O que? — Ele se perguntou, confuso.

Os olhos de Shawn se encheram de lágrimas quando o jovem correu em sua direção e pulou em seu colo. O momento em que seu descendente tocou seu corpo foi uma experiência além do transcendental, onde a linha entre o real e o espiritual se desvanecia. Mateo, em seus pequenos braços, emanava uma energia peculiar, algo que escapava à compreensão racional. O pequeno, em sua simplicidade infantil, era a ponte entre dois mundos.

Enquanto Shawn tentava processar a complexidade da situação, uma sensação de inquietação se instalava em seu peito. Mesmo ausente fisicamente, estava ali, presente nos olhos de seu filho. Mendes, paralisado, mal conseguia acreditar no que estava testemunhando. O coração batia descompassado, enquanto ele processava a ideia de que seu filho estava vendo além do véu da realidade.

Mateo, você está me vendo? — Perguntou, retoricamente, com a voz embargada.

No instante em que o menino assentiu, Shawn, finalmente, o envolveu em seus membros superiores, uma onda de emoções intensas percorrendo o ambiente. O aperto firme revelava uma carga de sentimentos que palavras não poderiam capturar. Cada milímetro do abraço era impregnado com a intensidade de uma conexão que ultrapassava as limitações do plano terreno. Era como se, naquele momento, o tempo se curvasse diante da eternidade.

O olhar da alma, embargado pela emoção contida, refletia um turbilhão de memórias e anseios. O brilho nos olhos, um testemunho silencioso da alegria em reencontrar seu filho, ecoava pelo quarto. A presença espiritual de Shawn, agora manifestada no abraço, envolvia Mateo como um manto caloroso.

A respiração do mais velho, cadenciada pelo peso do momento, misturava-se ao silêncio reverente que pairava no ar. O toque dos seus dedos nas costas de Mateo transmitia uma ternura que transporia as barreiras entre o visível e o invisível.

O garoto, por sua vez, absorvia cada sensação, como se pudesse sentir não apenas o toque físico, mas a essência do espírito de seu pai. Seu corpo miúdo estava imerso na força reconfortante daquele abraço, como se fosse um portal para uma dimensão onde a presença de Shawn era eterna, esse que não podia evitar sorrir entre as lágrimas. Ele segurava Mateo perto de seu coração, como se nunca quisesse deixá-lo ir. Nesse instante, eles eram apenas um pai e seu filho, juntos novamente, onde a morte não podia separá-los.

Os beijos que Mendes deixava no mais novo eram gentis e repletos de emoção. Ele tocava os lábios na testa do garoto, mostrando o quanto era especial. Selava a boca nas bochechas, como se pudesse recuperar todos os beijos que tinha perdido e ainda iria perder, e na cabecinha de Mateo, enchendo-o de amor e aconchego.

— A mami disse que você não ia voltar mais, que tinha virado uma estrelinha — Mateo disse, quando Shawn sentou com ele no colo.

Estava confuso, afinal, Camila havia explicado há pouco tempo que seu pai se tornara uma estrelinha no céu e não voltaria mais. E, agora, ali estava ele, segurando-o nos braços, beijando seu rosto. Ele olhava para o rosto de seu pai com olhos grandes e cheios de perguntas.

Como isso poderia acontecer?

Shawn fitava seu filho com amor, sabendo que precisava encontrar uma maneira de explicar essa situação complicada. Ele acariciou a bochecha com delicadeza e sussurrou com voz suave:

Pequeno, às vezes, as coisas são tão difíceis de entender que parecem mágicas. Você lembra quando brincamos de faz de conta? — Ele assentiu. — Então, às vezes, a vida é como brincar de faz de conta!

Never Be Alone [Camren]Where stories live. Discover now