Capítulo 8 - Matt, incompreendido.

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Matt

Acordo onde acredito que seja o quarto de Ace, ele não está aqui, e espero que não tenhamos dormido juntos.
Minha cabeça doi, corro para o banheiro pra vomitar. O que merda eu bebi ontem? Só lembro de achar umas bebidas em baixo do balcão e começar a beber igual um louco.
-Bom dia!-Ouço Ace dizer.-Vejo que alguém se deu mal hoje.
-Eu queria que você tivesse ao menos uma ressaca.-Volto a vomitar.-Aí eu quem ia te zoar enquanto você vomitava.
Ace ri.
-Entra no chuveiro. Deu sorte que hoje é sábado.
Levanto com dificuldade, quando Ace sai, fecho a porta e começo a tirar a roupa.
Já em baixo do chuveiro, tento não me desesperar por causa das várias oportunidades perdidas ontem. Droga! Eu ia transar com a Daisy, ela ia ficar louca por mim! Espera, por que estou pensando tanto no Ace? Ate bati num cara ontem por causa dele! Não, não, não, Matt! Ele é seu amigo, e você só quis defendê-lo, pois uma vez ele apanhou feio, e você não estava presente... tento pensar comigo mesmo.

Lewis

Eu não chamei a policia por mal, eu nem sabia que Ace estava lá, e até onde eu sei, ele não gosta desse tipo de gente, eu só achei que fazendo isso iria aproximá-lo de mim novamente... Aliás, eu nem sei mais o que quero.
Sinto como se grande parte de mim estivesse faltando. Eu adorava conversar com Ace todos os dias, me fazia bem, eu tinha tantos problemas, e de repente, não tinha mais, agora estou tendo de novo.
Tentei conversar com Ace por mensagens de texto na noite passada, mas acho que ele não viu, logo não tive outra alternativa, pois ele não tem nenhuma rede social, o único jeito foi ir na sua casa.
Quando ainda estava no caminho, mesmo de longe consegui ver o Matt, quarterback do time da escola, descer do seu carro, e entrar na casa de Ace, ao lado dele. Eles estavam sorrindo, isso me incomodou profundamente.
Porém, decidi ignorar tal incômodo para não piorar tudo com Ace.
Ele abre a porta feliz, mas quando me vê, seu sorriso se vai.
Não dá pra ficar assim, eu preciso assumir isso, ele precisa saber.

Ace

-O Riley não é melhor que eu!-Diz Matt, descobri como irritá-lo.
-É sim!-Digo, tentando ficar sério, o que é difícil, pois ele acha que estou realmente falando sério.-É mais gato também.
-Cale a boca!-Matt levanta-se.-Eu sou melhor do que ele, sim!
Começo a rir desesperado.
-Idiota!-Ele ri também, sentando-se.
-Você é o melhor, sim.-Digo, ele dá de ombros voltando a jogar.-Só não é melhor quando fica de ressaca o dia todo.
Matt me encara, e volta a olhar para a TV.
Mais cedo, Lewis me mandou uma mensagem de texto perguntando se podia vir conversar comigo. Eu não me importei, mesmo não gostando de vê-lo pedir desculpas para mim.
A campanhia então toca, eu já sei quem é. Vou imediatamente abrir, Matt nunca se importa em saber quem chegou, que ele continue assim. Estou com roupas de dormir mesmo, um pouco inadequado para sair na porta de casa, aquela mesma blusa enorme com estampa de unicórnio desbotada. Lewis não vai se importar, eramos amigos a muito tempo, eu estava assim praticamente todos os dias.
-O-oi...-Ele diz. Não sei se é impressão minha, mas Lewis parece tímido.
-Oi.-Digo, fechando a porta atrás de mim e me encostando na mesma.
-Eu... Acho que vi o Matt do time aqui ontem.-Ele vê que o carro continua ali.
-Não importa.-Respondo.-É sobre isso que quer falar?
-Não!...
O observo, sugestivo, como se tivesse algo mais importante a fazer do que esperar suas desculpas.
-Tudo bem, olha, vou direto ao ponto...-Ele começa a falar.-Eu...meio que estou...
Antes que Lewis termine de falar, um carro se aproxima, estacionando perto de nós. Eu conheço esse carro, é da Lexi.
Ela desce, desesperada, eu acharia que ela queria impedir algo, então ela se aproxima de nós.
-Me desculpa por tudo Ace, sei que fui uma vadia com você!-Ela diz, está chorando, tenta segurar minha mão, eu me afasto.-Eu tenho uma coisa pra falar.
-O que merda você está fazendo aqui?!-Pergunta Lewis, claramente indignado.
-Eu... Estou grávida.-Ela diz enquanto chora.-Você vai ser pai!
Lewis bate na sua própria testa, começa a caminha de um lado para o outro, ele chuta uma lata de lixo da casa do vizinho, e então grita de ódio.
Lexi volta para o seu carro, chorando muito. Eu abro a porta, isso só pode ser brincadeira.
-Não!-Lewis corre na minha direção, enquanto já estou entrando em casa.-Espera, por favor!
Ele segura firmemente o meu braço.
-Lewis para, está me machucando.-Digo, ele continua segurando.-Lewis...
Seus olhos estão cheios de lágrimas que ameaçam cair a qualquer momento.
-Por favor...-Ele implora.
-Você quis assim.-Digo, ele finalmente solta o meu braço.-Desculpa.
Fecho a porta, deixando Lewis lá fora, ele não se irrita, afinal, quem tem motivos para isso sou eu, ele trouxe uma louca para a minha porta novamente. Entretanto, não cabe a mim perdoa-lo.

