capítulo 53 (✓)

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"Como as antigas árvores dentro de grandes florestas prevaleceremos de pé durante o tempo. Que venham estações, guerras, fome. Eyja sobreviverá à todos eles."
Antigo provérbio de Eyja.

V I C T O R I A

Quando descemos caminhamos desviando de poças de sujeira. Foi um pouco difícil acompanhar as passadas longas do homem de cicatriz, com nuvens de chuva reunidas no céu todos na rua daquela estranha cidade estavam começando a migrar para dentro das diversas construções decrépitas. O local parecia ser mais como uma sede de treinamento do que com um vilarejo qualquer, porque a maioria das pessoas que eu via eram homens e mulheres com lâminas e corpos de soldados. Identifiquei cada indivíduo e as armas que eles portavam, assim como as melhores rotas de fuga para caso a situação piorasse rapidamente.

Ao nosso redor às construções eram iguais e simétricas e o clima surpreendentemente úmido.

— Imagino que, se vamos morrer, deveria ser por uma causa nobre.. — Ben sorriu murmurando seus pensamentos para que o nosso guia não os ouvisse. — Se estivermos em Eyja quando isso acontecer. Como farão canções com os nossos nomes?

— Não vamos morrer. Pelo menos não se seguirmos o meu plano.

— Que consiste em? — sussurrou.

— Usar meu charme e inteligência para convencer o comandante de Eyja.

— Vai precisar de muito charme com esse homem, os boatos dizem que ele é irredutível e cruel.

— Já lidei com piores. Quer alguém mais irredutível e cruel do que Ben Clevaran?? — joguei a indireta e ele levantou um dos lábios se divertindo, eu sorri encantada com sua expressão espontânea.

Gotas de chuva começaram a estourar na terra cor de ferrugem, esfriando instantaneamente o ar abafado no momento em que entramos na maior das construções.

A locação é grande e sombria apesar de muito similar a uma arena por sua amplitude. Mesas com mapas estão espalhadas por todas as extremidades que me permito visualizar, embora estejam todas vazias. Às luzes artificias acima da minha cabeça que estão pendentes em longas correntes piscam em sinal de alerta: Corra!! Um instante depois e uma dezena de armas estão apontadas para o meu rosto, lâminas brilhantes cujo o meu reflexo enxergo em suas imposições.

Dou um passo pra trás e olho de esguelha para Ben ao meu lado na esperança de me manter calma quando surpreendentemente, sua espada já estava erguida para me proteger antes mesmo de eu considerar uma batalha.

Uma dança acontece quando pisco, homens enormes com máscaras de animais que escondem suas identidades e me causam arrepios se aproximam de mim, e Cleveran investe contra suas armas destinadas a infligir meu pescoço. Trinco o maxilar e busco por aquela magia internamente enquanto ao meu redor outra dança acontece. Ben os mantém longe do meu corpo mas eles são muitos e eu estou perdida, à essa altura o homem de cicatriz já desapareceu e eu me sinto uma idiota por achar que vir até Eyja, um lugar tão bem protegido e alheio seria uma boa ideia.

Como se não bastasse, aquele poder não quer aparecer, sua força destrutiva que rouba todas as minhas estabilidades sequer ousa surgir na superfície. Escondido em minhas entranhas a magia não se revela. Como vou lutar contra o Norte se não consigo controlar aquela coisa e usá-la quando necessário?? Merda!! Estou prestes a usar meu treinamento recente quando todos os homens simplesmente se afastam para abrir espaço para um terceiro com prováveis dois metros de altura e longos cabelos trançados.

— Bem vinda a Eyja princesinha. — o gigante soltou uma risadinha sussurrada.

Inspirei pelo nariz, lembrando-me de tudo que ansiava dizer ao homem nas últimas horas e durante a viagem. Algumas frases e tudo estaria terminado.

Rainha de Ferro Where stories live. Discover now