantasioso ao lado de Isabel tornou–se rotina e por vezes me pegava sorrindo sozinha. Quase conseguia visualizar uma vida ali com ela e essa criança correndo pelos corredores, cavalgando com a Baronesa, aprendendo a ser cortês como ela... era doloroso pensar nisso, mas eu sempre fui teimosa e mesmo sabendo da dor que me causava, eu continuava a sonhar acordada.

Isabel parou de dormir na cama de solteiro improvisada e passou a deitar todas as noites comigo, eu já não conseguia dormir sem seu corpo atrás do meu, me sentia segura em seus braços e ela dormia todas as noites abraçada a mim, com a mão espalmada em meu ventre. Sinto que não é só a mim que essa criança vem conquistando, percebo que aos poucos ela está roubando o meu coração e o da Baronesa de Vassouras também.

Os momentos que antes eram só meu e de Isabel, agora também eram do bebê, depois de ter certeza que tinha a minha permissão para interagir, a Baronesa não parou mais, por vezes contava as aventuras do dia enquanto acariciava minha barriga com ternura. Ela o chamava de bebê e aderi o apelido também. Sua preocupação era perceptível, em alguns dias, ao chegar em casa perguntava da criança antes mesmo de me dar um oi.

Eu parei de ignorar sua presença e passei a pensar nele com carinho, mas ainda não conseguia agir assim, a culpa me consumia. Não conseguia falar com ele ou acariciá–lo como Isabel fazia e agradeci muitas vezes por ela estar ali para isso, eu já causei tanta dor a essa criança mesmo antes de seu nascimento, a última coisa que eu quero é que ela se sinta só.

O nosso beijo embaixo da árvore naquele dia, foi um gatilho. Não paramos mais e acho que nós duas sabíamos que seria assim e era maravilhoso. Eu amava o fim da tarde, quando Isabel chegava com um olhar cansado, me beijava com ternura e sentava ao meu lado na varanda para admirar o pôr do sol. Virou uma rotina. Também virou rotina desejar que aquilo nunca mais acabasse.

Depois de alguns dias a Baronesa quis me mostrar o resto das belezas das duas propriedades. Não conseguimos ver tudo em um único dia, era enorme e eu sentia o cansaço em dobro, a gravidez tirou um bocado de energia de mim.

Isabel me levou até um orquidário na antiga fazenda. Um lugar belíssimo e juntas concluímos que não era só lindo, mas também um símbolo do amor de Jorge e Margot. Eu fiquei feliz pela minha grande amiga, era perceptível o amor do Barão por ela em cada pequena pétala de flor daquele lugar e desejei trazê–la aqui um dia. Por mais que preferisse não pensar no futuro, foi inevitável. Saí do orquidário triste e com a sensação de que desejei tanto ser igual a Margot que agora vivia uma história que acabaria exatamente igual à dela. Isabel pensava provavelmente a mesma coisa, eu sei pelo seu silêncio.

Cavalgamos até um campo aberto próximo ali. Uma árvore enorme fazia uma bela sombra no local, mais um dos lugares extraordinários dessa fazenda.

Isabel me ajudou a sentar no chão logo depois de arrumar a toalha para o café. A barriga pequena já pesava um bocado.

– Espero que goste de bolo de Fubá! Eu adoro e pedi para Marta um grande pedaço! – Eu ri de seu jeito animado, amava esses momentos descontraídos. Amava todos os momentos com ela.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IOù les histoires vivent. Découvrez maintenant