Enterro

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S/n

Enterro

O som de choro vindos dos demais ambientes da casa me desperta para cientificar que o triste momento já estava próximo. Em uma profunda respiração me volto para o lado antes oposto da cama, o que me faz abrir um pequeno sorriso ao avistar Bloo em profundo cochilo. Apesar de todas as claras mudanças, seu semblante ao dormir ainda trazia o ar do garotinho que eu tanto amei e mimei (apesar de nossas birras) durante minha infância e adolescência.
Em questão de segundos o mesmo acorda se assustando acanhadamente com meu olhar direcionando a ele.

- Para com isso! - Diz birrento cobrindo-se por inteiro. - O que você está olhando?

- Para de agir como criança! - Exclamo puxando a coberta me deparando com o volume em sua samba canção. - Já não passou da idade de acordar com seu...
- Vai se foder S/n! - Grita irritado, levantando repentino adentrando meu banheiro.
Não passou muito até o mesmo voltar, após o café da manhã, enquanto eu ainda estava sentada em minha cama comendo alguns chocolates que havia escondido, junto de uma lata de refrigerante agora quente. Seus olhos já estavam inchados em um misto de choro e insônia. E, só quando ele começa a espalhar suas roupas antes na mala por todo chão, que me lembro que a ocasião pedia o preto.

Porém de todas as minhas peças apenas uma era preta e que provavelmente não caberia mais em mim.

- O que é isso? Isso que chama de café da manhã? - Aponta Bloo.

- É! - Respondo provocativa, pois não queria demostrar meu incomodo de ter uma refeição em família. - Bloo! - Dito doce o fazendo me fitar com desconfiança. - Pode me emprestar uma roupa hoje?

- Claro que não! - Diz de imediato. - Minhas roupas são caras, não vou emprestar para qualquer um...

- Eu só tenho uma roupa preta e como faz muito tempo que não compro roupas ela está...

- Se tem uma, vista ela! - Diz enquanto saía colocando seu casaco.

Como já era de se esperar, visto o vestido preto e único que existia em meu guarda roupa velho, colorido e juvenil que a falta de disposição me impedia de atualiza-lo, estava totalmente desjeitoso em meu torço. Meus seios se encaixam, mas estava largo em minha cintura, assim como apertado em meu quadril. E, com cortes remendados o acerto em meu corpo. Junto com as meias que antes serviam, mas hoje teve de ser cortada e vestida com a segurança dos prendedores de uma cinta liga para segurá-las. Após um rápido banho a visto junto de um sapato velho de salto preto, indo direto a sala.

O dia iria ser longo e triste, mas a noite solicitava minha compostura e foco, apesar de tudo.

ⓓⓝⓐ

BLOO

Tentei suportar o máximo possível, mas logo caio no choro novamente. Meus olhos já não aguentavam e trocar a água da garrafa que eu levava por gin parecia ser uma boa alternativa para consolo.

Distraído no jardim, apenas três coisas pairavam em minha mente: o luto, o quão fundo S/n estava enterrada para se alimentar daquela maneira e o quanto Deus foi generoso comigo em não mudar a visão dos deliciosos seios de minha prima.
Aquele desgraçado de seu namorado sem sal é mesmo um grande sortudo.
Será que o lerdaço sabe satisfazê-la?
S/n nunca foi de se contentar em ficar com um só homem por muito tempo, para minha infelicidade quase todo mês espiava pela fechadura a mesma montada em um garoto diferente. Apesar da vida sexual mais ativa que o necessário a mesma sempre era arrogante e maldosa consigo.
Ela deveria entender que não era fácil ter de dividir a atenção da minha prima mais velha. Por esse motivo, toda vez que a flagrava pelo vão da chave, eu começava a gritar e chorar até a mesma sair e cessar o que antes fazia para me socorrer.
Sempre dava certo!
A tonta nunca suspeitou de nada e sempre acudiu meus tombos, pesadelos e doenças aleatórias forjadas. Ela vestia seu velho roupão vermelho e saia do quarto... vinha até mim e juntos deitávamos em minha cama. Eu chorava por horas até ouvir a desistência de quem antes lhe fazia "companhia". Minha prima nunca pareceu se importar com quem se relacionava, sempre se mostrou superior e nem ao menos voltava a falar com seus ex. E, quando eu já estava prestes a me levantar ao ascender meu cigarro o avô de meus primos me aborda.

- Daniel! - Chama sorrindo. - É assim que te chamam no exterior.

- Oi vovô! - Devolvo o sorriso. - Sim, é assim que me chamam.

- Querido... sei que é um momento difícil, mas zelamos aos vivos e por esse motivo tenho um favor a lhe pedir. - Diz se apoiando em meu ombro para conseguir se sentar.

- Qual é vovô... assim o senhor está me deixando preocupado!

- Não fique querido. Vou direto ao ponto! - Soa sério. - Acho que percebeu a mudança física negativa em sua prima... - Enfim alguém diz algo sobre isso. Pensei que já estava imaginando coisas onde não havia. - Apesar de todos fingirem não ver o problema se enraizando, eu não posso ignorar minha neta morrendo aos poucos... - Me faz murmurar clemências para afastar o que disse. - Eu marquei um exame para S/n, está agendado a algum tempo para a data de amanhã. Pedi para Frei a levar, mas sei o que apesar de frágil S/n tem muita força... Mei e Leo diriam aos pais sobre, então...

- Eu vou vovô! - Dito decidido. - Não contarei a ninguém e nem deixarei que ela perceba!

- Eu sábia que poderia contar com você, desde quando observei seu olhar de cuidado sobre S/n assim que chegou...

- Não sei do que o senhor está falando. - Afirmo irritado.

- Não importa. De qualquer forma já está na hora de entrarmos para terminar os preparos para partimos.

 De qualquer forma já está na hora de entrarmos para terminar os preparos para partimos

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