O vazio

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Ano 1961
Liverpool
Já deve fazer uns 2 meses desde que Anna se foi, eu não conto os dias.
2 messes de pura tortura emocional e o pior é que eu faço isso comigo mesmo.
Mas poxa, a culpa não é completamente minha... eu sinto falta dela.
Eu não sabia o valor que ela tinha até ela partir. Se eu pudesse eu passaria mais tempo com ela, eu não teria me afastado dela como me afastei por um tempo, teria sido tudo mais intenso e diferente.

Voltei a conversar com a Cynthia, ela vem me ajudado desde que Anna foi embora, não é oque você está pensando. Ela me ajuda sendo uma das minhas melhores amigas, nós conversamos muito.

No primeiro mês , meu Deus eu estava péssimo. Não dormia direito, quase me tornei um alcoólatra e eu não tinha vontade de fazer nada; admito que ainda fico um pouco assim.
Nas duas primeiras semanas eu tentei tanto achar uma maneira de fazê-la voltar, tentei de tudo mesmo.
Mas percebi que não estava adiantado. Oque resta é rezar pra que ela volte.
O trabalho estava indo bem ... mas Paul, Pete e George foram deportados, adivinha porque?
Depois de acharmos um lugar decente para trabalhar e dormir,
Pete e Paul voltaram ao Bambi Kino, mais conhecido pela Anna como "o cinema", pra pegar as coisas deles e segundo os dois o lugar estava um breu. Então tiveram a genial ideia de colocar fogo em uma camisinha e pendurá-la em um prego! Olha a ideia de jirico!
Obviamente o dono do lugar deu queixa na polícia e eles foram presos. Além do filho da puta fazer isso ele denunciou o pobre George por ser menor de idade.
Ou seja além de estar sentindo vontade de morrer só vamos voltar pra Hamburgo em sei lá... 3 meses?

Depois de um longo tempo apenas dedilhando as cordas do meu violão e pensando, eu decido subir para o meu quarto para finalmente descansar.
I just want my girly boy back...

-John come here!- escutei tia Mimi me chamar.
Fui em direção ao seu quarto.
-what?
-come here.- ela deu batidinhas em sua cama me chamando.
Fiz oque ela pediu e me sentei.
-aonde está a garota Anna?- ela perguntou porque eu não toquei em seu nome nenhuma vez e ela não voltou para Liverpool obviamente.
-ahm... ela não vai voltar tia Mimi.
-porque? Ela conseguiu alguma coisa lá em Hamburgo?- como vou explicar isso para ela?
-ela, ela foi morar com os pais dela nos Estados Unidos.- lembrei da mentira que Anna havia contado a nós antes.
-Óh... E ela não volta mais?
-não, acho que não.- falei meio triste.
-E você está triste com isso?
-claro que não...
-fale a verdade John, eu sei quando mente.- ela falou um pouco irritada.
-estou bem triste, ainda não consigo acreditar que ela se foi.-falei com a voz cabisbaixa.
-você a ama não ama?-ela passou a mão nas minhas costas.
-amo.- ela percebeu que eu estava ficando muito irritado com esse assunto.
-porque não escreve uma carta para ela?- tentou melhorar.
-claro, vou sim.- me levantei indo em direção a porta.- good night.
Sai do quarto um pouco irritado, não com a tia Mimi, mas sim com o assunto, esse assunto me irrita, porque eu não quero falar disso com ninguém.

2017
Anna pov
Já se passou uma semana e eu ainda não consigo me acostumar com esse lugar... sim esse lugar, eu amo a minha casa mas está tudo tão estressante.
Minha mãe não para de gritar comigo, sofro bullying na escola e eu não consigo parar de pensar nele.
Eu não sei explicar mas minha casa não é mais aqui, eu não me sinto mais em casa. Não tenho nada feliz aqui aonde eu estou, mas infelizmente vou ter que lidar com isso.
Hoje  Nick me chamou para sair, ele disse que tem uma festa para me levar. E você acha que eu quero ir para festa? Eu só quero deitar na minha cama e não levantar mais. Provavelmente eu vou inventar uma desculpa para não ir e vou ficar aqui em casa desenhando ou algo do tipo.
PLIM PLIM.
Vejo uma mensagem chegar.
"Vamos logo para a festa Anna, vai ser legal, você tá precisando disso!"-Nick⭐️

Ignoro a mensagem e me deito na cama.

