Marie

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ISABEL

Cheguei na casa de Madame Margot e tive a incrível surpresa de vê-la cantando. Quando eu achava que não poderia me surpreender mais, lá estava ela me provando que ainda tinha muitas coisas a me mostrar. Eu achei magnífico e que voz maravilhosa, não sei o que aconteceu comigo, mas me permiti sonhar por um momento em ter aquela voz suave no meu ouvido todos os dias. Pensei e logo caí na realidade vendo ela ser aplaudida de pé por todas aquelas pessoas e como ela gostava de toda aquela atenção e do glamour que sua condição lhe permitia. Me xinguei por um momento por sentir algo além de prazer. Bebi o restante do uísque e como ela já estava saindo do palco, resolvi me adiantar e esperá-la no quarto.

Minutos depois Carmen entrou. Divina, naquele vestido. Eu lembrei de uma certa dama parisiense que usava um semelhante àquele. Meu pai me levou a Paris pela primeira vez quando eu tinha quatorze anos. Foi a melhor viagem da minha vida. Voltei a Paris diversas vezes depois e nenhuma delas foi igual aquela primeira. Foi nessa época que notei como era diferente das outras meninas da minha idade. Eu reparei em cada dama de Paris, não só com olhos de admiração, mas com uma fagulha de desejo. A dama que trajava um vestido vermelho parecido com o de Carmen, se chamava Marie, ela era a mulher mais linda que já tinha visto na vida e me encantei desde a primeira vez que a vi.

 Paris, 1861.

Era noite de verão em Paris, as ruas estavam cheias. Meu pai resolveu me levar para um jantar importante e sempre dizia:

Você será a futura Baronesa de Vassouras, Isabel. Precisa aprender seus ofícios e obrigações desde cedo.

Meu pai nunca me diminui por ser mulher, o que muitos faziam. Pelo contrário, ele sempre dizia que eu era mais inteligente que muitos homens de negócio e se alguém nesse mundo merecia seu legado, seria sua única filha. Isso sempre me deu uma motivação a mais para aprender tudo. Ele ria por vezes quando eu, em alguma conversa deixava todos sem argumentos.

Esse jantar não foi diferente, era a única criança do local, mas aos poucos ganhei a admiração de todos e o olhar torto de alguns para o meu pai.

Quando estava perto da madrugada, o senhor Barão de Vassouras pediu para que me levassem para o hotel.

Não quero ir, papai! – Disse emburrada Por que não posso ir com você? Ele se inclinou e me deu um beijo no rosto.

A madrugada não é para crianças, já passei dos limites com a senhorita. Disse rindo. Logo estarei de volta, prometo! Disse me beijando de leve no rosto.

Entrei na carruagem muito contrariada e antes de partir vi uma mulher muito bonita se aproximar do meu pai. Olhei mais fixamente para ver se reconhecia ela do jantar que estávamos, mas ela não estava naquele restaurante com todos.

Quem é essa mulher?

Continuei a encará-la, mas a mesma ainda não tinha me visto na carruagem. O cocheiro começou a andar e escutei sua risada alta. Antes de sumir de vista ela me olhou. Eu fiquei hipnotiza com seus olhos verdes. Não tirei o rosto da janela da carruagem até que eles sumiram de vista. Passei dias com aquele olhar na memória. Tentei por diversas vezes arrancar do meu pai, quem era aquela mulher, mas ele sempre dizia que era uma amiga de longa data.

Amigas não se encontram no meio da madrugada com outros homens... Falei assim que ele tentou me enganar novamente.

Ele bufou. Estava ajeitando sua gravata para sair novamente.

A Cortesã e a Baronesa - Livro IWhere stories live. Discover now