Os olhos do destino

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Era uma sexta-feira à noite, com a chuva que era forte e densa, as árvores eram balançadas pelo vendável da escuridão. Bem ali no final da rua, em um beco escuro, estava Kim Taehyung. Jogado no chão, chorando, e sentindo as lágrimas salgadas que saiam de seus olhos se misturarem com a chuva. 

Se perguntava o porquê de estar sofrendo assim, sempre fora um menino ideal — segundo sua própria concepção — nunca fez mal á ninguém. Um ômega que era gentil com todos, e por causa dessa gentileza e doçura era desejado por muitos, portanto, no final, por um simples acaso do destino, seus sonhos e esperanças foram retirados no cessar da noite, desaparecendo na escuridão.

— Você está bem? — Ouviu uma voz preocupada de um rapaz, logo seus passos foram chegando cada vez mais perto — Meu Deus! O que aconteceu com você?

Taehyung não conseguia dizer nada, apenas sentia o gosto de sangue em sua boca, estava frágil e machucado demais para falar alguma coisa. Suas dores não eram somente externas, mas, no fundo, de seu coração, poderia jurar que a dor era a mais intensa que já havia sentido. 

— Vou chamar uma ambulância, infelizmente não estou com meu celular, poderia ao menos me falar seu nome e emprestar o seu para que eu possa ligar? — Aquele que Taehyung apontou ser um alfa, pede educadamente, parecendo realmente preocupado com o jovem ômega. Por um momento ele sorriu, afinal, era a primeira vez depois de muito tempo que um alfa o tratará com tamanha gentileza. 

— Kim… Taehyung, aqui… — Disse pausadamente pela dor, apontou seu dedo em direção ao bolso de suas calças, ainda tinha medo que aquele alfa fosse o roubar, mas estranhamente se sentia calmo ao lado dele, seu lobo não o rejeitava.

— Certo. — O alfa respondeu e antes de realizar a ligação, o ômega se pôs a fechar os olhos, desmaiando por ali mesmo, ouvindo os pedidos de socorro do outro ecoando longe. 

Durante o caminho para o hospital, Taehyung acordou uma vez ou outra tentando recobrar a consciência, entretanto, não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo, tamanho era seu cansaço. Se lembra de ao menos uma hora ter olhado para seu lado esquerdo na ambulância, vendo novamente o alfa que salvará sua vida. Não teve muito tempo de o observar, já que seus olhos o traíram, mas guardou consigo as lembranças da aparência do jovem alfa. Cabelos castanhos, pele branca, estava de máscara então não conseguia ver o resto de seu rosto, porém, ainda via uma pequena marca de um corte em sua bochecha, seu cheiro de chocolate era puro ‘ecstasy’ para o Kim. O que mais lhe chamou atenção, foi quando os olhos do rapaz se encontraram com os seus, revelando um vermelho escarlate, coisa que jamais havia visto ou sequer ter ouvido falar sobre. 

Logo apagou mais uma vez, com as memórias dos pares de olhos o encarando, com certeza levaria consigo essa marca do alfa, para que não se esquecesse daquele que salvou sua vida.


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Agora no hospital, Taehyung acordou ouvindo o barulho dos aparelhos que estavam conectados em seu corpo. Observou a sala em que estava, um ambiente totalmente claro e iluminado, olhou para o lado e viu pela cortina branca que já era de manhã. Não sabia se havia dormido por um dia ou vários. Tentou mexer seu corpo e percebeu que não doía tanto que nem antes, levantou a mão até estar em seu campo de visão, parecia estar tudo bem consigo. Deu mais uma olhada ao redor da sala enquanto se sentava na cama do hospital, notou que em cima da mesa ao lado da maca havia um papel, resolveu esticar o braço e pegar o bilhete para saber o conteúdo.

“Receio que não nos encontraremos novamente, porém, fiz o possível para que você fosse atendido rapidamente, me parecia que seu estado era grave e que você precisava de ajuda imediatamente, mas talvez eu tenha sido um pouco exagerado. Consegui através do hospital ligar para seus pais, seu telefone está em cima do criado mudo, infelizmente ele acabou ficando completamente descarregado. Eu adoraria ficar e conhecer mais de um rapaz tão bonito, com olhos tão azuis quanto o céu e o oceano, porém, tenho de voltar para a minha cidade natal, espero que você se recupere bem.”

A MarcaWhere stories live. Discover now