06

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"Helena." Chamo enquanto estou andando até o quarto da minha irmã mais velha, que está colocando uma roupa em meu sobrinho. "Estou parecendo arrumada demais?"

"Bem, isso é relativo." Ela me olha dos pés a cabeça, as sobrancelhas arqueadas enquanto me observa com a minha blusa mais cara que ganhei da minha tia rica no meu último aniversário. Não é toda brilhante e nem muito elaborada, mas veio da Europa, então deve ser cara. "Estaria desarrumada para uma festa em Upper East Side, mas com toda certeza seria assaltada no Brooklin."

"Isso é bom para o Metropolitan?" Eu pergunto, um pouco confusa.

"Perfeito." Ela encolhe os ombros e ajusta a pequena camiseta em seu filho. "Querido, a Lara não está linda?"

"Nope." Ele fala sem me olhar e continua mexendo no celular dela. Eu me sinto mal por um segundo e minha irmã me olha como se me mandasse ignora-lo.

Eu me olho no espelho do quarto de Helena, e vejo que seu marido Josh está entrando. Eu rapidamente me viro para ele. "Você é homem."

"É o que me disseram." Ele franze o cenho. "O que foi?"

"Estou bonita?"

"Isso me parece uma pegadinha. Eu concordo com o que minha esposa achar. Ela está bonita?" Josh se vira para minha irmã, que revira os olhos e diz que sim. Ele volta o olhar para mim. "Está linda."

"Não sei porque está nervosa em sair com Zayn." Helena fala. "Vocês andam transando? Sabe que esse garoto não gosta de namoro."

"Não vou sair com ele!" Eu faço uma cara de nojo. "E sim com o novo colega de quarto dele."

"Ah, que fofinha, ela tem um paquera!" Josh se senta na cama e segura o ombro da minha irmã. "Jurava que você era uma daquelas garotas que sai com vários caras e não tem sentimentos reais por essas pessoas."

Eu sou assim, geralmente, mas prefiro agir como se estivesse ofendida. "Cala a boca!"

"Lara! Esqueceu do meu filho?" Ela tampa as orelhas de Tyler, que a manda calar a boca em seguida. Ela me olha como se eu tivesse transformado o filho dela em um anticristão e eu saio do quarto, sabendo que minha hora com essa parte da família já passou. Eu troca dias vezes de roupa antes de voltar a usar a primeira blusa e passo um pouco de maquiagem.

Harry me manda uma mensagem dizendo que chega em cinco minutos e eu começo a sentir meu corpo gelado. Deus, isso é a sensação mais bizarra do mundo. Eu nunca fiquei nervosa em encontrar alguém antes. Talvez eu esteja assim porque tive aquela conversa estranha com Harry se isso era um encontro ou não. E se ele me beijar? Eu deveria levar um chiclete.

Corro até a cozinha e procuro sem real esperança por um Trident ou coisa do tipo mas não encontro. Meu pai para de ler o jornal para me olhar. "O que você tá fazendo?"

"Procurando chiclete." Eu falo enquanto continuo procurando.

"Pra quê?"

"Pra beijar, ué." Eu falo sem me importar e ele tenta agir como se ligasse para isso. "Você não faz o tipo pai ciumento, sabe disso, né?"

"Esse cara não sabe disso." Ele fala e a campainha toca, minha ansiedade batendo mais forte na minha cara. "Quer que eu atenda e mostre que sou bravo?"

Eu franzo o cenho. "Não vai falar com ele."

"Eu acho que deveria." Ele fala e eu nego várias vezes. É quando escuto minha mãe abrindo a porta.

Deus, eu prometo não beber álcool por um mês de isso não for constrangedor. Eu me olho pela câmera do meu celular e respiro fundo ao andar pelo corredor. Harry e minha mãe estão tendo uma conversa quando eu chego na sala. "O prazer é meu, Harry. Lara disse que você é inglês."

Eu disse isso pra ela? Eu me aproximo e dou um sorriso de lado para Harry, e ele me olha por um segundo antes de voltar a conversar com ela. "É, eu sou."

"De que parte do país você é? É um país ou um reino, afinal? Eu não faço ideia." Ela fala e ele dá uma risada. Eu fico do lado dela e ele finalmente me dá oi antes de respondê-la.

"É um país..." Ele me olha mais uma vez e volta a sua atenção para ela. "Que fica em um reino."

"Entendi. Eu acho a Europa muito chique, se quer saber. Se você e a Lara namorarem quero que me leve junto para a Europa." E lá se foi meu mês sem álcool. Como ela pode dizer isso?

"É nossa hora de ir, tchau mãe." Pego no pulso de Harry e tento levar ele para fora da casa, e ele ri.

"Não querem almoçar aqui? Tem um restaurante no museu?" Ela pergunta como se não tivesse acabado de me deixar vermelha como um tomate e eu apenas digo que não.

"Vamos, Harry." Eu falo e continuo andando para o mais longe possível — em uma escala cinco metros — até o fim da calçada. Harry está rindo e eu o olho envergonhada. "Desculpe por ela."

"Sua mãe é ótima." Ele fala e me abraça. "Como  você está?"

"Estou bem... E você?" Eu pergunto, tentando manter a naturalidade enquanto Harry pega uma mecha do meu cabelo e a enrola em seu dedo.

"Eu tô ótimo." Ele fala me olhando nos olhos. "Está linda."

"Obrigada." Eu sorrio genuinamente. Uma semana atrás eu me acharia a maior imbecil por estar afim de um cara que acabei de conhecer e agora pareço não me importar tanto assim. "Você também não está nada mal."

"Valeu, eu precisava me arrumar para meu primeiro dia de turista em Nova York." Ele fala com um sorriso que esbanja confiança. Ele é tão gato que me deixa tonta por um segundo. "Então, como vamos? Uber? Metrô?"

"Bem, para ser um nova-iorquino de verdade, você precisa saber andar de metrô."

"Mas e nos filmes? As pessoas andam de táxi." Harry questiona.

"Táxis são para empresárias que acordaram tarde para o trabalho e mesmo assim passam no Starbucks antes de ir. Nós vamos de metrô."

"Para não ocupar os táxis das empresárias?"

"Exatamente." Eu falo e ele dá uma risada, olhando pela minha rua.

"E como vamos até o metrô?"

"Andando. Não é tão longe assim." Eu falo e começo a andar, e Harry me olha com preguiça. Eu estico minha mão. "Vem logo."

Ele me olha nos olhos como se pedisse permissão e pega na minha mão. Eu estava planejando só puxa-lo por alguns instantes e depois andar sem seu contato, mas continuamos de mãos dadas e eu tento não ligar, mas não consigo parar de pensar nisso.

Goosebumps - HSWhere stories live. Discover now