I'm sorry alexia

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Camille Crawford  Point Of View.


       Incrível como as coisas poderiam mudar em segundos, com um piscar de olhos. Não fazia ideia de como seria adiante, em como nossa “relação” ficaria com os últimos acontecimentos. Não posso mentir que estava esperançosa de que ocorresse tudo bem, uma grande parte de mim, desejava imensamente que Laura ficasse comigo, que enfim, pudéssemos construir uma história juntas e o mais importante de tudo, que jamais  ficássemos afastadas de novo . Sentia uma necessidade de estar com Laura, de sentir seus toques, seu perfume irresistível, seu carinho, seu olhar tão penetrante que me fazia a mulher mais sortuda de toda Los Angeles. Só ela sabia como fazer isso, como me fazer sentir amada, especial.

      Depois dessa noite que tivemos eu não tinha dúvida alguma do quanto a amo, do quanto estou completamente apaixonada por Laura Jackson. Em todos esses anos nunca pensei que me sentiria tão impactada por alguém que não fosse o Henry, ele sempre foi a minha pessoa, pensei em dividir tudo com eles, e por longos anos foi assim, mas quando a vi, tão linda, eu tentei negar todo esse sentimento, essa euforia de estar em sua presença, ela me fez ficar nas nuvens, uma verdadeira boba apaixonada, era uma mistura de sentimentos e que eu estava adorando essa sensação, durante anos não me sentia tão bem, tão feliz e não queria que isso acabasse nunca mais.

    Um sorriso se formou nos meus lábios assim que visualizei a morena ao meu lado dormir como um anjo, Laura parecia estar em um sono tão bom e não mexi um músculo para não acordá-la, seus cabelos estavam levemente bagunçados e algumas mechas caiam em seu rosto, seus lábios rosados era uma tentação para mim, deitada ali, observando ela eu descobri que a perfeição existia. Estava bem ao meu lado.


   Estava tão feliz em saber que ontem conseguimos nos acertar, isso estava me atormentando há semanas e quando Laura  escutou tudo que eu tinha pra falar e me beijou, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo, mais leve e com um peso tirado das costas. O nervosismo acabou e foi completamente invadido pelo a excitação e  prazer. Dizem que o melhor combustível é a saudade. E não posso mentir que estar com aquela mulher, era algo surreal. Laura me fazia sentir coisas tão intensas principalmente quando estamos desfrutando de momentos íntimos, é um encaixe perfeito.

    Soltei um longo suspiro ao perceber que estava há muito tempo observando ela. Hesitante retirei o seu braço que estava repousado em minha cintura e sai da cama, mordi o lábio inferior vendo Laura se mexer na cama mas relaxei percebendo que ela não abriu os olhos. Prendi o cabelo e fui até o closet, peguei uma blusa grande da morena com uma estampa de um violão, sorri ao sentir o perfume forte na blusa, vesti o tecido que tinha um cumprimento até metade das minhas coxas, suas roupas eram maiores por ser consequentemente mais alta que eu. Dei uma última olhada na morena dormindo e sai do quarto. Faria uma surpresa para ela, sentia a vontade de agrada-la mesmo que isso custasse o meu desastre na cozinha, mas tentaria preparar algo de bom para nós. Aliás, estava bem humorada aquela manhã.

    Em segundos eu já estava na cozinha de Laura que por sinal, era tão aconchegante quanto os outros cômodo da casa. Procurei por uma frigideira e peguei alguns ovos na geladeira, iria preparar uma coisa mais fácil e prática, tinha receio de destruir com a cozinha dela. Enquanto preparava, as lembranças de Laura e eu durante a noite se fizeram presente, não sabia como reagir a tantas emoções ao mesmo tempo, era um turbilhão de coisas mesmo sendo tão confuso e novo era bom, era bom demais sentir isso. Como demorei tanto para me entregar a essa mulher? Como passamos tanto tempo afastadas? Se o que mais precisávamos era uma da outra.

- Essa blusa fica mais bonita em você do que em mim. - Meu sorriso aumentou ainda mais ao ver Laura no batente da porta, a morena estava com os cabelos levemente bagunçados, usava uma blusa de alguma banda de rock desconhecida por mim e um shortinho de algodão, mesmo "normal" era tão sexy. - Apesar de eu gostar de você sem nenhuma roupa. – Concluiu com um sorriso malicioso.

