Money! That's what I want

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Maxine me chamou para conversar, não me contou sobre sua filha falecida, mas me chamou para ver o meu novo quarto.
Sim quarto.
-querida esse vai ser seu novo quarto e aqui estão suas roupas.- ela abriu a porta para um quarto igual ao de Mary só que lilás.
-obrigada! Não precisava de tudo isso.- falei.
-fique a vontade.- ela se retirou do aposento.
Eu finalmente tive um tempo sozinha, não estou reclamando da hospitalidade deles mas é que eu preciso pensar.
Decido tomar um banho para processar tudo oque acabou de acontecer.
Quando entro no banheiro... você já sabe, ele era muito grande e luxuoso.
Liguei a banheira em quanto tirava a minha roupa, depois entrei dentro dela.
Conforme a água ia subindo eu ia sentindo os arranhões arderem, o sangue ainda escoria da palma das minhas mãos.
Encostei a minha cabeça na beira da banheira e comecei a pensar.
Oque houve para John se casar com a Cynthia? E ele teve um filho! Obviamente o Julian.
Para falar a verdade eu não o culpo, ele não poderia me esperar para sempre, ele seguiu a vida, ele teve mais tempo que eu para fazer isso, quatro longos anos, e eu tive apenas 2 semanas. Oque é injusto para mim, ter que voltar logo quando ele já está resolvido na vida.
Eu não vou o atrapalhar se ele quiser continuar com a vida que tem, mas vou ficar triste. No momento eu só preciso o encontrar e falar com ele, nada mais, vai ser assim que eu vou saber oque ele quer.
Meu Deus oque eu to pensando?
E o Julian? Como fica com tudo isso? Pobre criança, ele não tem culpa de nada.
E oque vão pensar de mim? A garota que roubou o John. Uma nova Yoko... não isso não pode acontecer e não vai.
Esquece isso, esquece isso. Foca no agora, depois resolve isso.
Ok, tenho que sair dessa casa, ficar presa a uma família não vai me ajudar a encontrá-lo.
Depois de pensar muito eu finalmente lavo o meu corpo, cabelo e saio da banheira.
Me seco e percebo que uma muda de pijama estava em cima de um armário no banheiro, ótimo tenho pijamas... eu gosto dessa família.
Ando até a grande cama e visto o casaco marrom do John, ele me deixa segura. Me deito e percebo que há algo dentro do casaco... o meu celular, como? Eu não tinha colocado ele aí, ele estava na minha mão quando eu me joguei.
Ah sei lá também, fodase.
Voltei a me deitar na cama, me enrolei nos lençóis de seda brancos e dormi tranquila, finalmente sem os pesadelos. Parece que os pesadelos serviam como aviso ou algo do tipo, como se ele estivesse me chamando para cá, eu não vim em vão, algo vai acontecer.
————
Acordo em um pulo, tão rápido que me deixa até tonta.
Estou determinada em fazer uma coisa hoje, mas não sei se devo.
A ideia de roubar de alguém é assustadora para mim, imagina se eu for presa!
Mas eu preciso de dinheiro, não posso ficar nessa casa.
Reparei ontem que tem um cofre no quarto do casal e que a chave fica no escritório do senhor Charles. Então hoje pela tarde quando as garotas estiverem na escola, quando a Maxine estiver na sala e quando o Charles estiver no trabalho eu vou entrar no escritório, vou pegar a chave e vou abrir o cofre. Eu sei que isso é errado mas eu preciso muito disso.
Eu não quero magoar a senhora Maxine mas eu não posso continuar nesse lugar e preciso de dinheiro para sobreviver... e eles tem bastante dinheiro.
Andei até o banheiro escovei os meus dentes e penteei o cabelo.

