capítulo 31 (✓)

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"Era uma vez uma criança sentada nos degraus de uma casa amaldiçoada. Seus olhos observavam com frequência as sombras entrando pela porta, elas tinham a aparência de uma traição e o olhar de mil segredos."

V I C T O R I A

— Está pronta milady? — Helena pergunta ao entrar no banheiro.

Eu ficaria feliz se sua pergunta tivesse algum aspecto positivo, mas não tem
nenhum.

— Estou. Pode me aguardar lá fora com Ben? já estou saindo. — digo e a mesma assente se retirando logo em seguida.

Agora já á sós encaro meu reflexo através do espelho enquanto tento respirar fundo em uma busca falha de conter a raiva eminente que dança em meu corpo, ajeito meu vestido negro uma última vez e pego a adaga escondida em uma dos armários de toalhas atrás de mim, escondendo-a por debaixo da saia e dos tecidos do vestido com cuidado, o punhal e a lâmina fria ardem contra minha pele, mas ainda não trazem a metade da queimação em minha garganta, ou da sede em meu sangue por executar logo aquele plano.

ههههه

8 horas antes

Devagar, deslizo minhas mãos pelas peças perdidas no quarto de Lady Amélia enquanto ao redor guardas e criadas se desfazem de tudo aquilo que um dia se fez seu refúgio.

— Tem certeza de que está bem, Victoria?— Daaniel estava inspecionando aquela atividade, por mais que tivesse muitas testemunhas no cômodo ele não hesitou ao se aproximar de mim com uma expressão tênue.

— Estou sim. — Na verdade não estava, mas isso não mudaria as coisas, não traria Amélia de volta ou diminuiria a minha dor. — Relataram o motivo do incêndio? — pergunto esporadicamente, se alguém ali poderia me dar informações esse alguém era Daaniel Astor.

— Velas foi a razão publicada nos jornais. — Noto sua expressão oscilar diversas vezes em um pouquíssimo período de tempo. — Mas não sei se acredito nisso..

— Eu também acho que não. — afirmo, lutando para falar com segurança quando não tenho nenhuma.

Daaniel suspira se aproximando para sussurrar:

— A forma como as coisas se procederam, a demora em receber ajuda, a dificuldade daquelas pessoas para encontrar uma saída.. Tudo me parece conveniente demais, as duas últimas Ferros mortas tragicamente alguns dias antes de coroação.. Isso seria muito conveniente.

Tenho um nó na garganta quando volto a falar, mas de alguma forma consigo pôr as palavras para fora:

— Você tem alguma ideia de quem possa ter feito isso?

Eu não estava disposta a jogar as minhas únicas cartas na mesa, não contaria sobre a minha descoberta à respeito dos homens de preto e seus broches de Gralaham, não quando Daanil poderia me dar mais respostas. Manteria minha alienação ao assunto para ver até onde ele estava disposto a ir por mim, eu precisava disso, precisava ver se o cara por quem eu estava apaixonada era confiável.

— Pode ter sido os rebeldes, os mesmos que mataram a família real e tentaram cortar seu pescoço no jardim. Não há muitos boatos sobre eles, mas todos sabem que ainda existe um grupo perigoso se escondendo por aí, esperando pelo momento certo de atacar. Saeom disse que eles poderiam tentar algo na coroação, mas isso.. Na colheita, dentro de um orfanato. Eu não estou certo de que eles machucariam o próprio povo, afinal são eles que os apoiam... seria burrice se o fizessem..

Se tivesse sido os rebeldes de fato, porquê Gralaham estaria envolvida? Eles jamais iriam apoiar rebeldes querendo uma guerra civil, isso não traria lucro algum à eles, confiar suas armas em um povo instável que assassinou seus próprios governantes não faz sentido, seria um risco muito alto.

Rainha de Ferro Where stories live. Discover now