Deu alguns passos a frente e logo se aproximou de mim, abraçou minha cintura se mantendo atrás do meu corpo, desliguei o fogo do fogão ao perceber que os ovos estavam prontos. Mordi os lábios ao sentir seu corpo tão próximo ao meu, eu mal conseguia raciocinar alguma coisa com Laura  tão próxima assim. Minha mente projetou cenas da noite passada, a morena foi tão cuidadosa e ao mesmo tempo, tão saliente.

- Eu gostei dela...Tem seu cheiro. - Sorri e fechei os olhos ao sentir suas boca no meu pescoço assim que afastou o meu cabelo da região. - Droga, o café da manhã era pra ser uma supresa... – Acabou saindo como um sussurro, já que me encontrava inebriada com sua boca em meu pescoço.

- Camille Crawford cozinhando pra mim...é uma honra. - Seu hálito quente na minha pele fez com que meu corpo todo se arrepiasse. Meu corpo ficava rapidamente entregue ao seu.

- Mas com você aqui me desconcentrando não vou conseguir fazer nada. - Abri meus olhos e me virei ficando de frente pra você, suas mãos ainda estavam em minha cintura e assim que nossos olhares se conectaram eu me senti um pouco perdida naquelas íris verdes.

- Eu te distraio? - arqueou uma das sobrancelhas e seus olhos observaram meus lábios expandirem em um sorriso. Seu cinismo aquela manhã, estava surreal.

- Sim. Você é uma distração pra mim Jackson. - coloquei minhas mãos em volta de sua nuca e aproximei o meu rosto do seu para depositar um selinho demorado. - Agora vai tomar um banho, é o tempo que eu consigo fazer alguma coisa pra comer.

- Vem comigo... - Choramingou de olhos fechados e senti suas mãos descerem da minha cintura até minha bunda onde fez questão de apertar.  Seus olhos abriram rapidamente me encarando, eu podia ver desejo e luxúria neles. - que porra Cami! Está vestida só com a blusa? - Meu sorriso se expandiu em satisfação.

- Deixa de ser safada e vai logo tomar o banho, pelo o que sei você ainda trabalha no Coffee, certo? - Falei me afastando da mulher que murmurou frustrada em saber que não teria o que desejava, não naquela manhã.

- Sim...também consegui um trabalho em uma escola de música, Diana conseguiu pra mim. – Ela comentou dando de ombros. Fingi estar surpresa.

- Isso é ótimo...você gosta de crianças, tô feliz por você. - A arte do cinismo.

- Não disse que era com crianças... - Laura tinha um sorriso no rosto vitorioso. Como se acabasse de fazer um xeque-mate e talvez tenha sido bem isso pra ela.  - Sei que está envolvida com isso...te conheço Crawford. - Sorri mais ainda e lhe dei um último selinho antes da mesma voltar para o quarto e tomar um banho.

Laura sempre me fazia sorrir como uma boba, já havia se passado alguns minutos que ela foi para o banho e eu não parava de sorrir terminando de preparar o café da manhã e nem me dei conta de que também cantarolava uma música romântica do Ed Sheeran, cantor no qual sempre gostei das músicas e adorava cantar enquanto tocava violão. Parei com a cantoria bem no refrão ao escutar o barulho da companhia, soltei um longo suspiro e sai da cozinha indo até a porta.

- Por que não atende minhas... - Assim que abri a porta dei cara com Alexia, ela começou a falar mas sua expressão surpresa fez com que a mesma não terminasse a frase. No instante em que me viu, ela  avaliou a roupa que eu usava. - Oh...pensei que fosse a Laura.  - Disse.

- Ela está no banho. - Falei sem graça e incomodada por ela está ali.

Sabia que Laura e ela estavam tendo um envolvimento mas não podia esconder o incômodo que eu sentia em pensar nas duas juntas, alexia parecia bem familiarizada com ela principalmente por conhecer Laura a mais tempo que eu e também por ter um vínculo com Becca. Mesmo sabendo que não deveria sentir, eu estava me acabando de ciúmes por dentro.

