Partida

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Descrição da mídia: Quadro de Madame Margot

Só para avisar que está no fim... <3

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Carmen

Fechei a porta do quarto devagar. Meu coração estava disparado. Eu podia sentir o seu cheiro. Invadiu o cômodo e a mim...

Isabel ainda estava de costas e se virou devagar. A cartola descansava em cima da poltrona. Ela me olhou e avançou sobre mim, acho que meu coração tão triste, sorriu um pouco quando senti seu beijo. Era o que eu queria: sorrir para ela, mas não agora. Nesse momento eu só queria beijar sua boca a noite inteira.

Enlacei meus braços em seu pescoço e puxei seu corpo para mais perto do meu. Talvez a saudade não fosse só minha.

– Isabel... – Sussurrei entre um beijo e outro. Ela gemeu e eu também. Passeou a mão por todo o meu corpo e senti que explodiria de desejo. Eu queria matar aquela falta que ela em fazia. Queria estar em seus braços como quando nos amávamos na fazenda. – Senti tanta saudade...

E foi nesse momento que ela travou. Saiu de perto de mim e me empurrou quase com... asco. Eu olhei-a confusa. Isabel me beijou há pouco e eu senti toda a saudade que ela também estava, mas agora ela me olhava outra vez com o mesmo desprezo que fizera mais cedo e... E eu acho que entendi o que ela estava fazendo ali.

Me beijou novamente e eu retribuí mas sabia, pelo olhar, que não a encontraria naquele beijo, mesmo assim, eu tentei. Procurei por ela em cada toque, mas Isabel não estava ali. Pelo menos, não a minha Isabel. Talvez aquela ali fosse a mulher que conheci a um tempo atrás, talvez fosse a jovem galanteadora que ela me contava ter sido um dia, talvez aquela Isabel não fosse de mais ninguém ou fosse da mulher que estava com ela à tarde. Eu não sei. Mas não tinha mais nada da minha Baronesa ali. E senti, em seus toques, que também já não era sua. Eu passei a viver com a sombra de uma esperança de ainda viver em seu coração, mas não estava mais lá.

– Pare, Isabel... – Pedi quando senti seu toque me machucar.

Ela não me ouviu. Me olhou com nojo e beijou minha boca a força. Tentei me esquivar e, aos poucos, um medo do que ela faria comigo passou a tomar conta de mim. Imediatamente meus olhos marejarem. Eu sentia o desejo dela, mas eu estava assustada demais para sentir qualquer coisa.

Eu arfei quando ela rasgou meu vestido, mas não foi divertido como das outras vezes. Eu me senti exposta, vulnerável e... E ficar nua para ela me causou um calafrio, mas não foi de prazer. Sua boca quente em meu seio me fez engolir seco, mas não com a expectativa de sempre, dessa vez me fez sentir nojo de mim, nojo da mulher que EU era e que sempre fui. Nojo porque eu sabia que ela estava ali para isso. Para me ter naquela noite, se deitar comigo e ir embora assim que estivesse satisfeita. Isabel queria uma cortesã e isso eu já não era mais.

– Pare! – Gritei e empurrei seu corpo, mas ela agarrou minha cintura. Bati em seus ombros e tentei sair. Eu estava sem forças e o que me restou foi chorar. – Isabel, por favor...

Eu desejei tanto tê-la outra vez e agora eu sentia nojo do meu corpo, do que ela estava fazendo comigo. Chorei alto e descontrolada e ela me soltou finalmente. Tentei me cobrir, mas o vestido estava em pedaços. Eu me sentia exposta e estava com medo da única pessoa que eu nunca pensei que fosse sentir.

– Não foi por isso que largou o teu filho?! Não foi por essa vida que me deixou, Carmen!? – Ela gritava e senti seu ódio.

Mas não foi por vingança que a Baronesa veio aqui. Acreditei que ela era diferente, mas não. Isabel só queria satisfazer os seus próprios prazeres, não estava aqui por mim. Nem por vingança, muito menos por amor...

A Cortesã e a Baronesa - Livro IWhere stories live. Discover now