Já parou pra pensar na imensidão do universo e na quantidade de estrelas que brilham no céu? E nas leis da física que precisamos para essa imensidão toda? A gravidade, por exemplo...Sim, essa mesma, de quando a maçã caiu na cabeça de Isaac Newton e...
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Malena abriu a porta de sua antiga casa e só queria descansar. Se jogou no sofá, tirando os sapatos que tinha usado durante todo o dia. E durante o dia anterior também. Era noite de natal. Seu pai estava em recuperação, no pós-cirúrgico. Vê-lo novamente depois de tantos anos foi intenso, ainda mais naquelas condições. Ele ainda não tinha acordado quando ela saiu do hospital — voltaria amanhã cedo, estava exausta, além de que as enfermeiras garantiram que o sedativo que administraram era forte e ele só despertaria no dia seguinte. Mesmo assim, Malena se sentia péssima por deixá-lo sozinho no hospital.
Uma das primeiras coisas que fez foi colocar o celular para carregar. Uma chamada perdida de Emily e mais nada. Encolheu-se no sofá, involuntariamente. Estava frio, ela passaria o Natal só e ainda tinha arruinado as expectativas de todos. Não, de todos talvez não. As próprias expectativas. As de Teo. E ela entendia o lado dele. Ele tinha feito planos. Muitos.
Ela tentava se enganar e dizer que provavelmente ele estava muito ocupado. Eles passariam o natal em uma casa de temporada em Monte Branco de Courmayeur, e deveriam estar esquiando, ou tomando vinho em frente a lareira. Talvez chocolate quente. Tudo que Malena, com o coração apertado, queria.
Suspirou. Enviou algumas mensagens para Teo, pedindo desculpas e explicando a situação. Mas era isso, não podia cobrar mais nada dele. Ela decidiu fazer o melhor que podia para sua noite de natal: tomar um banho demorado, colocar o pijama mais confortável que tivesse na mala, ver algum filme e pedir pizza.
E assim ela acabou sozinha em casa, assistindo o clássico natalino Home Alone, o que era irônico, já que assim como Kevin, ela também era a única a não ter ido na viagem de fim de ano.
Quase no final do filme, por volta das oito e meia, Emily ligou em uma chamada de vídeo.
— Feliz natal meu amor, estou sentindo tanto a sua falta — Emily falou, os lábios emolduravam um sorriso sincero e divertido. Malena riu. Estava sentindo mais falta da amiga do que ela pensou que sentiria.
— Feliz natal, Em. Também estou com saudade. Como está tudo por aí?
— Eu esquiei! Foi maravilhoso, tirando os tombos, eu não tenho muito equilíbrio, você sabe... E está frio pra caramba, e Angelo fez um boneco de neve enorme com Teo. Escondemos os presentes dele no meu quarto e Teo vai se fantasiar de Papai Noel e acordá-lo nessa madrugada. Vamos filmar tudo! — Emily falava tão rápido que Malena quase não acompanhou, em alguns momentos só captou palavras soltas, como "vinho", "lareira", "céu cheio de estrelas" e "você tinha que ver". Mas essa era Emily, e era justamente a personalidade única e explosiva dela que a fazia ser tão amada por todos — E o seu pai? Está melhor?
— Ele está bem. Correu tudo bem na cirurgia e em seis dias ele terá alta e então eu voltarei para Buenos Aires — explicou, triste — Eu estava tão preocupada.