- Camz, quem é? – Laura gritou no fundo e quando não obteve resposta, apareceu na sala e eu apenas me afastei para que lhe desse a visão da loira nos degraus de sua escada, um tanto confusa aparentemente. Laura agora estava vestida com uma calça e uma blusa listrada branca com preto. Seus cabelos úmidos comprovava que a mesma acabará de sair do banho.

- Oi Laura. - Alexia disse com nenhuma expressão em sua face. Seu olhar se manteve em direção a Laura mas logo se desviaram.


Deveria me sentir culpada, mas não me sentia.

- Alexia... - Laura estava sem graça e parecia se sentir muito culpada.

- Eu vou deixar vocês a sós - Falei e me retirei da sala, percebendo que as duas apenas olhava uma pra outra sem dizer nada. A tensão na sala estava altíssima e as duas tinham que resolver.


Laura Jackson Point Of View.

Estúpida, idiota, como poderia ter feito isso? Me sinto a pessoa mais ridícula do mundo, esqueci totalmente de Alexia, de como iria se magoar com isso e realmente pensei que teria tempo de conversar com ela sobre o que aconteceu, mas a loira apareceu essa manhã na minha casa e deu de cara com Camille, logo a Latina que falei tanto que nunca mais me envolveria e pretendia esquecer. Eu sequer conseguia olhar para Alexia, me sentia culpada e uma idiota por ter envolvido ela a isso, fazer ela passar por isso depois das coisas que passamos juntas. De todas as pessoas, ela era a última que queria magoar.

A loira sempre foi tão atenciosa e gentil comigo que só de olha-la, a culpa me corria por dentro.

- Vejo que se acertaram. - Alexia falou em um tom amargo e deu alguns passos para frente adentrando em minha casa. - Por que me sinto surpresa? – Questionou e deixou que um riso nasal saísse em ironia.

- Alexia...se eu pudesse...

- Voltaria atrás? Não Laura, sabemos que você não voltaria. - Seus olhos azuis mostravam a decepção e engoli em seco com suas palavras, eu merecia toda a raiva que a loira sentia por mim, o que eu fiz não era admissível. Principalmente com Alexia que sempre me apoiou e me ajudou. - Eu só precisava que fosse sincera comigo...assim me machucaria menos.

- Foi inesperado - Dei  passos a frente hesitante em olha-la nos olhos, me sentiria ainda mais culpada. - Eu não queria te envolver nisso, fui uma idiota por ter feito isso.

- O que me chateia é que ela te magoou, te fez sofrer por semanas e do nada volta e você desculpa ela...como se nada tivesse acontecido. - Gesticulou apontando para a porta da cozinha ao falar "ela" se referindo a Camille que com certeza estava escutando tudo da cozinha. - Sinceramente Laura, eu desejo que você não quebre a cara outra vez, por que sei o quanto você sofreu.

- Eu só quero te pedir desculpa por isso. E-eu - Não consegui terminar a frase e observei o sarcasmo em seu riso sem humor.

- O amor deve ser cego mesmo – Disse de forma áspera. Nunca a vi daquele jeito e apenas escutei, ela não era daquele jeito. Sua mágoa havia afetado demais. Assim, sem dizer mais nada, Alexia se virou e saiu, através da abertura da porta eu podia ver a loira passar pelo o Jardim da minha casa, suas mãos passaram pelo o seu rosto e antes que a mesma entrasse no carro eu vi seu rosto vermelho, Alexia estava chorando e aquilo mexeu comigo, eu causei aquilo, estava fazendo a loira sofrer e por alguns instantes eu fiquei observando a porta aberta da minha casa percebendo que Alexia já havia saído com o carro a muito tempo.

- Está tudo bem? - Ouvi a voz de Camille e olhei para a Latina no batente da porta que dava pra cozinha. Assenti e soltei um longo e cansado suspiro.

- Eu sou uma idiota. - Falei indo até a porta e a fechei.

- Você não é uma idiota Laura. Estávamos confusas e é péssimo que pessoas saíram magoadas disso tudo. – Ela disse se referindo a alexia e talvez o Henry. – Mesmo que isso soe egoísta, estou feliz que tenhamos nos encontrado novamente e finalmente estamos bem...- A Latina se aproximou.

- Você não entende...Alexia Foi uma grande amiga pra mim, me ajudou em momentos ruins...sempre foi legal e agora ela me odeia. - Fechei os olhos e lembrei do olhar magoado da loira.

- Entendo que se aproximaram...mas Ela ficaria machucada da mesma forma quando soubesse Laura...você não poderia evitar isso. - Camille colocou suas mãos no meu rosto e abri meu e olhos fitando os seus castanhos.

- Eu vou tentar conversar com ela depois... - Falei agora mais relaxada diante do toque da Latina.

- Agora vamos comer porque estou morrendo de fome - Puxou minha mão e se direcionou até a cozinha.

***

Foi difícil ter que largar Camille pra ir ao Coffee, mesmo sabendo que eu estava atrasada e Lucy falaria horrores eu me encontrava totalmente relutante pra soltar a veterinária, tivemos uma noite tão agradável e repleta de carinho e desejo, Camille me fazia delirar literalmente, a Latina tinha total poder sobre mim. E quando disparou que estava apaixonada por mim, eu simplesmente não tive palavras eu apenas queria beija-la ali, nem sequer pensei nas consequências ou pensei em Alexia. A loira saiu tão triste e magoada da minha casa, tudo que eu menos queria era magoa-la mas foi exatamente isso que aconteceu. Pretendia falar com ela em algum momento quando estivesse mais calma. Mesmo que soubesse que jamais pudesse voltar a ser como antes.

Camille e eu passamos algumas horas em conversas aleatórias e risadas, me sentia muito feliz e confortável com a Latina, sua risada era tão gostosa de se ouvir, que poderia passar horas apenas ali com ela, mas infelizmente, a veterinária teve que voltar para a sua casa, alegou que teria algumas coisas pendentes e me senti aliviada ao saber que a Latina finalmente pediu o divórcio a Henry, poderíamos engatar em um relacionamento sem receio ou com culpa de estar traindo alguém e isso me deixava mais confiante, finalmente as coisas estavam começando a darem certo para nós.

Entrei no Coffee percebendo o movimento leve, estranhei, na segunda sempre tinha um grande número de clientes. Passei pelo o balcão visualizando Verô embrulhar alguns donuts.

- Pelo os chupões e o sorriso bem humorado a noite foi bem agitada né. - Verô sorriu ao me ver colocar o avental para ajuda-la. - Não sabia que Alexia era tão ousada assim na cama. - balancei a cabeça negativamente, pensando se deveria contar a verdade. Mas deixaria acharem que eu estava com Alexia assim como das outras vezes, a loira estava com frequência em minha casa e realmente, era prazeroso estar com ela mas ninguém, ninguém superava a Latina. Um sorriso se formou em meus lábios no momento em que Camille apareceu nos meus pensamentos.

- Ihhh já percebi que alguém transou - Lucy apareceu com uma bandeja em mãos. - Ao menos alguém transou... - Minha amiga lançou um rápido olhar para Verô que antes tinha um sorriso mas agora ele se desfez com a presença de Lucy.

- Vocês duas estão brigadas? - Perguntei assim que percebi o clima tenso das duas.

- A Verô que é infantil! - Lucy deu de ombros e repousou a bandeja no balcão. Eu apenas alternava o meu olhar entre as duas. Era estranho vê-las assim, já que as duas sempre foram muito grudadas até mesmo antes de engatarem em um relacionamento.

- Eu só acho que em um namoro, a pessoa não esconde nada da outra. - Verô se manifestou visivelmente irritada. Até parei o que estava fazendo para entender o motivo da discussão das duas.

- Como eu iria saber que você ficaria com raiva por que eu fiquei com a Naomi? Foi há muito tempo verônica e não estávamos juntas. - Lucy expôs me fazendo arregalar os olhos. Aquilo era novo pra mim.

- Não importa, era pra ter falado! Te contei sobre todas as mulheres próximas que transei.

- Eu não transei com ela verônica! - Lucy revirou os olhos. - Só foi alguns beijos.

- Me falasse antes! Fala sério! Saímos juntas várias vezes e já posso imaginar que poderia até clima entre vocês ainda. – verô insinuou e aquilo pareceu deixar Lucy bastante indignada, já que estava bem controlada.

- Não seja idiota! Eu jamais ficaria com ela estando com você. E não é como se estivesse apaixonada por ela.

- Um relacionamento tem que ser transparente em tudo.

Lucy mordeu o lábio com força se controlando. Ela largou no balcão a pequena flanela que segurava e passou por nós duas.

Era aquela situação que tinha receio. Quando comecei a notar que as duas estavam se envolvendo, a minha maior preocupação era se Chegassem a dar um fim, como ficaria dividida, não poderia tomar partido em ambos os lados.

    Algumas horas depois, aproveitei que Verô estava no salão atendendo alguns clientes. Entrei na cozinha e vi Lucy enxugar alguns pratos que acabará de lavar. Ela parecia distraída mas ao notar minha presença, tentou um meio sorriso. Me senti culpada por está tão presa em meu problemas que sequer notei que minhas melhores amigas estavam brigadas.

- Você ficou com a Naomi...não sei se te dou um tiro por não me contar ou se te dou os parabéns. – Comentei ao me encostar próxima a uma mesa que costumávamos aprontar os pedidos.

Além de nós, havia duas pessoas que trabalhavam ali, Dorota, um senhora de cinquenta anos que preparava os pães e algumas outras guloseimas, dava para vê-la tão concentrada em enfeitar alguns bolos que sequer notou nossa presença na cozinha. Já, o Jamie era o funcionário mais recente do Coffee, ele era o aprendiz da Verô, bom, era como chamávamos ele. O garoto de dezenove anos cuidava das entregas, quase não ficava por muito tempo no estabelecimento. Sua rotina devia ser bem cansativa, já que recebíamos vários pedidos pra entregar.   

- Isso faz muito tempo, Laura. Veronica viajou com esse assunto. – Lucy não me olhou.

- Olha, não é defendendo, acho que as duas estão sendo precipitadas, mas no lugar da Veronica ficaria chateada também mas, não seria pra tanto.

- Não é como se fôssemos ser um trisal.

- Não seria um má ideia. – Brinquei a fazendo desmanchar a expressão chateada do seu rosto, ela riu.


***

   Sinto que encontrei a minha vocação ideal, foram apenas alguns dias ensinando aqueles baixinhos para que eu pudesse me apaixonar de imediato. Eu sempre gostei de ensinar Becca aos seus dois anos de idade, desde pequena minha filha adorou o violão e se mostrava muito atenta a cada instrução que eu dava, com sua atenção ela conseguiu aprender em pouco tempo e na escola sempre se prontificava a fazer apresentações fofas que me fazia chorar em todas.

O violão para mim tinha um significado grande, principalmente o meu consolo quando me sentia mal, era só pegar o instrumento e deixar que meus dedos se posicionassem nas cordas e deixar a melodia fluir, era mágico, singelo, emocionante e sempre me fazia bem. Me recordo perfeitamente do dia que ganhei o meu primeiro violão, tinha treze anos e ainda estava no ensino fundamental, eu sempre me interessei pela a música e gostava de assistir vídeos de pessoas tocando violão no YouTube, mesmo não tendo o instrumento eu tentava pegar todos os passos e quando ganhei do meu pai um nylon, eu não precisei fazer aulas. Não teve um dia que eu não levasse o meu violão para a escola, era mais fácil esquecer as roupas do corpo do que o instrumento, todos os dias eu aprendia tocar alguma música e me mostrava empolgada para os colegas da escola.


- Vamos lá pessoal, de novo - Arrumei o violão em meu colo e olhei para as crianças atentas a minha frente, como eram novas, resolvi começar bem do básico como os nomes das cordas do violão, nomenclatura de todo o instrumento que é muito necessário e por último seria de fato a prática, mas eu já percebia alguns rostos frustrados por chegar na sala e saber que não começaria tocar. Não os culpava, quando criança eu também era bem eufórica.

- A primeira corda é... - Direcionei meus dedos para a primeira corda do violão.

- Mi. - Ouvi um coro de vozes animadas algumas nem tanto já que eu sempre repetia isso a eles. É essencial memorizar. Ainda mais com crianças. A facilidade em ensinar veio bem no comecinho da maternidade, em que peguei Becca pela a primeira vez, seus olhos castanhos brilhavam em curiosidade. Era magnífico, ver a minha pequena dando seus passos, falando, tocando...

- Quando vamos tocar? Eu já aprendi tudo isso. que chato!

Ouvi a voz de um garotinho e olhei bem atrás de uma garotinha ruiva e vestidinho florido, estava o garoto. Aparentemente tinha uns treze anos e tinha expressão de tédio com os cotovelos apoiados na carteira escolar, ele tinha os olhos azuis e algumas sardas espalhadas principalmente abaixo dos olhos. Como ele, ouvi alguns concordarem também.

- Como é seu nome? - Falei curiosa e levantei do banco alto que estava sentada.

- Sebastian. - O menino murmurou indiferente e continuava com a mesma expressão.

- Eu entendo a ansiedade de vocês, mas tocar um instrumento principalmente o violão, requer muita calma e a aprendizagem tem suas fases... todo mundo passa por etapas na vida para no fim colocar em prática tudo que aprendeu.

Disse com a maior tranquilidade, o menino se remexeu na carteira e assentiu com a cabeça. Logo depois disso, avisei que quem conseguisse decorar tudo, no final da aula teríamos um tempo para nos dedicar a prática.

Resultado: foi um desastre já que nenhum ainda estava preparado. Sebastian foi o primeiro a falar que queria aprender tudo antes de tocar novamente.





Estava agora com o carro estacionado em frente ao prédio da ONG de Camille, enquanto esperava pela a Latina aproveitei para registrar o céu com um coloração alaranjada naquele fim de tarde, era tão lindo aquela imensidão com cores amarelas e laranja com o contrate das nuvens que eu poderia ficar observando todos os dias aquela imagem perfeita. Me encostei na porta do carro e peguei o celular no meu bolso quando senti o aparelho vibrar.

Camz:
Você já chegou?

Camz:
Calma que eu já estou saindo...

Sorri ao ler as mensagens de Camille, desde que nos afastamos de manhã, não parávamos de trocar mensagens, as coisas entre nós estavam fluindo perfeitamente e eu tinha até receio de que algo desse errado. Me apressei em responde-la e voltei a colocar o celular no bolso, observando algumas pessoas saírem do prédio com a esperança de que uma delas fosse Camille. Eu mais parecia uma adolescente apaixonada em seu início de namoro. 

A Latina me falou hoje mais cedo que começaria com a rotina novamente no trabalho, de acordo com ela a sua recuperação foi boa e já se encontrava perfeitamente bem. Apesar de eu não estar tão convencida disso resolvi não questiona-la. Percebi a sua animação quando falou que voltaria a tratar dos animais, seus olhos se iluminaram, sabia como Camille adorava sua profissão e o quanto se dedicava a isso, deveria ser torturante para ela ficar longe.

- Eu já te falei que você fica muito sexy nessa jaqueta preta? - Sai dos meus devaneios ao ouvir a voz de Camille, deixei que meus olhos focassem na Latina que se aproximava. Meu sorriso se expandiu quando ela se aproximou o suficiente pra depositar um selinho nos meus lábios.

- Devo usar elas mais vezes então. - Agarrei sua cintura como força do hábito e com a necessidade de mantê-la por perto.

- Deve assim. - Mordeu os lábios e me fitou com aqueles castanhos intensos. - Obrigada por vim...não posso abusar muito do meu motorista.

- e abusa de mim? - fingi indignação fazendo a morena sorrir.

- Você tem algum problema em eu abusar de você? - Arqueou a sobrancelha e curvou os lábios em um sorriso maroto.

- Nenhum... - dei um selinho em seus lábios carnudos e voltei. - Já tem planos pra hoje a noite?

- Não...vai me chamar pra sair é? - Perguntou ao se afastar de mim para entrar no carro, sorri e me juntei a ela dentro do veículo.

- Sim...estava pensando em te levar a um lugar. - Coloquei o cinto e liguei o carro.

- Laura Jackson  vai me levar a um encontro?

- Sim, vou leva-la a um encontro. - Sorri e carinhosamente repousei minha mão sobre sua coxa.

Me sentia tão bem em estar com a Latina que qualquer coisa que fazíamos ou falávamos era motivo para sorrisos, sentia meu coração bater tão rápido perto da morena que me sentia a pessoa mais boba de tão apaixonada, isso era bom, era delicioso o sentimento de paixão.

Eu estou completamente apaixonada por Camille.


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