O bar tinha poucos clientes porque a maioria da população daquela região era muçulmana, como Harta, por isso não bebia álcool. Essa era uma das muitas razões porque Harta não queria ir. Sentaram-se na mesa atrás dos funcionários da Global.Bela ficou na mesa enquanto Harta pediu sumo para os dois no balcão. O empregado do bar ficou um pouco surpreendido, mas não falou nada.
–Queria falar contigo sobre aquele assunto. Parece que não vão enviar mais ninguém para investigar a plantação – o homem careca franziu as rugas da testa –, querem trabalhar com a polícia daqui.
–Com a-a-a po-po-polícia?! – o colega quase caiu da cadeira.
–Sim, eles estão desconfiados. Afinal de contas já é a terceira pessoa a morrer a vir para cá.... – o seu olhar estava fixo no copo e a testa franzida, como se no copo estivesse um enigma difícil de decifrar.
–Mas... – o outro ainda estava agitado e gesticulava muito – mas nós não fizemos nada àquela mulher que morreu no avião...
–Pois, mas os outros dois morreram os dois de acidente de carro. Era de desconfiar,não achas?
O outro parou, pensativo.
–Co-conheces alguém na polícia? – perguntou por fim.
– Não...– voltou a franzir a testa –, mas posso voltar a ver nos meus contactos. O Dr. Miguel não pode saber de nada disto, ouviste?
- Sim, m-m-mas não devias dar tantas horas de trabalho... - o homem despenteou-se e voltou a gesticular amplamente ao ver o olhar do encarregado - esta gente é mole, mas qualquer um se revolta quando está cansado demais...
- Por acaso, estás a dizer-me como fazer o meu trabalho?! - gritou o encarregado.
- Nã-Não, mas.... - o funcionário tremeu apenas de ver o olhar do seu chefe nem conseguiu completar a frase.
- Ah! Bom! Nós temos cada vez mais pedidos com maiores quantidades, e sabes que não há solo que aguente estas árvores muito tempo? É preciso garantir o nosso trabalho! Sabes bem que eles queriam fechar isto! Eu estou a fazer um bem a esta gente. Eles têm MUITA sorte de ter trabalho!! Pobretanas que nem sabem trabalhar!
O outro encolheu-se e não respondeu.
Bela e Harta entreolharam-se. Harta tinha uma chama no olhar que fez Bela tremer. Levantou-se. Foi buscar os sumos e ao voltar derramou um para cima do encarregado. Bela congelou.
– Então mas o que é isto?! – gritou para Harta.
– Desculpe –, no entanto, o ar de Harta era desafiador. Parte do sumo aterrou no peito do encarregado e a outra parte caiu no seu uísque.
– Qual desculpe, estragou a minha bebida! Agora, paga! - gritou o encarregado limpando-se com um lenço.
- Desculpe, mas sou demasiado pobre para pagar a sua bebida – olhou para Bela e fez sinal de irem-se embora. Bela levantou-se rapidamente, espantada, nunca pensara que Harta pudesse reagir assim.
- O quê?! – o encarregado levantou-se deixando a cadeira cair.
O dono do bar colocou-se entre os dois homens.
– Vamos não se enerve! Acidentes acontecem. Eu ofereço-lhe outro copo de uísque. – o dono deu um pano ao encarregado para se limpar enquanto advertia Harta com o olhar.
Bela e Harta não esperaram a resposta do encarregado, saíram do bar e correram para a carrinha. Estavam a caminho de casa quando Harta avisou Bela:
– Não te quero mais perto daqueles homens! Ou de qualquer pessoa daquela plantação!
Ele estava tão furioso que Bela nem teve coragem de responder.
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Investigação na Indonésia
Mystery / ThrillerBela, subdiretora da Global, é enviada para investigar os estranhos incêndios supostamente causados pela sua empresa na Indonésia. Durante a viagem, ela perde tudo inclusive a sua identidade o que a leva a refletir sobre a sua vida e o que é importa...