𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲

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Hoje o meu professor de literatura falou que devemos aproveitar a beleza do caminho que fazemos não importa o quanto demore ou difícil que seja, e é isso que estou fazendo nesse momento, aproveitando as belezas do caminho

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Hoje o meu professor de literatura falou que devemos aproveitar a beleza do caminho que fazemos não importa o quanto demore ou difícil que seja, e é isso que estou fazendo nesse momento, aproveitando as belezas do caminho. Eu moro em uma cidadezinha cercada pela floresta onde todo mundo se conhece. Caminho pelas ruas, pelas pracinhas, pelas lojinhas, e tudo que consigo enxergar é verde. Um passo, um passarinho cantando, outro passo, o barulho das folhas das árvores. Tudo completamente e absurdamente calmo, mesmo com dez ou vinte pessoas andando por aqui, foi sempre assim, aqui todos gostavam de se dar bem um com o outro.

Entrei na lojinha de doces da senhora Mabel Lee e escutei o sininho da porta, automaticamente eu fui para a prateleira de chocolate e peguei o meu preferido, o de todos os dias.

— Boa tarde, senhora Lee! — A cumprimentei, chegando no caixa e pegando o dinheiro na minha mochila.

— Boa tarde, Alyssa. — Ela falou arrumando seus óculos que acabou de escorregar pelo seu nariz, já disse-lhe para levar a alguém para ajustar, mas ela é bem teimosa. — O de sempre de novo?

— A senhora ainda pergunta? — Perguntei dando risada. — Sabe que é o meu favorito.

Enquanto a senhora Lee contava o troco do dinheiro e eu batucava os dedos no balcão de madeira, o sino da porta fez barulho e eu olhei para lá. Um garoto tinha acabado de entrar, seu cabelo tinha a cor de carvão de tão preto e também estava usando preto dos pés a cabeça. Ele me olhou fixamente andando para um corredor e depois desviou os olhos com raiva, como se estivesse se repreendendo, nunca o tinha visto na cidade. Me virei de volta para o caixa e peguei o troco do dinheiro. 

— Eu sei que você ama esse chocolate, por isso que quando está acabando eu escondo atrás do balcão, para ficar especialmente guardadinho para você. — A senhora Lee falou e meu coração se derreteu.

— Ah, senhora Lee. Você é a melhor! — Eu sorri, peguei o chocolate e andei até a porta. Coloquei a mão na maçaneta e olhei novamente para o garoto que também estava me olhando, logo ele desviou o olhar e mexeu na prateleira na sua frente. — Até amanhã, senhora Lee!

— Até, Alyssa! — Ela respondeu e acenou.

Já lá fora, eu abri o meu delicioso chocolate louca para saboreá-lo enquanto fazia o caminho para casa e quando terminei, procurei uma lata de lixo e joguei a embalagem fora. Em um modo automático, passei a mão pelo meu pescoço e de cara senti falta do meu colar em formato de coração de ouro que meu pai me deu quando eu tinha 13 anos. Me lembro até hoje o que meu pai me disse quando me deu:

— Alyssa, me prometa que você nunca vai perder ou dar para alguém esse colar, ele é muito importante! 

Procurei no bolso do moletom, mas não o encontrei. Me desesperei e olhei para o chão, não estava aqui. Comecei a voltar o caminho por onde vim, tenho que achar este colar, nem que eu tenha que voltar à lojinha da senhora Lee. Cinco minutos passou e eu andei até a lojinha e não achei o maldito colar. Olhei em volta perdida, meu pai me fez prometer que não o perderia. Soltei um suspiro e já estava me rendendo quando senti uma mão no meu ombro, me virei no mesmo segundo, me deparando com aquele garoto que estava na lojinha. 

— Acho que isso é seu. — Ele falou me mostrando um colar, o meu colar.

Um alívio subiu pelo meu corpo e a tensão foi embora ao colocar os olhos no colar.

— Ah... sim, é meu. — Murmurei. — Onde estava?

— No chão da lojinha, na prateleira dos chocolates. — Ele respondeu, seus olhos eram intensos enquanto me olhava.

— Como sabia que era meu? — Eu perguntei curiosa e ele levantou suas sobrancelhas.

— Você não estava usando isso agora na loja? — Ele perguntou.

Certo, eu estava com o colar na lojinha, mas ele estava dentro do bolso do meu moletom, como ele soube que esse colar era meu?

— Estava. — Falei relutante. — Acho que caiu e eu não percebi, mas obrigada.

Ele continuou me olhando e não falou nada, parecia que me olhava como se já me conhecesse, comecei a ficar envergonhada pelo seu olhar intenso, ele percebeu e deu um pequeno sorriso vendo meu rosto ruborizado. Observando ele de perto, tenho certeza absoluta que ele não era dessa cidade no fim do mundo que eu sempre morei.

— Você é de onde? — Perguntei cerrando um pouco meus olhos.

— Lindos olhos. — Ele falou não respondendo a minha pergunta e me fitando intensamente.

Abri a boca para responder, mas eu travei. Ele pode ser uma pessoa ruim que quer se aproveitar de mim e fazer coisas horríveis. Ficamos nos encarando enquanto eu pensava em fugir, até que sem dizer nada, ele foi para trás de mim, eu fiquei confusa e então senti ele afastar uns fios de cabelo fora do meu coque, seu dedo quente raspou na minha nuca e segundos depois prendeu o colar em meu pescoço.

— Pronto. — Ele sussurrou com uma voz levemente rouca.

Fiquei nervosa, mas passei a mão pelo colar aliviada. Me virei para agradecê-lo outra vez, mas o garoto não estava mais ali. Confusa, eu olhei para todos os lados, mas ele já não estava em lugar nenhum. Sumiu, como fumaça.

 Sumiu, como fumaça

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