Ressaca

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🌊🌊🌊

Distraído com seus devaneios, Nico se assustou com o toque do próprio celular, se sobressaltando. O aparelho vibrava insistentemente em seu bolso. Por alguns segundos, enquanto puxava-o, se perguntou se não seria mais uma das tentativas do ex-namorado de retomar um assunto já finalizado.

Mas para o seu contentamento de alguns segundos – antes de virar um susto – era sua irmã mais velha, Bianca. 

Ele esfregou a costa da mão nos olhos húmidos, com um suspiro, ciente do seu deslize. Havia esquecido completamente que ficou de encontrá-la ainda hoje. Atendeu a chamada apressadamente e tentou se desculpar:

— Oi. Eu...

— Poupe-me das suas desculpas. — Disse ela, com atípica impaciência. — Você vêm ou não?

— Estou a caminho, Bia. — Mentiu. Usando da pressa repentina para se levantar. — Só me dê...

Ela desligou.

— Uns minutinhos a mais...

O grunhido impaciente do homem foi engolido pelo vento assobiante e os grasnados das gaivotas. Ele encarou a tela do celular com incredulidade.

Nico caminhou com cuidado para não pisar nas tábuas soltas. Um dos motivos a mais para gostar daquela parte da praia, era a ausência quase completa de pessoas. Elas ignoravam a construção antiga de madeira, mas para ele tinha seu charme. E nas entranha das suas estruturas possuía gravada uma ou duas histórias suas.

Sua casa não ficava tão distante dali. Era uma caminhada que ele geralmente fazia em meia-hora, sem pressa. Mas não queria abusar do tempo. Os minutos que gastaria na caminhada usaria para não se atrasar ainda mais. Pegaria um taxi, daria um jeito de tirar o cheiro de praia e mar e usaria o próprio carro; assim evitaria perguntas impertinentes.

🌊🌊🌊


Encontrar sua irmã não foi tão difícil. Uma vez que o estabelecimento escolhido estava praticamente vazio naquela tarde. A mulher estava sentada a mesa ao fundo. Os olhos atentos a rua, olhando pela direção contrário que Nico viera. Nuvens cinzentas e carregadas começavam a se formar lá fora.

Nico se aproximou sorrateiro. Sentando-se silenciosamente defronte a irmã. Ele pigarreou e chamou-a:

— Oi, Bianca.

A Di Angelo não se assustou com a repentina presença. Desde criança era a única que não se assustava quando ele aparecia de repente.

— Às quatro...

Bianca resmungou. E como se realmente precisasse ergueu o pulso em que usava um relógio. Os ponteiros diziam que faltavam apenas seis para as cinco horas.

— eu sei, eu sei.

Balbuciou erguendo os braços em rendição. A última coisa de que precisava era levar uma bronca ali mesmo. Que era o que esperava. Por qual motivo afinal era desejaria vê-lo pessoalmente?

— Um café, por favor.

Pediu, quando um garçon passava apressado perto da mesa, fazendo-o parar de abrupto. Estava-os sondado de longe, desde o momento que Nico sentou.

— Dois, um expresso, obrigada. — Bianca falou suavemente ao rapaz. Quando tornou a encarar o irmão, o rosto se azedou. — Dá próxima vez seria bom um aviso. De que eu preciso marcar hora com o meu próprio irmão.

— Não exagere. — Nico resmungou. — Eu só perdi a hora. Me distrai.

— Com desenhos. Aposto. — Ela também resmungou. — Você não descansa não? Mesmo papai tirava um tempinho...

Quebra-MarWhere stories live. Discover now