Capítulo 28 - Arrependimento

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Ace

Depois do que aconteceu antes do jogo, eu deixei o vestiário correndo. Matt não tentou ir atrás de mim naquele momento, então aproveitei para ir logo para casa e tentar esquecer toda essa decepção o mais rápido possível.
Zack me trouxe antes mesmo do jogo, ele não perguntou por que eu chorava quando me encontrou perdido no corredor.
É claro que não aconteceu como eu queria, no fim da noite eu estava chorando dentro da minha banheira, se não fosse exagero de mais eu diria que as minhas lágrimas aumentaram até o nível da água.
Ouvi a campainha tocar diversas vezes durante o banho, eu não fui atender, não quero ver ninguém mais hoje, e se fosse Matt, eu acho que acabaria dizendo o que não deveria, então achei melhor só sair da banheira quando me sentisse bem.
Quando termino de me vestir, decido checar o meu celular, parte de mim gostaria que Matt enviasse um pedido de desculpas, outra parte não. Ele não enviou. Só há mensagens de Amber perguntando por que eu sumi.
Sentado na cama, refaço o curativo no meu pulso, os cortes não vão cicatrizar tão cedo, graças a aquele que eu achei estar amando.
-Parece que... Você esqueceu a janela da cozinha aberta de novo.-Me assusto imediatamente. É só Lewis, que acaba de invadir a minha casa. Começo a limpar minhas lágrimas.-Eu toquei a campainha umas mil vezes...
-Eu... Estava ocupado.-Digo, fechando a maleta de primeiros socorros.
-Estou percebendo.-Lewis se aproxima.-Ocupado com alguma coisa que não lhe faz bem?
-O-o que você quer dizer?
-Ace... Você não está chorando porque se cortou com o espelho.-Lewis senta-se ao meu lado na cama.-E... Ele não te trouxe em casa hoje, e nem está aqui agora... Eu percebi.
Suspiro. Lewis finalmente passou a observar o mundo ao seu redor agora?
-Não se preocupe...-Digo, tentando, pelo menos, ensaiar um sorriso.
-Espero não precisar.-Lewis sorri de volta.-E... Tenta não ficar triste por essas coisas novamente. Ele é quem vai ficar triste, se... te perder.
Lewis então abaixa o seu olhar, como se o assunto tivesse acabado em "se Matt me perder", ele deve achar que não gostei do que ele falou ou algo assim, já que não tenho reação nem emoção. Quem disse para ele que sou de Matt, afinal?
Permanece em silêncio, ainda sentado na minha cama com os cotovelos apoiados nos joelhos e fitando o chão como quem vê TV.
-Lewis...-Ele vira-se para mim imediatamente. Talvez surpreso por eu não ter lhe dado uma lição de moral ou algo assim quando ele falou de Matt.
-Oi...?
-Esquece...-Levanto subitamente.
Deve achar que quero dizer ou fazer alguma coisa. Mas não. Não há nada na minha mente agora. Ele permanece alheio perante a situação, e só sabe me observar enquanto caminho perdido no meu próprio quarto.
-Eu tenho saudades de... ficar perto de você.-Diz, num tom de voz tímido.
Percebo que ainda há sangue nos cacos de vidro no banheiro do meu quarto, ainda não tive tempo para jogá-los no lixo. Corro até lá para ligar o torneira e tentar, pelo menos disfarçar, pois parece que esfaqueei alguém com esses vidros.
