Capítulo 32 - Ápice

9.4K 711 749
                                    

Lewis

O único lado bom de acordar agora é que sei que estou vivo e que vou ver o rosto de Ace mais algumas vezes.

Estar numa cama de hospital não é nada bom quando até seus pulmões doem. Levantar agora nem me passa pela cabeça, mas por que quartos de hospitais tem de ser tão claros?

-Querido! Você acordou!-Diz a minha mãe entrando na sala, deve ter ficado aqui a noite toda.-Eu tinha a impressão de que você acordaria hoje!

-Quantas horas eu dormi?-Pergunto, percebendo só agora a minha mão e três dedos enfaixados.

-Cinco dias.

-O que?!

Tento levantar novamente, é claro que não consigo, a minha mãe corre para me impedir.

-Filho, não precisa levantar agora! Você precisa descansar!

-Eu dormi por cinco dias mãe! É suficiente?-Decido permanecer deitado.-Cadê o Ace?!

-Fala do seu amigo de cabelos brancos?-Diz, arrumando o travesseiro com delicadeza.-Ele disse que ligaria antes de ir a escola.

Me pergunto como tem sido esses dias na escola entre Ace e Matt. Será que Ace decidiu parar de falar com ele? Será que Matt está irritado? Arrependido? Preso? Eu queria tanto estar lá para ver.

-Se ele não tivesse te encontrado a tempo... Você poderia ter uma hipotermia.-Eu consigo lembrar da chuva me molhando enquanto eu achava que iria parar de respirar.-Ele esteve aqui... Todos os dias em que você está internado...

Minha mãe está emocionada. Como já era de se esperar. Tão pouca coisa já lhe deixa assim. Senta-se na poltrona ao lado da cama para me contar, talvez, os benefícios de ter Ace na minha vida.

-Ele também foi o único a conseguir te tirar do quarto... Naquele dia.-Sorri, sua emoção talvez seja porque nunca tive amigos de verdade.-Esse garoto provavelmente é um anjo. Você deveria ter mais amigos assim.

-Mãe, não existem mais pessoas como Ace.-Digo.

Depois de conversar mais um pouco, descobri que os meus pais acham que fui assaltado, e bem, é melhor desse jeito. Descobri também que Ace esteve na minha casa. Por que diabos eu não estava lá?! Minha mãe me contou também que quebrei apenas dois dedos, desloquei um braço, fraturei uma costela, e estou com mais ou menos mil hematomas.

Fico feliz pois Ace contou para a minha mãe que eu não estava usando drogas, diferente do que ela poderia estar achando.

-Eu vou deixar você dormir mais um pouco. Beijos, querido, até mais, eu te amo!-Diz, saíndo do quarto quando inventei que estava com sono.-Vou ligar para o seu pai, não se preocupe!

Me vejo finalmente só. Por que merda ninguém fechou essa janela?! Essa luz está acabando com os meus olhos. Eu não posso levantar, cada célula do meu corpo insiste em doer. Dói até quando penso alto de mais.

Fecho os meus olhos devagar. Eu não estou com sono de verdade, só queria ficar sozinho, mas essa luz forte do sol que invade as paredes brancas me faz querer dormir. Ouço passos, porém continuo de olhos fechados. Quem quer que seja vai achar que estou dormindo, mesmo.

-Eu sei que não está dormindo.-Ouço a voz familiar que mais queria ouvir nesse momento. Ace. É real, ele está na minha frente. Eu gostaria de levantar para que ele não me veja nessa situação, tarde de mais.

-Diz isso baseado em quê?-Brinco.

-Eu não me atrasei para ir a escola para chegar aqui e você estar desacordado.-Senta-se aos pés da cama.-Em outras palavras, a sua mãe me disse que você acordou.

O Novo AmigoWhere stories live. Discover now