Mas aonde eu vou achar roupas?
Ah sim, tem um armário no quarto, ele deve estar cheio delas.
Abro o armário alto e lilás com detalhes dourados. Meu Deus quantas roupas! Desde vestidos até calças. Os vestidos eram todos lindos, lindos mesmo, mas eu queria tanto usar uma calça, está muito frio lá fora!
Então eu decidi vestir calças, escolho uma preta e uma manga cumprida de gola alta amarela. Visto as minhas botas por conta do frio e casaco marrom de sempre.
-agora sim.- falo para mim mesma.
Eu estou morrendo de fome, preciso comer alguma coisa. Resolvo descer para a sala de jantar. Confesso que quase me perdi para achar, porque a casa é gigante.
-good morning Anna.- Maxine fala com um sorriso grande.
-Bom dia senhora Maxine.
-está bonita hoje.- ela sorriu ao ver que eu vestia aquelas roupas.
-obrigada.- agradeci já me sentido culpada por pensar naquilo mais cedo.
-você me lembra muito a minha filha.- dava para ver o seu olhar triste.- vamos comer!?- ela mudou de assunto secando a única lágrima que saiu de seus olhos.
-claro.- falei me sentando a mesa.
Ficamos em silêncio por um tempo apenas saboreando a deliciosa comida que a cozinheira havia preparado.
-aonde está o senhor Charles e a Mary?- perguntei porque na mesa estavam apenas eu, Maxine e a pequena garotinha.
-Mary teve que ir para escola mais cedo hoje e Charles está trabalhando.- ela disse docemente.
E ficamos em silêncio de novo.
Terminei de comer o mais rápido possível para escapar desse silêncio perturbar.
-com licença.- falei me retirando da mesa e já indo em direção a porta da frente.
-aonde vai tão cedo?- ela perguntou.
-não sei.- sorri e abri porta.
——
A cidade era tão linda, encantadora e incrivelmente fria.
Todo aquele movimento de carros e ônibus era lindo de se ver. Todas aquelas pessoas andando em direção ao trabalho logo cedo.
Esse lugar me dá sensação de conforto, não sei explicar bem o porque, mas eu gostei muito daqui.
Andei para me distrair de tudo aquilo que estava em minha cabeça, um momento para apenas observar.
Os rostos deles estavam por toda a parte, placas, moletons, revistas, jornais. Eles eram os queridinhos de Londres. Todo grupo de garotas que eu passava falava deles, de como eles eram lindos e elas iriam se casar com eles.
Por um momento me senti como elas... apenas uma garota que sonhava alto querendo encontrar os Beatles, nada mais que isso.
Talvez elas tivessem mais chance de encontrar com um deles do que eu.
Andei por muitos lugares até reparar que já ia dar uma hora da tarde. Preciso voltar para a casa da Mary, agora vai ser o momento certo.
Voltei pelo mesmo caminho que eu havia feito, não demorei nem 15 minutos.
O lugar estava vazio, Maxine provavelmente estava fora de casa, seu carro não estava na garagem. Ótimo, agora é a hora.
Andei até o escritório do senhor Charles, estava trancado... quem  teria a chave? Provavelmente a faxineira!
Procurei por ela pela casa toda, até encontrá-la no jardim regando as flores.
-com licença senhora.- a chamei.
-oh, olá garota.- ela disse com um sorriso de lado.
-pode me dizer aonde está a chave do escritório do Charles?- pedi esperando por uma resposta boa.
-oque? Para que?- ela perguntou sem entender.
-ele disse que eu deveria... levar alguns documentos, sim documentos até seu escritório.- tomara que ela acredite.
-menina, infelizmente não posso te dar a chave.- ela lamentou.
-tudo bem eu entendo... mas eu deveria guardar essa super tecnologia em seu cofre.- falei tirando o celular de dentro do casaco e mostrando para ela.
Ela olhou encantada com o brilho da tela sem entender oque era aquilo.
-parece que você não pode me dar a chave, tudo bem... Mas o senhor Charles vai ficar irritado.- virei as costas e sai andando lentamente... ela precisa falar que vai me dar a chave.
-bom, se é assim, aqui está a chave.- ela falou em um tom assustado e me entregou na mão.
-obrigada.- sorri.
Eu corro em direção ao escritório, no pequeno molho de chaves pego a dourada e abro a porta. Ótimo, estou aqui dentro, agora aonde está a chave do cofre?
Procuro nos armários, nas gavetas e no meio dos livros, nada.
-aonde tá essa merda?!- eu suspiro já cansada de procurar.
Começo a mexer nas coisas que estão em cima da mesa, um caderno antigo de capa dura se encontra ao canto dela. Abro o caderno e lá está a chave.
-bingo!- sussurrei para mim mesma.
Arrumo oque eu havia deixado fora do lugar, tranco a porta e saio em direção ao quarto.
Entro na suíte  e lá está o cofre, em cima de uma cômoda de madeira escura.
Com a chave nas mãos, abro o cofre, lentamente para não fazer tanto barulho... lá está a grande quantidade de dinheiro. Pego um bolo na mão. Com esse dinheiro eu vou poder viver por um ano quase todo!
Mas... eu não acho que devo fazer isso, Anna, você precisa disso. FOCO!
-Anna?- vejo Maxine com um olhar confuso e triste a beira da porta do quarto.

Here today - John LennonWhere stories live. Discover now