Perfeitamente capaz!

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  DEZESSETE DE FEVEREIRO (Quintal dos Cullen)

- Carlisle.

- Apereceram cinco mortos na última noite. - Explica Seth. Eu e Snow trocamos um olhar rápido - Foram jogados no rio, mas dava para perceber a causa da morte.

De repente, Paul se vira para nós de novo, interrompendo Seth, olhos arregalados e pelos arrepiados. Me lembro do que Jacob disse sobre ele: "Perde o controle fácil..."

- O combinado era vocês ficarem aqui, e se alimentarem apenas de animais!

- Paul... - Tento controlar meu tom de voz mas Paul logo me interrompe também.

- Não conhecemos essa aí, e nem concordamos que estava tudo certo em trazer mais dessas coisas para cá. - Fala, apontando com o dedo para Snow.

Eram nesses momentos em que eu prezava mais meu autocontrole.
Abro a boca para falar, mas logo sou interrompido novamente, dessa vez por Snow.

- Eu não matei ninguém!

Paul se vira para ela no ato. Sua respiração estava acelerada e ele já suava muito, e eu sabia que se ele não se acalmasse logo teríamos problemas.

- Eu posso sentir o cheiro... - Seus olhos percorreram o corpo dela, me fazendo fechar as mãos em punhos. Seu olhar pousou em sua blusa. Levei meu olhar para lá no mesmo instante e vi respingos de sangue na mesma.

Droga.

- Isso não é o que você está pensando...

Ele começou a dar passos na direção dela, ameaçador. Num instante, me coloquei na frente dela.

- Carlisle, eu não quero te machucar... - Ele não falava mais, rosnava.

- Eu posso explicar. Snow, vá para dentro. - Digo, já imaginado o que estava por vir.

- Não! - Ela responde na hora, com convicção.

Viro o rosto para olhá-la. Agora não era hora de bancar a teimosia Snow...

- Por favor... - Digo, com uma expressão suplicante.

Ela pareceu cogitar dizer não novamente, mas sua expressão suavizou quando a olhei, e ela apenas assentiu, saindo devagar.

Me voltei para Paul, ele ainda olhava para ela como um predador.

- Aquele sangue é de uma bolsa que eu peguei no hospital - Explico, tentando chamar sua atenção para mim. Mas ele não parava de olhá-la, e aquilo já estava me irritando...

- Então ela bebe sangue humano? O combinado era se alimentarem apenas de animais!

- Eu estou tentando adaptá-la ao sangue animal...

- E o que garante que ela não perdeu o controle durante a noite? - Pergunta, se virando para mim finalmente.

- Ela é metade. Não sente fome o suficiente para isso. - Ele franzi a testa.

- Metade?! Mas... Quem a criou? - Pergunta Seth.

- Não importa. - Volto minha atenção para Paul que parecia estar mais calmo.

- Eu não entendo... Se não foi ela, significa que há outros de vocês na cidade.

- E eu posso te garantir que não faço a mínima ideia de quem seja.

- Snow White.

Eu estava andando em círculos a mais de 10 minutos. Não conseguia ouvir direito o que diziam, só em partes. Hora ou outra olhava pela janela para ver se estava tudo bem.
Por quê mesmo eu vim para dentro? Como eu podia ser tão fraca?!
Eu sei que ele me pediu para entrar com boas intenções, mas eu não gostava da ideia de ser colocada no escanteio. Ele me achava incapaz, mas eu não era! Tudo bem que eu não sou grande coisa, mas também não sou um bebê indefeso.
E aquele cara... Ele estava me acusando de tantas coisas sem nunca ter trocado nem uma palavra comigo!
Mas ele não parecia ser alguém ruim, estava só tentando proteger as pessoas, e eu era a suspeita mais forte. Havia também o que Carlisle disse sobre a inimizade entre vampiros e lobos... Mas isso era tão injusto!

Ouço a porta da frente se abrir e tento me acalmar, sentando no sofá.
Carlisle entra na sala sem dizer nada, nem ao menos me olhar. Então eu começo a batucar o pé no chão, tentado controlar meus nervos.
Eram tantos pensamentos passando como um turbilhão pela minha cabeça: sobre o que eles falaram exatamente depois que eu saí? Será que haviam se entendido? E quem estaria causando as mortes? Seria mais de um vampiro? Algum Vulturi? E tinha também o nosso momento estranho antes dos garotos chegarem...

Sou interrompida pela voz de Carlisle.

- Faça suas perguntas logo, antes que eu seja obrigado a pregar seus pés no chão!

Ignoro sua irritação e começo.

- Por que me fez vir para dentro? - de tantas perguntas, por que logo aquela?! Mas havia tanta coisa, que quando me dei conta já estava jorrando palavras da minha boca - Me acha fraca? Acha que eu não sei lidar com uma discussão? Não me acha capaz de ajudar? Me considera incapaz! Me acha descartável! - Eu já nem perguntava, afirmava.

- Eu... - O interrompo. Eu já havia começado e iria terminar.

- Só porque não consigo te derrubar, não significa que sou incapaz ou fraca! Eu sou perfeitamente capaz de tomar minhas próprias decisões e de contribuir com certas coisas, então não me descarte como se eu fosse uma carta branca! - quando me dou conta já estava de pé. Me acalmo e sento novamente.

- Eu não te acho incapaz. - Ele começa e eu o encaro - Bom, talvez eu tenha sido injusto ao te pedir para entrar, mas não era a minha intenção te ofender, eu só estava com medo de que algo ruim acontecesse. - Esclarece e eu franzo um pouco o cenho. Ele estava preocupado comigo?

- Eu não preciso que todos me protejam...

- Eu sei - Me interrompe, parecendo sentir medo de que eu me descontrolasse novamente - E te acho perfeitamente capaz de se cuidar sozinha. Prometo que não irá se repetir. - Garante, e eu sinto meu rosto suavizar um pouco. - Mais perguntas?

- Sim! - Exclamo, me lembrando instantaneamente das outras questões - Eles ainda acham que foi eu quem...?

- Não, eu já esclareci tudo.

- E tem alguma ideia de quem possa ter sido?

Ele pensa por um momento.

- Não de alguém em particular, mas eu acho que logo saberemos. - Assinto, entendendo o que ele queria dizer.

- Acha que virão aqui?

- Eu acho que não devemos baixar a guarda.

Ficamos alguns minutos em silêncio, cada qual com seus pensamentos, até ele falar.

- Eu sei que você não se sente a vontade, mas acho que deveria praticar um pouco suas habilidades. - Diz, de forma cautelosa.

Ele tinha razão. Eu não era muito boa na luta, e mesmo que fosse, se eu conseguisse dominar melhor meus "poderes", ajudaria bastante.

- Eu vou praticar. - Digo, e me levanto em seguida. - Mas agora eu preciso de um banho, deve ter pelo menos um quilo de terra no meu cabelo. - Ele apenas assenti e eu sigo para o quarto.

Meu cabelo estava sujo, mas aquele não era o principal motivo para eu ter saído de lá.

A verdade era que eu não parava de pensar na sensação do corpo dele tão próximo ao meu...

Querido Carlisle...Existem segundas chances?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora