Me perdoa?

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Giovana não tinha tantas memórias do coral, como gostaria de ter

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Giovana não tinha tantas memórias do coral, como gostaria de ter. Ela se lembrava da roupa horrorosa que era obrigada a usar, se lembrava de ficar horas ensaiando uma única música e se lembrava de algumas meninas. Obviamente, Maria Luísa Fernandes era uma delas.

Sobre sua convivência com Malu? O que ela poderia dizer... A garota Campos sabia que não era boa, porém se lembrava vagamente do que poderia ter sido tão ruim. Só podia ser uma coisa muito ruim, né? Porque do jeito de que Malu agia, Giovana só podia ter a sequestrado e trancado dentro de um almoxarifado a impedindo de cantar. Só podia ter dito na cara dela que a odiava e mandado ninguém falar com ela.

E convenhamos, esse não era o caso.

Entretanto, a garota em chamas sabia que tinha agido mal com a menina, sobretudo ali no acampamento. Muitas vezes apenas pagando na mesma moeda, mas sem dar a mínima para o sentimento alheio.

E mais uma vez, convenhamos, a falta de responsabilidade emocional é um dos grandes problemas desse século.

Só que Giovana Campos havia passado pelo seu efeito Alice no País das Maravilhas. A garota perdida de semana passada não era a mesma garota dessa semana, que queimava gloriosamente nas chamas do autoconhecimento.

Ela agora sabia do caminho que tinha que trilhar e sabia que tinha que enfrentar os seus medos em prol dos seus sonhos. E a Clave sabia que de alguma forma a Melódica de Taubaté estava entrelaçada na sua história. As duas estavam ligadas desde os seus cinco anos de idade. Cada uma teceu uma parte do caráter da outra, mesmo sem intensão.

Giovana realmente se lembrava de cantar muitos solos, e alguns flashes de Maria chorando por não ter sido escolhida preenchiam sua memória vez ou outra. Assim como o desejo cruel de Malu em querer avidamente o sofrimento da clave de sol. Ou o primeiro confronto na aula de canto. E como ela nem hesitou em desafiar a garota em chamas a cantar.

Se fosse antes, ela mandaria aquela situação ir à merda, mas agora ela só queria entender. Entender o que ela tinha feito de tão ruim. Tinha que ter uma explicação. Ok, ela sempre fora uma pessoa temperamental, desde criança e, segundo os apontamentos de Gustavo, ela tinha sim praticado o bullying. Mas Giovana Campos sentia que havia algo mais e pressentia que um grande embate precisava acontecer.

E meus queridos, isso estava próximo.

Afinal, o universo não havia juntado as duas novamente (depois de anos), as feito interferir diretamente uma na vida da outra, pra terminar assim: sem um grande evento.

Sem um grande acerto de contas.

— A gente não achou relevante comentar. – Respondeu Nanda retirando a ficha das mãos da garota em chamas. Giovana a olhou ceticamente.

— Ta bom, agora é a parte que eu finjo que acredito e deixo pra lá?

— Ela quer ser a vilã. – Gustavo declarou. – E ela foi muito bem no teste.

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