Nossa como eu estou com vontade de beijar, vontade de sentir o meu corpo no corpo de alguém... no corpo do John.
Eu quero tanto ele, eu preciso dele, preciso do toque dele, necessito do seu beijo e de seus apertões... eu preciso dele todo.
Quero suas conversas bobas, seus risos, suas piadas, eu quero ele!
Já descobri o meu problema, eu sinto falta de sexo. Sinto falta de fazer isso com o John, especificamente ele. Só ele.
-como eu queria você aqui agora.- choraminguei.
PLIM
Mais uma mensagem, provavelmente do Nick.
Não vou nem olhar.

DING DONG
A campainha toca, minha mãe fala com alguém e esse alguém começa a subir as escadas.
Eu já sei até quem é.
-oi Nick.
-Anna levanta!- ele entrou e me puxou da cama.
-não.
-vamos!
-não!-me segurei ao travesseiro.
-porque?- ele se deitou ao meu lado.
-eu estou irritada e triste.- falei.
-oque houve?- perguntou.
-você já sabe!- eu havia contado quase tudo a ele, contei a história de um jeito bem parecido, tirando a parte que os meninos eram os Beatles.
-ah! So por causa de um cara da década de 60!? Pelo o amor de Deus Anna.- ele não acreditava muito em mim, mas ele se esforçava.
-sinto falta.
-de que?
-dele e de...- hesitei em falar, estava com vergonha.
-de que??-insistiu.
-de sexo.- falei.
-Nunca pensei que você diria isso, momento histórico eu diria.- ele riu.
-don't laugh! I'm serious.
-se formos para a festa você vai poder transar com qualquer cara que quiser.- ele ainda tentava me convencer.
E foi aí que eu tive a ideia magnífica, não é uma ideia boa, mas é oque tem.
Isso pode ser uma ideia precipitada por conta de tristeza, raiva e saudade... mas eu preciso tentar, preciso tentar tirar esses sentimentos de mim, talvez ele possa preencher o vazio que eu sinto no momento.
-eu não preciso ir para festa pra fazer isso.- dei de ombros.
-vai fazer sozinha então?! - ele estava chocado.
-não seu imbecil, eu tenho você aqui.- assim que eu falei ele ficou super surpreso.
-oque?- ele fez um sorrisinho de lado.
-você entendeu! Topa ou não?- perguntei irritada.
-claro! Esperei por isso desde a quinta série.
-ok mas nós não vamos transar e não vamos para a festa depois.
-what do you mean?- ele não entendia.
-apenas mãos e sem festa.
-eh Eu posso lidar com isso.- ele sorriu.
-mas o foco sou eu e como EU quero.- falei de um jeito mandão.
-ta, só me explica como quer.- nós sentamos um de frente para o outro.
Eu expliquei  exatamente como eu queria que ele fizesse, eu literalmente descrevi tudo oque o John fazia. Ele parecia bem concentrado no que eu falava.

E fizemos. Fizemos do mesmo jeito que eu pedi.

-Ann, preciso ir se não a festa acaba.- ele sorriu.
Estávamos deitados um do lado do outro com as calças desabotoadas e fala ofegante.
-claro.- falei ainda tentando processar oque havia acontecido.
-bye, see you tomorrow.
-bye.- finjo um sorriso e ele sai do meu quarto rumo às escadas.- oh my God.
E foi aí que eu percebi oque eu havia feito. Meu Deus eu acabei de ser dedada pelo o meu melhor amigo.
Me sinto tão envergonhada, envergonhada por chegar no ponto de ter que pedir para o meu melhor amigo para fazermos isso. Eu cheguei no ponto de tentar de tudo para poder lembrar do John.
Enquanto eu beijava o nick , eu não pensava nele eu pensava no John, pensava no seu beijo no seu toque. Tanto que eu pedi para que Nick não desse um "piu" porque eu não queria pensar nele.
E no final acabou nem sendo tão bom quanto eu esperava, eu pensava que eu ficaria mais leve mas eu só me sinto mais culpada.
Não foi tão ruim, foi até que bem bom para falar a verdade... mas não é ele quem eu amo, não é ele quem eu quero, não quero o seu toque quero o toque DELE. É o John quem eu quero.
Pensei que ele pudesse me ajudar a tirar esses sentimentos e preencher o vazio, mas só tem uma pessoa que pode fazer isso e não é o Nick.
Eu não me arrependi de ter feito isso com o ele, mas eu só acho que não devo usar o coitado assim, ele não tem nada haver com a minha saudade.
Ah mas que merda que eu fiz em... o vazio em mim só se aumentou.

Here today - John LennonWhere stories live. Discover now