-Eu ainda estou aqui...-Respondo, tentando falar mais alto para que ele ouça.-Você ainda pode ficar perto de mim, não sou radioativo.
-Você entendeu muito bem, Ace.-Em questão de segundos, vejo Lewis na porta do banheiro onde estou, ainda escondendo os rastros de sangue. Ele, felizmente, ignora o que vê.-E você sabe muito bem que eu te amo.
Permaneço fitando o pedaço de espelho que restou na parede bem a minha frente enquanto ouço o barulho da água levar o meu sangue seco que havia na pia embora. Tento me concentrar em qualquer coisa que não seja tentar descobrir se gosto tanto de Lewis ao ponto de amá-lo.
Quando o momento já parece constrangedor de mais, Lewis segura o meu queixo sutilmente e me faz olhar para ele. Me olha nos olhos através das lentes dos seus óculos.
-Eu sei e você também sabe que ele não lhe faz bem.
-Lewis, eu não quero falar sobre...
-Então...-Me interrompe, seus olhos não saem dos meus.-Me prometa que você vai ser meu, e eu prometo que não falo mais nisso.
Desvio o meu olhar do seu imediatamente, eu penso, não posso lhe prometer uma coisa que não tenho certeza. Ainda há Matt no meu coração, por mais que eu não queira, ele continua lá. Assinto sem pensar e sem ter a intenção de me entregar totalmente a alguém.
Subitamente, Lewis me beija, ele nem esperou a minha resposta, continua atacando meus labios ferozmente, como se já tivesse esperado de mais por esse momento. Logo, minha suíte fica muito pequena para nós. Lewis não se importa, ele meio que tem que se inclinar para me beijar, e segura firmemente a minha cintura.
Desco a minha mão, que estava na sua nuca, a mesma permenece descendo pela sua barriga, meio que involuntariamente, ou por curiosidade minha. Quando a minha mão se encontra no pênis já ereto de Lewis, que mesmo por cima do jeans, posso sentí-lo pulsar, percebo o quanto avancei, ele vai achar que me tornei um pevertido nessa última semana. Suas mãos também descem, quase em encontro às minhas nádegas.
Não, ainda não, Lewis. Interrompo o nosso beijo que, a propósito, ameaçava passar dos limites.
Ele me olha meio que sem entender nada enquanto caminho até a porta. Só agora percebo que a água levemente avermelhada na pia transborda, chegando a molhar grande parte do chão.
-Desculpa se... Você não estava gostando...-Lewis diz, tímido, tento procurar uma ótima desculpa imediatamente.
-Você esqueceu de uma coisa.-Digo, sugestivo. Antes que Lewis possa perguntar, me aproximo novamente.
Minhas mãos vão até os seus óculos e o retiram. Lewis meio que sorri, aliviado por ter esquecido somente isso. Eu só preciso atrasá-lo, não quero que ele fique achando que estou caído por Matt, ou que não gosto de beijá-lo.
-Só isso?-Pergunta.
-Não.-Sorrio.-O chão pode ser escorregadio, cuidado.
Nem o empurrei, com um leve toque, Lewis escorrega no chão molhado, e cambaleia para trás, até finalmente cair na banheira logo atrás dele, que ainda está cheia de água.
Eu rio, ele tenta não ficar irritado.
-Qual o seu problema?-Pergunta, tentando não demostrar que quer me enforcar.
-É melhor tirar a roupa.-Respondo, ainda morrendo de rir.

