O coração mais bonito do mundo

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"Por que eu quis esconder meu precioso eu desse jeito?
Do que eu tinha tanto medo?
Por que escondi meu verdadeiro eu?"
BTS - Epiphany

Quase me firmei em Namjoon que se levantava ao meu lado. Minhas pernas bambas refletiam o quanto eu estava impressionada ao ver que o Adônis de beleza coreana se aproximava de nós.

Absolutamente tudo em seu físico era equilibrado, simétrico e perfeito. Mesmo vestido de forma simples, com camiseta meia estação e calça de moletom, o homem parecia um modelo prestes a ser fotografado. Não creio que minhas palavras tenham peso e significado suficientes para descrever os lábios cheios, olhos brilhantes, maxilar marcado de linhas retas e ombros largos daquele ser que meus olhos contemplavam.

Preparei-me para um show de arrogância e esculacho, pois já estava acostumada a ser destratada ou olhada com indiferença por aqueles que têm mesmo que apenas um mínimo traço do padrão estético vigente. Sei que é errado deixar que uma pessoa me menospreze porque não me encaixo em um ditame idiota, mas tenho completa consciência de que não sou a única a fazer isso.

É como se crescêssemos sendo condicionados a obedecer alguém só porque seus traços fenotípicos são de uma determinada forma.

Decidi que ficaria o mais quieta possível para tentar passar despercebida. Ninguém pode te desprezar se não te vê.

- Namjoon, você comprou o macarrão? - O homem falou um pouco impaciente.

Meu vizinho jardineiro coçou a cabeça enquanto fazia cara de perdido.

- Esqueci! - O Adônis asiático colocou as mãos na cintura enquanto Namjoon falava. - Mas eu comprei aquela roseira nova.

Namjoon apontou para um vazo que estava minuciosamente colocado em um canto. Havia nele uma roseira nova de folhas brilhantes.

- Ótimo, vamos fazer uma salada daquelas folhas e comer no almoço. - O "Adônis" retrucou com certa seriedade e Namjoon lançou sobre ele um olhar desesperado. Porém, para minha completa surpresa, o recém chegado bateu uma mão na própria coxa e desatou a gargalhar da expressão que o outro tinha na face.

- Ah, você precisava ver sua cara, Joonie! - Ele ainda ria quando me olhou outra vez. Nos meus olhos. Meu coração acelerou e eu esqueci como respirar. - Oi, eu sou Seokjin, mas pode me chamar de Jin.

O homem estendeu a mão enquanto sorria para mim. Um sorriso imenso, brilhante, absolutamente incrível. Jin sorria com os lábios, olhos e cada célula de seu corpo. Foi graças à educação muito esmerada que minha mãe me deu que tive forças para erguer a mão e cumprimentá-lo, já que seria extrema descortesia deixá-lo com a mão estendida. Por incrível que pareça, quando peguei na mão dele eu também sorria. De coração. Eu sorria de coração.

Jin sacudiu minha mão de um jeito engraçado.

- Você não tem nome? - Questionou, me lembrando como funcionavam as formalidades de apresentação.

Tentei falar, mas parecia que eu tinha esquecido como fazer isso, então, o gentil e admirável Namjoon fez minha parte:

- Esta é a Hortênsia, nossa vizinha.

- O que você ainda está fazendo aqui?! - Jin ralhou com ele, no entanto as palavras saíram sem rispidez. - Vá buscar o macarrão ou ninguém almoça hoje.

Namjoon concordou com a cabeça e saiu depressa, me deixando ali sozinha com o outro homem. Enquanto isso, meu outro vizinho soltou minha mão, que pendeu ao lado de meu corpo.

Ele virou as costas e deu três passos rumo à varanda. Preparei-me para sair daquele lugar quando o homem se voltou na minha direção.

- Não é porque tem nome de flor que precisa ficar aí plantada e muda. - Ele riu e eu também. O pequeno trocadilho não me ofendeu, já que eu realmente estava plantada e não tinha dito uma palavra sequer. - Vem!

Coração curado [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora