Velório
S/n
Assim que o dia amanheceu, saí de casa antes que alguém me visse. Esperei algumas longas horas, na calçada da empresa, enquanto penava internamente por ter esquecido o dinheiro em casa e ficado sem café da manhã.
- S/n? – PH questiona ao me ver já semideitada, encarando as pessoas que passavam fazendo cara feia. – O que você está fazendo aí?
- Te esperando! – Levanto animada. – Estava com saudades. – Brinco.
- Sei... por que não veio ontem? – Diz abrindo a porta do galpão. – Saiu alguns freelances para você.
- Eu tive que resolver algumas coisas em casa! – Adentro, batendo cartão.
- Está tudo bem? – Soa preocupado.
- Está sim. – Minto. – Os trabalhos ainda estão disponíveis para mim?
- Estão sim! Pode fazer hoje, mas não é muita grana e são trabalhos pequenos. – Segue me entregando as fichas. – Dois sites e um programa.
- Tudo bem!
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BLOO
Meu coração acelerava na mesma frequência que o nitro fluía, fazendo com que no último instante de corrida eu assumisse a liderança, cruzando a chegada. E, ouvindo as garotas gritando “Chita” como se tivessem tendo um orgasmo e faturando mais de cem mil dólares. O suficiente para uma noite de leve curtição.
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Nova York já raiava o sol, enquanto eu buscava por mais coca e whisky. Não havia dormido, mas o transe do êxtase já tinha sido o suficiente, porém a dúvida se eu tinha transado ou não me incomodava.
- Acorda ai! – Chamo a primeira garota que vejo na suíte. – Ainda tá bêbada ou já está melhor?
- Me deixa dormir! - Reclama me empurrando.
Então lembro das prostitutas que estavam na sala. E, saindo daquele relutante a aglomerado do quarto, sigo ao encontro da minha foda já de pé.
- Acordaram cedo! – Exclamo ao vê-las já se vestindo. – Vai cinquentinha?
- Isso só paga o boquete! – A loira com peitos enormes e quadril pequeno dita, se apresentando para o serviço.
- Pensei que o boquete fosse de graça. Nem conta como sexo. – Solto enquanto acendo um cigarro e abaixo a calça.
Mau havia começado quando Sally uma prostituta amiga, vem com meu celular o entregando com expressão séria.
- Agora não porra! – Afasto sua mão estendendo o aparelho.
- Atende Daniel! – Insiste. – É seu pai! – E pelo espanto ao saber quem estava do outro lado da linha eu atendo.
- Oi pai, tudo bem? – Dito sem graça, ainda sendo devorado pela loira de joelhos. – Aconteceu alguma coisa?
- Estamos chegando aos USA, arrume suas coisas e venha para o aeroporto... – Congelo.
- Mas a mamãe disse que estavam bem na China...
- Faça o que eu mandei! - Ordena. – Sua mãe conseguiu uma aeronave emprestada de um amigo para voltarmos para Coreia, pois recebemos a notícia que seu avô faleceu.
Antes mesmo de terminar a conversa eu encerro a ligação em choque. Nós não éramos próximo, mas só de imaginar o estado em que minha mãe estaria por conta dessa notícia, me abalava, isso porque a mesma se afastou de seu pai por muito tempo e isso com certeza a faria sentir remorso.
- Já chega! – Dito sem mais, empurrando a garota para longe me mim.
- Mas você ainda...
- Sally preciso que você busque meu passaporte. – A mesma se apronta imediatamente, sem ao menos saber ou questionar o motivo. – Minha bagagem da corrida ainda está aqui? – Confirma. – Eu e o Joe temos o mesmo tamanho, né? – Dito ao notar que talvez não teria roupas suficiente apenas em minha bagagem.
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Já havia se passado cinco horas de atraso do voo de meus pais e eu tinha comprado mais doces, revistas e almofadas do que conseguia usar.
- Você tem mesmo que ir? – Sally quebra o silêncio, enquanto tentava usar dois travesseiros de pescoço ao mesmo tempo.
- Já disse que sim! – Falo impaciente, enquanto procurava alguns familiares no Instagram.
- Sem você aqui, não poderei ficar na casa de seus pais e terei que voltar para o meu minúsculo apartamento! – Reclama.
- Óbvio!
- Ah... por favor, não vá! – Faz drama.
- Já disse que preciso ir! – Subo o tom.
- Eu quero uma casa com sauna! – Age com birra. – Quero estar no seu banco de passageiro quando corre, quero beber drinks caros e ficar chapada...
- Acha que vou abandonar minha família para ficar de farra com uma prostituta? - Lido apático e sem filtro.
- Vai a merda! – Exclama decepcionada, me castigando com um árduo tapa, me abandonando em seguida.
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Não tardou mais horas para que meus pais chegassem e logo partirem novamente, agora comigo, a caminho da Coreia do Sul. Minha mãe ao contrário do que pensei, estava mais comunicativa que de costume, sorrindo e conversando com uma outra família desconhecida que também compartilhava a aeronave conosco.
- Pensei que a mamãe estaria em condições diferentes. – Admito a meu pai.
- Não se engane. Ela está extremamente abalada e chorou muito quando recebeu a notícia. – Revela em segredo. – Mas ao se aproximar do nosso destino... Bom, a cada milha mais próximo a Coreia a deixa eufórica, por saber que terá que encarar a irmã dela. – E por fim me dou conta. – E você? Não está nervoso por rever seus primos novamente após tanto tempo?
Eu nego, mas na verdade não havia pensando nesse fato obvio antes. Como não pensei nisso? Provavelmente a preocupação com minha mãe me distraiu, mas ainda assim... Apenas refletir sobre isso me enche entre um misto de: Euforia, nervosismo, saudade e ansiedade. Vítima de alguns calafrios, fico tentando imaginar como meus primos estão. Será que Frei ainda me odeia? Mei tenho certeza que anda cheio de malandragem como no passado, o caçula já deve estar do meu tamanho, mas o que realmente me interessa mesmo é ver S/N.
Imagino que sou bloqueado de todas as redes sociais daquele lado da família. O que é uma pena, pois daria tudo para saber como S/n está. Em minha opinião ela deve ser a fingida de sempre, se passando de “a garota perfeita” na frente dos que lhe rodeia, mas eu sei que ela não passa de uma menina birrenta e reclamona, querendo fazer tudo o que não consegue.
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Notas do autor: playlist está no primeiro capítulo 😘
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N2O DNA
FanfictionApós um acidente de carro durante a corrida que deveria ser feita por seu tio, o pai de S/n morre, separando uma família antes muito unida. Após muitos anos de distância causada pelo luto, a família precisa ser reunida novamente. O motivo? O mesmo q...