Capítulo 12 - Superficialidade

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Ace

Matt não passa para me buscar hoje, ele também não respondeu a minha mensagem ontem, que só enviei porque estava realmente preocupado com o modo como ele saiu.
Lewis foi embora as duas da manhã, pelo visto, ele queria ir além de me beijar quase a noite toda, mas eu exigi que assistíssemos um filme, não estou tão preparado para isso. É claro que Lewis não ficou feliz, no começo ele reclamou, depois tentou me tocar e me beijar de novo, eu pedi para pararmos um pouco, eu queria testar sua paciência e capacidade de me respeitar, e ele passou nesse teste. Até agora.
-Meus pais acham que eu sou louco.-Diz, enquanto conversamos na escola antes da primeira aula.-Sei lá porque.
Nós não falamos sobre o que acontece entre nós na minha casa, nunca falamos, Lewis parece ficar sem jeito, eu também não exijo que ele fale, mas gostaria de ouvir tudo o que ele pensa.
-Em parte eles tem razão.-Digo, ele só ri e continua fitando seu livro.
Vejo Matt chegar, ele parece triste ou irritado, nem sei ao certo, felizmente ele não se atrasou hoje.
Deixo Lewis, sem mais, e corro até lá.
-Você está bem?-Pergunto. Matt levanta seu olhar para mim, é até estranho vê-lo triste.-Desculpa... Por falar com você no meio de todo mundo.
-Não tem problema.-Ele diz, eu nem pensei duas vezes antes de vir até ele, mas parece que nesse momento Matt não se importa com o que pensam ou dizem dele.-Minha vó morreu.-Ele segue seu caminho assim que me responde. Permaneço parado onde estou até cair na real.

Lewis

Ace me torturou na noite passada. Eu estava morrendo de tesão, e tive que aguentar aquele tempo todo achando que finalmente poderia colocar o meu pau naquela bunda gostosa, me enganei. Acho que ele tem medo ou alguma coisa assim. Tive que me masturbar quando cheguei em casa, mas valeu a pena ficar perto dele.
Nos encontramos na escola, antes da primeira aula, eu estudava, pois preciso tirar boas notas nos exames, Ace olhava para as portas da escola como quem espera algo especial, e aí está, bastou aquele tal de Matt do time aparecer para Ace correr até lá.
É claro que fiquei irritado com isso, mas o que eu posso fazer? Já vacilei de mais com ele, não quero correr o risco de perdê-lo de novo.
Matt estava claramente triste, quase nem parou, só disse algo e então saiu, depois Ace ficou parado no corredor, talvez pensando, eu nunca vou saber o que passa na sua cabeça. Ele caminhava para mim de novo, mas aquelas meninas passaram e o levaram.
Felizmente, muito felizmente, acabei o encontrando no horário de almoço, ele quase nunca come, então estava organizando algo no seu armário.
-Você fugiu mais cedo...-Digo, tentando não transparecer que estou curioso, e um pouco irritado.
-O meu amigo...-Ele explica.-Ele estava com problemas.
Eu ainda não consigo acreditar e nem aceitar o fato de que eles são amigos.
-Você é amigo do Matt?
-As vezes.
-Desde quando?
Ace me encara como se eu já tivesse feito perguntas o suficiente.
- Três semanas...
-Ah...-Começo a caminhar pelo corredor.-É engraçado... Vocês dois... meio nada a ver.
Eu sorrio, Ace não.
-Então eu não posso ser amigo de um garoto do time?-Pergunta, posso perceber que ele não quer muito ouvir a resposta, assim como eu, Ace não quer estragar a nossa amizade.
-Não!-Respondo, eu não quero acabar com tudo de novo.-Só... Não combina muito.
-Você está sendo superficial.-Bate a porta do seu armário e começa a caminhar.-Não temos que combinar. Somos só amigos.
-Ace...-Tento acompanhar.-Tente entender.
-Eu já entendi.-Ele não para.-Eu não devo ter só você como amigo, Lewis.
Mas acontece que estamos em um nível além de amizade, por mais que eu prefira que isso não estivesse acontecendo, eu estou amando Ace, ele nem imagina o quanto.

Matt

Eu estava cercado de amigos, eles riam, diziam me considerar, falavam sobre jogos, sobre garotas, eu estava cercado de garotas também, aliás, Daisy estava bem no meu colo enquanto me beijava, eu realmente tenho muitos amigos, mas por incrível que pareça, o único que perguntou se eu estava bem foi Ace.

Ele percebeu que eu não estava como todos os dias, assistiu a todo o nosso treino enquanto me esperava para podermos ir para casa. Todos aqui aparentam ser de mentira, exceto um, ele mesmo.
Permanecemos mudos durante todo o caminho para casa, e foi desse mesmo jeito quando chegamos, ficamos dentro do carro por alguns minutos, até que Ace abre a porta do carro.
-Posso?-Abro a minha também.
-Claro!-Ele sorri.
Entramos, eu imediatamente me jogo no sofá, pois é o que faço de melhor.
-Daisy disse que você estava estranho com ela.-Ele diz, quebrando o silêncio.-Não contou pra ela?
-Ela não quis saber.
Ace tira seu casaco e então senta-se ao meu lado, ligando a TV. O outro sofá está vazio, mas ele insiste em sentar ao meu lado, tudo bem por mim, ele não está me incomodando.
-Você quer conversar?-Pergunta.
Eu estou realmente triste, mas não quero der dramático e nem chorar, homens de verdade não choram.
-Não...-Respondo, ele dá de ombros.
As lágrimas tomam conta dos meus olhos, ameaçam cair, eu não posso deixar. Por que isso está acontecendo?! por que eu não posso, simplesmente não ter mais emoções? Eu queria, simplesmente não ligar para o fato de que a única pessoa que se importava comigo se foi na noite passada. Para a minha mãe, deve ter sido um alívio não ter mais despesas com casas de repouso. Eles não se importam com isso. Não se importam comigo.
-Matt?-Diz Ace, reparando em mim.
-É por causa do filme...-Digo a primeira coisa que vem a cabeça, não consigo pensar muito bem.
-Matt... Estamos assistindo A Noite do Pesadelo 2, e nem começou ainda.
Droga! Eu podia ter inventado algo melhor, agora Ace vai achar que sou o que? Uma garota como ele? Eu não posso chorar!
-Você não precisa suportar isso sozinho...-Ele volta a dizer.-Colocar tudo para fora não vai comprometer sua masculinidade.
Eu já não conseguia segurar mais. Ace me consola, estou quase em desespero, enterro meu rosto no seu colo enquanto ele acaricia o meu cabelo. Maldito momento gay da minha parte, mas eu já não conseguia suportar isso. E digamos que se eu fizesse isso na presença de um dos meus "amigos", eles ririam de mim eternamente.

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