Capítulo 18 - Necessidade

9.7K 984 366
                                    

Matt

Na segunda, quando vou buscar Ace, ele parece bem, e isso é essencial para mim.
-O que aconteceu com a Daisy?-Pergunta, assim que coloca o cinto de segurança.-Me ligou chorando ontem e falou durante a noite toda.
-Eu já fiz o que tinha para fazer.-Respondo. Ele dá de ombros.-Não me diga que ela se apaixonou por mim...
-Eu não sei...-Ace se esforça para pensar.-Estava bêbada, fica difícil saber, ela só dizia coisas como "fudeu comigo e depois fugiu".-Ele imita o tom de voz que Daisy supostamente usou.-Ela deve estar bem.
Daisy também ligou para mim, porém, eu estava muito ocupado pensando em como fui idiota por não defender Ace quando Noah o carregou a força, acabei não atendendo.
-E você?-Pergunto.-Tá bem de verdade, né?
Ace assente, não achando estranho a minha pergunta, graças a Deus.

Quando chegamos, Ace corre imediatamente para a sala, evitando as perguntas das meninas. Mas eu, infelizmente não consigo escapar dos caras.
-Bom dia, garoto apaixonado.-Diz Riley, ele não está me zoando, e sim chamando a minha atenção quando estou quase passando direto por eles.
Cumprimento alguns deles, os que realmente são meus amigos, ou que acho que são, pelo menos.
-Cara, por que você estava com tanta pressa? Nem ficou lá com a gente! bebemos pra caralho ontem.-Ele volta a falar.
-Deve ter uma amizade bem colorida aí...-Diz Dylan, só os idiotas riem com ele.-Vocês não acham?
-Se ele sumisse, acho que a Daisy surtaria.- Justifico, mesmo não sendo esse o verdadeiro motivo de eu ter abandonado o meu ego e deixado de exibir a minha nova conquista para os caras, para ir atrás de Ace.-Eu só estava garantindo mais uma transa.
-Com ele ou com ela?-Dylan volta a dizer, filho da puta.
-Com a sua mãe.-Respondo, sem nem hesitar. Ele tenta partir para cima de mim, mesmo sabendo que não tem chances, porém, os caras o seguram.

Lewis

Eu fiquei com uma garota do meu círculo de "amigos" nerds no último fim de semana, ela nem era gostosa, foi só pra tentar tirar Ace da minha cabeça, e foi inútil.
Nem transamos, seria humilhante transar com uma garota pensando em um garoto.
Quando estou préstes a esquecê-lo, ele passa por mim no corredor da escola, com seu olhar baixo, ou o vejo conversar com aquele idiota do Matt, a amizade deles me irrita de uma forma que você não pode nem imaginar. Matt até que me olha com a cara de quem quer me matar, mas não passa disso.
Eu não ouso voltar a pedir desculpas. Se afastar de mim parece fazê-lo bem, quando não estou por perto, já quando está com Matt, Ace sorri como nunca. Percebo também as trocas de olhares, principalmente no refeitório, Matt está com os garotos do time e aquela garota que acredito ser sua namorada no colo, isso quase todos os dias, já na mesa das meninas, Ace é o diferencial quando está lá, Matt o observa muito, e quando Ace percebe, ele procura desviar seu olhar imediatamente.
Hoje ele já não está com aquela garota no seu colo, isso aumenta o meu medo de perder Ace completamente.

Matt

Digo a Ace que vou para casa com o pretexto de que estou com dor de cabeça, ele então aceita, por mais que deteste ficar sozinho em casa.
Troco minhas roupas assim que chego em casa, eu vou a uma balada que frequentava antes. Tem muitas garotas gostosas lá, preciso satisfazer esse desejo que se direciona para Ace, contra a minha vontade.
Saio de casa sem cumprimentar a minha mãe, indo diretamente ao meu destino.
Até as luzes de neon me lembram Ace. Decido beber uma dose de uísque, que imediatamente queima o meu estômago. Mais uma, e por aí vai. Foram cinco. E então vou a minha caçada. As garotas me olham, cruéis, querendo satisfazer todos os meus desejos.
Uma delas se aproxima, ela tem os cabelos tingidos de vermelho, peitos grandes, e usa pouca roupa. Diz algo no meu ouvido como " Meu nome não importa, vamos transar logo?".
Eu a sigo até um tipo de banheiro químico, que por milagre está limpo, eu a beijo, atacando os seus lábios de batom, ela abre o meu cinto bem rápido, é impressionante.
Essa garota que nem sei o nome começa a massagear o meu pau.
Por mais que eu queira, não consigo arrancar Ace da minha mente assim, tão rápido.
-Tem camisinha?-Pergunta ela, mexo a cabeça negativamente.-Não tomei pílula. E você não tem cara de quem paga pensão.
Antes que ela termine de falar, empurro sua cabeça para baixo, em segundos, essa garota já está com a boca no meu pau, e tenta engolir tudo de vez.
Por que continuo pensando em Ace? Por que quero tanto estar perto dele agora?
Aquela garota diz algo como "sua vez", eu levanto as minhas calças, antes mesmo de gozar, e saio daqui. Esse lugar não é para mim agora.

