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Guilherme cresceu em Contagem na grande BH, rodeado por uma família tradicional brasileira

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Guilherme cresceu em Contagem na grande BH, rodeado por uma família tradicional brasileira. Então sim, a essa altura, o monitor era considerado uma ovelha negra por ter desistido de fazer contabilidade – o negócio da família – e seguido na área musical. Mas ele não era o único e, na verdade, nem tão renegado, pois Anthony Reis com certeza era o culpado por toda aquela desgraça.

Sendo o mais novo de três irmãos, Anthony foi bastante renegado quando decidiu largar a faculdade de contabilidade e seguir seu sonho de ser músico. Ele se mudou para longe e sem ajuda de ninguém, com a promessa de que seria deserdado pelo pai. Nem mesmo quando seu disco fez um tremendo sucesso, no auge dos anos oitenta, com um rock brasileiro que lhe rendeu uma turnê por todo o país, ele teve sua profissão valorizada pela família.  

Então, não foi surpresa nenhuma quando ele voltou para casa, depois de anos, e seu sobrinho mais velho lhe disse “você que é o meu tio irresponsável”. Guilherme tinha sete na época e era uma criança normal, educado e já conhecido por todos pelo seu jeito tranquilo, que frequentava uma escolinha de futebol e jogava videogame com os amigos. Tony apenas riu do comentário do sobrinho, se abaixando da altura dele e dizendo “se pra você irresponsável quer dizer mágico, então é isso que eu sou”.

O pequeno arregalou os olhos para o tio, como se realmente acreditasse em suas palavras.

— Que tipo de mágica você faz? – Ele não conseguiu evitar, mesmo sabendo que seu pai dizia que mágica era bobagem. 

— Eu faço música, existe algo mais mágico do que música?

Guilherme franziu o cenho pensativo, como se tentasse entender o porque do tio achar que música era algo mágico. Bom, tudo que ele conhecia sobre música era o que saía do rádio, ou dos seus desenhos, ou de programas de televisão, mas aquilo não parecia ser nada demais. Era só... Barulho.

— Você pode me mostrar? – Ele questionou e Anthony, de repente, enxergou algo além dentro do sobrinho e naquele momento soube que não estaria sozinho naquela paixão.

Foi um grande processo, os pais de Guilherme não confiavam em deixar ele sozinho com Tony, sempre ressaltando sua irresponsabilidade, mas no fim ele conseguiu um pouco de confiança. Depois, quando Gui começou a querer fazer aulas de violão, Anthony praticamente montou uma tonelada de argumentos irrefutáveis em como aquilo faria bem para sua inteligência intelectual. E assim, no meio de uma rede de mentiras mascaradas, Tony e Guilherme foram se tornando inseparáveis e o talento do mais novo só crescendo, assim como sua paixão por aquela magia.    

Dessa forma, com seu jeito tranquilo de ser, pensando muito antes de dizer qualquer coisa para os pais, comendo pelas beiradas como um bom mineiro, Guilherme conseguiu o “apoio” para cursar música na faculdade. É claro que ele foi alertado diversas vezes sobre como aquilo estava fadado ao fracasso, como o pai ainda esperava que um dia pudessem trabalhar juntos na contadora e afins, mas no fim ele saiu por cima, dobrando seus pais e seguindo seus sonhos sem precisar de romper definitivamente com ninguém.

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