Capítulo 14: vínculos

268 41 207
                                    


Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Incerteza. Malena, nesses últimos quinze dias, estava um verdadeiro compilado de incertezas.

A razão?

Quando eles eram apenas amigos, ela se sentia confortável o suficiente para enchê-lo de mensagens o dia inteiro. Quando eles eram apenas amigos, ela tinha liberdade para fazer brincadeiras, conversar sobre qualquer detalhe do seu dia — quando riu tanto que se engasgou que a água voltou pelo nariz, quando teve dor de barriga por comer um sushi estragado, quando levou uma cuspida de um paciente de 6 anos e quando chegou a Buenos Aires, logo nos primeiros dias, que caiu de cara no chão em frente ao Obelisco, sendo motivo de risada de um grupo de turistas colombianos.

Agora, esses assuntos eram um tanto... constrangedores. E ela tinha a impressão de que ele sentia a mesma coisa.

O número de mensagens trocadas estava menor. As chamadas de vídeo estavam mais raras... Antes, era quando podiam. E tudo bem. Não sentiam a pressão de um compromisso. Mas agora... agora ela queria o tempo todo. Ela queria todos os dias. E entre o "poder" e o "querer", existia um fuso horário de quatro horas de diferença. Quando ela tomava café da manhã, ele estava quase almoçando. Quando ela estava trabalhando, ele estava livre — mas só quando não tinha jogo.

Quando tinha jogo, eles quase não se falavam direito. Entre a concentração, o jogo e a demora para chegar em casa eles trocavam apenas algumas mensagens quando dava certo.

E então ele ia dormir.

Antes, eles aproveitavam bem os horários que davam. Agora, além disso, ambos estavam inseguros.

O que não diminuía, no entanto, era a saudade que sentiam e a vontade de compartilhar tudo um com o outro. Era um ciclo: viam ou viviam algo interessante, sentiam vontade de enviar para o outro, mas geralmente não o faziam porque... e se estivessem incomodando? Não deixaram em pratos limpos o que eles eram e agora estavam constrangidos, achando que espantariam um ao outro com assuntos bobos.

Ela esperava que ele tocasse no assunto; ele não queria fazer aquilo de modo virtual. Queria senti-la, sentir seu cheiro e o calor do abraço quando finalmente a pedisse em namoro. Queria beijá-la, garantir que faria o possível para que eles dessem certo. Queria contar que ele estava apaixonado e que era a primeira vez que se sentia assim, e que ele tinha sorte demais — que ele mal conseguia medir o tamanho da sorte que ele estava tendo por ser ela.

Ela, que o compreendia e o entendia como ninguém. Ela, que o fazia rir sem nem tentar. Ela, que em tão pouco tempo se tornou sua melhor amiga.

Era o primeiro sábado de fevereiro — o que significava curso de especialização durante o dia — e boa parte da noite. Estava no intervalo da aula e Malena checava suas redes sociais — que felizmente estavam mais calmas. A poeira tinha baixado, afinal. Ela tinha sobrevivido. Estava sentada em um banco em uma pequena praça dentro do campus.

A Lei da Gravidade #1 Série PiemonteWhere stories live. Discover now