Matt

Eu não queria magoar Ace, muito pelo contrário, eu só queria que ele caísse na real. Eu o machuquei, e por mais que eu queira, não consigo nem acreditar mais que tenho razão.
Quando vi Ace sair chorando daquele jeito, eu quis correr atrás dele e dizer que estava tudo bem, mas não estava. Eu, por acidente, estraguei tudo de novo.

Como se já não bastasse tê-lo na minha mente 24 horas por dia, ainda há a porra de um adesivo que ele colou no meu para brisa.
Tento não olhá-lo enquanto estou transando com Jessy no meu carro. Estou praticamente deitado no banco de passageiro inclinado enquanto ela está sentando no meu pau. Ela me chamou, em comemoração por termos vencido o jogo.
Na minha cabeça só há Ace. Eu queria estar com ele nesse momento, por que droga fui estragar tudo?!

Quando terminamos a transa sem nem um pouco de afeto, praticamente expulso-a do carro, Jessy diz que deveriamos fazer isso mais vezes, ignoro, descarto a camisinha e dirijo até em casa. A minha casa de verdade dessa vez. Eu preciso pensar em um modo de parar de pensar em Ace.
O que pelo visto será mais fácil do que recuperá-lo.
Maldita confusão.

Lewis

Estar totalmente sem roupas na frente do espelho enorme do quarto de Ace é estranho pra caralho.
Tudo bem, eu sei que o meu corpo magricela nem se compara ao corpo atlético e musculoso do Matt. Mas eu tento não comparar muito para que o resto da minha autoestima não desapareça.
Ace desceu para colocar as minhas roupas na secadora, eu não fiquei pelado na frente dele, é claro, eu sou muito tímido, e ainda não chegamos à esse ponto.
As vezes, parece até que Ace testa a minha paciência para ver se consigo sentir raiva dele. Eu não consigo, e ele sabe muito bem disso, porém, continua me provocando.

Deito na sua cama, logo me cobrindo com seu lençol devido ao frio constante. A cama de Ace tem o seu cheiro, o que só aumenta o meu desejo.
-Você consegue ficar pelado por algumas horas? Acho que minhas roupas não lhe servem.- Anuncia, entrando no quarto.
-Se você estiver comigo...-Respondo imediatamente, o meu pau insiste em permanecer duro.-Você vem, né?
Ace acende a lâmpada do abajur, agora deixando o quarto parcialmente iluminado, as luzes de neon coloridas também o iluminam.
-Claro! Vai mais pra lá.-Diz. Ele deve saber o que eu quero, e continua se fazendo de inocente.
-Por que não brincamos de outro jeito?- Respondo.-Nada mais justo... Você me deixou todo molhado...
Ace pensa.
-Vem! Eu te quero agora!-Digo, eu poderia estar ordenando, mas estou implorando.
Ace puxa o lençol que me cobre, logo deixando os meus 19 centímetros visíveis, eu não tenho tempo para me envergonhar, ele também não parece ligar para isso, num pulo, senta-se na minha pelve, estando com seus joelhos na cama. A sua boxer atrapalha tudo no momento.
Não parece perceber ou se importar com o fato de que está quase me matando de tesão, meu pau pulsa tão forte que parece querer levantá-lo.
Ace acaricia o meu peito enquanto simula movimentos de penetração. Era tudo o que eu queria, ele não parece muito interessado em sexo de verdade agora, pelo menos me deixa pegar na sua bunda. Ace então inclina-se, beija o meu pescoço como um vampiro que busca sangue. Eu só consigo gemer, meu pau parece querer explodir a qualquer momento enquanto ele ainda se movimenta em cima do mesmo. Ace então me beija, eu seguro firme a sua bunda com as minhas mãos, tentando invadir a sua cueca e satisfazer todas as minhas vontades tão fortes.
-Nós podemos?- Sussurro no seu ouvido, sinto o seu cheiro que de tão bom chega a mexer com a minha cabeça.-Ou vai me torturar mais um pouco?
Ace ri, talvez sentindo cócegas enquanto mordo levemente o seu pescoço, eu pretendo deixar a minha marca para que Matt saiba que Ace nunca vai lhe pertencer.
-Eu... Não sei, Lewis.-Tenta dizer enquanto continuo no que faço com tanto prazer.-Pode doer muito.
Eu entendo. No porte físico de Ace, de quarenta e poucos quilos, eu acho difícil que ele possa suportar, devido ao tesão que estou também. Eu não sei se conseguiria me limitar a colocar devagar.
-Então me promete...-Volto a falar, ainda tentando sussurrar.-Que quando for acontecer, vai ser comigo...
Ace volta a sentar na minha pelve como se estivesse num sofá, já não estando mais inclinado sobre mim. Me encara, talvez pensando do que eu disse. Sorri, e dá de ombros. Eu sorrio também, logo o puxando para poder beijá-lo novamente.

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