Matt

Ace entra em casa me ignorando, na verdade ele parece irritado com todas as coisas nesse momento.
-Como vai esse humor?-Pergunto, na intenção de descontrair. Ele me ignora, subindo as escadas, ouço uma porta bater.
Decido ir atrás, vejo a porta do quarto de Ace fechada. Ouço seus soluços, acho que algo o decepcionou essa noite. A princípio, acho que a porta está trancada, mas não. Na primeira tentativa consigo abrir a mesma.
-Está escondido em algum lugar?-Pergunto, as luzes de neon que iluminam o mesmo estão apagadas, por isso não o vejo.-Eu vou acender a luz...
Tento alcançar o interruptor.
-Não quero que me veja assim.-Ele diz, depois de tanto silêncio.
-Assim como?
Acendo a luz. Ele está sentado no chão, bem ao lado da cama, Ace então puxa um travesseiro e coloca na cara.
-Sério mesmo, cara?-Pergunto.
Ele fica em silêncio, então tento puxar aquele travesseiro, que consigo fazer
com o mínimo de esforço.
-Eu não costumo chorar...-Ele explica limpando os olhos.-Ignore esse momento.
É claro que eu gostaria de saber o porque. Já considero Ace como um amigo, que me deixa ficar na sua casa sem nem se importar, já que na minha está um inferno. Eu queria não ligar, mas eu ligo.
-Agora nós vamos descer, e jogar, eu prometo não roubar, você vai esquecer seus problemas.-Dou a mão para que ele levante. Ele mexe a cabeça negativamente.-Se não vir agora, vou te fazer rolar naquela escada.
Ele ri, mas não levanta.
-Você não seria capaz.-Ace continua rindo, só para de rir quando o seguro nos meus braços, tirando-o do chão.-Não! Matt! Prometo que desço e jogo com você!
Ace está claramente com medo, eu não consigo parar de rir. Segura-lo nos braços é muito fácil, ele é bem leve.
-Você duvidou de mim.-Digo, levando-o até a escada. Ace me agarra firme, ele está desesperado, e eu ainda rio.
-Não! Por favor!-Diz, quando estou prestes a jogá-lo, ele está tremendo. Decido colocá-lo no chão, e acabar com essa tortura que está me matando de rir.
-Quase me matou!-Ace coloca a mão no peito, sentindo os próprios batimentos.-Eu sei que você não seria capaz!-Ele conclui.
-Vem, vamos jogar.-Desço as escadas, Ace continua lá.-Não faz bem ficar triste a noite toda.-Enquanto eu pensava em virar para trás e ver o que ele esta fazendo, Ace pula em cima de mim, seu peso quase que nem faz diferença, mas eu desequilibro ao tropeçar de costas no tapete. Logo estou eu, caído ao chão, e Ace em cima de mim. Ele ri.
-Desculpa.-Ele tenta falar e rir ao mesmo tempo.-Eu tinha que te derrubar.
-Você é doido.-Digo, mas também acabo rindo.
Ele senta-se na minha pelve enquanto tenta levantar. Droga! Esse garoto está sentado no meu pênis, e não parece sentir que o mesmo começa a enrijecer, o que merda tá rolando comigo?
Antes mesmo que Ace possa levantar, corro até o sofá tentando esconder essa quase-ereção desnecessária. Só agora percebo que bati minha cabeça no chão quando caí, estava muito ocupado escondendo esse maldito acontecimento.
Ainda bem que Ace não percebeu isso, o que seria de mim? Ele ia começar a achar que quero transar com ele, e eu gosto é de garotas!

O Novo AmigoWhere stories live. Discover now