Ace

Ouço aquela buzina agressiva que tenho o privilégio de ouvir quase toda manhã, quando eu e Matt estamos indo para a escola e ele está com pressa. Mas são tipo, duas da manhã.
Meus planos para essa noite, agora aruinados, se resumiam a assistir uma maratona de séries que ninguém vê, e dormir sem se importar com nada lá fora, mas Matt acaba de chegar a minha casa quando eu estava quase dormindo.
Chove, mas vejo ao abrir a porta que ele está dentro do carro. Talvez eu deva ir até lá.
O frio não me impede de correr até lá a tempo de Matt destravar a porta. Estou usando um moletom enorme e aquele famoso short, espero que ele não se importe de eu estar assim dentro do seu carro.
Quando fecho a porta ele está sério, olhando para as gotas de chuva no para-brisa. Logo aquele silêncio constrangedor surge. O ar condicionado está ligado devido aos vidros estarem todos fechados, então me encolho um pouco por causa do frio. E permanecemos, parados na frente da minha casa.
-Eu... Tinha que vir até aqui.-Matt começa a dizer. Eu espero que ele diga mais, mas não diz.
-Você estava em casa mesmo?-Pergunto, notando as suas roupas e o cheiro leve de álcool. Ele não está bebado, só não sabe bem o que falar. Deve ser algo sobre Daisy.
-Eu não sei o que tá rolando comigo.-Matt admite, agora parece triste, antes confuso.
-Se você não explicar, nunca vou saber.-Tento sorrir, só pra descontrair.-Conseguiu se apaixonar pela Daisy?
-Não.-Responde, imediatamente.-Pela Daisy não.
Matt segura firme o volante, é assim que faz quando está irritado com algo.
-Então me diz quem é a felizarda da vez.-Falo, Matt não responde logo.
Depois de mais alguns segundos de silêncio, antes até do meu constrangimento voltar, Matt vira-se para mim e me olha nos olhos, ainda sério.
Matthew continua sem dizer nada. Ele leva a sua mão até a lateral da minha cabeça, e se aproxima, eu não podia imaginar o que ia acontecer, então fecho os olhos.
Matt me beija.
Eu jamais poderia imaginar. Matt continua me beijando. Eu jamais poderia imaginar também que seria tão bom, apesar do gôsto distante de whisky. Ele então se afasta, tão de repente, a agora sua expressão é preocupada, talvez de quem não deveria fazer isso, porém não queria ter parado.
Ele vira-se de volta, e começa a fitar o volante.
Eu gostaria de dizer algo, ou ouvir algo dele, mas ele não diz, e eu também não.
-Foi você...-Diz, subitamente, ainda olhando para o volante.-Você causou isso. A culpa é sua.
-Desculpa...-Tento dizer, Matt mexe sua cabeça negativamente.
-Eu não sou gay...
-Matt...
-Não!-Ele altera o seu tom de voz, e isso é raro de acontecer quando se trata de Matt.-Sai do meu carro, agora!
Percebo algo além de preocupação no seu olhar. Ódio. Provavelmente de si mesmo, não lembro de ter feito nada que o afetasse, ele está irritado.
-Você não precisa...
-Eu não vou dizer duas vezes!-Me interrompe, tem lágrimas nos seus olhos e tenta se controlar.-Eu não preciso mais de você, já fodi com a Daisy. Sai da porra do meu carro.
Eu então abro a porta, sem dizer mais nada. Não preciso chorar hoje, mas é incontrolável. É difícil acreditar que Matt me via dessa forma, como quem só servia para ajudá-lo com uma garota, depois de tudo.
Assim que desco e fecho a porta do carro, ele não me espera entrar em casa como normalmente faz. Matt imediatamente se vai, deixando uma enorme confusão no ar.

O Novo AmigoWhere stories live. Discover now