O reencontro

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Essa rotina está me matando, pensou Jungkook indo até à faculdade. Não aguentava mais ter de trabalhar na empresa de seus pais e ir para a universidade na manhã seguinte. Ele sabia que eles colocavam mais trabalho para ele, justo por não aprovarem a ideia dele cursar dança. Jungkook jurava que não tinha culpa, usava a dança como uma maneira de escape, fugir da realidade por alguns segundos.

Ele nunca teve apoio emocional de seus progenitores, visto que ambos estavam sempre no trabalho, então usou a dança para suprimir esse vazio em seu peito. Sua sorte era que sua tia por parte de pai era dona da maior universidade de artes de Seul, então com a ajuda dela, ele conseguiu convencer seus pais.

A condição que eles deram eram: ele teria que conseguir boas notas e trabalhar na empresa após sair da faculdade e se por acaso cumprisse com essas obrigações, eles aprovariam suas escolhas.

Poderia até dizer que estavam abusando dele, visto que ele já era maior de idade, então eles não deveriam falar se aprovam ou não qualquer coisa que ele fizesse, entretanto, fazia isso por vontade própria. A verdade era que Jungkook buscava a aprovação dos pais, e queria mostrar que conseguiria seguir seus sonhos, fazer com que eles vissem que seu filho era capaz. Se ele precisava trabalhar na empresa deles ao mesmo tempo, em que cursava na faculdade, faria isso de bom grado. Sentia que havia puxado esse lado competitivo deles, essa necessidade de precisar provar ser bom no que fazia.

Desde pequeno sempre buscou ser o melhor em tudo, para que seus progenitores tivessem orgulho de si, contudo, nunca conseguiu chamar a atenção deles, porque sempre estavam muito focados no trabalho. Por suas habilidades, e por mérito próprio, acabou se tornando um dos alunos mais promissores de Busan, e quando se mudaram para Seul não foi muito diferente, recebendo o título de “Garoto de ouro” (apesar de não gostar muito dele) pouco tempo depois, porém, com essa reputação, sentia que o peso de ser filho dos maiores empreendedores do país era insuportavelmente maior.

Pensou por um momento que após ter esse reconhecimento pela empresa, seus pais iriam o notar e lhes daria os parabéns pelo seu progresso, todavia, tudo que recebeu deles foi: “você não está fazendo nada mais que sua obrigação sendo filho de pessoas que estão sempre na mira da mídia coreana, se fizesse menos seria uma vergonha” Jungkook não conseguia descrever o quanto aquilo lhe machucou, era como se seu coração fosse dividido em milhares de pedaços, impossíveis de serem remendados.

Jungkook resolveu seguir sua vida, agora teria de lidar com o fato de não ter o amor e carinho dos pais, com o fardo de ser sempre observado por todos; contudo, no meio do caminho, pode se dizer que ele encontrou um refúgio na dança.

Nos momentos em que mais se sentia triste, era apenas ligar uma música e dançar que tudo melhorava. Sua tia, que logo percebeu sua paixão pela arte, tratou de ajudá-lo a entrar na faculdade, já que ela também resolveu seguir por esse caminho, e percebia o descaso do irmão e da cunhada para com seu sobrinho. Sentia orgulho dele, e sua forma de expressar isso era lhe oferecendo uma vaga na universidade em que trabalhava, apesar de seu irmão e o esposo dele terem sido um tanto, quanto, duros a respeito da ideia. Contudo, no final deu tudo certo. Jungkook agradeceria eternamente por essa oportunidade. Agora, ele iria demonstrar seus talentos e encantos, podendo se tornar um dançarino e abrir seu próprio estúdio de dança, e primeiro, recebendo o reconhecimento dos pais.

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Jungkook chega correndo em sua sala de aula, recebendo olhares dos alunos. Uma coisa que odiava era ser o centro das atenções, o que não era culpa sua. Poderia até ser taxado como “esnobe”, mas não imaginava que ficaria conhecido em todo Seul e Busan, e realmente desgosta desse fato. A parte ruim de ter pais ricos e consideravelmente famosos — visto que apareciam nos jornais de vez em quando —, era que os olhares sempre estavam focados em si, e por causa disso surgiam boatos sobre a sua pessoa, sejam eles bons ou ruins. Não duvidava que a maioria das pessoas ali o conhecia, na verdade, sabiam apenas sobre o exterior dele, aquilo que a mídia mostrava, mas não seu verdadeiro eu, um pequeno Jungkook tímido, recluso, carinhoso e amoroso.

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