Fases do Luto

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BLOO

Realmente me surpreendi ao me deparar com a "nova versão" de minha prima e como sempre, fiquei curioso. Ela não é mais a garota boazinha, de cochas grossas, "senhorita simpatia" que todos amam. Agora ela é a bêbada, rebelde, sem sentimentos e sarcástica que a maioria apenas atura.

Lembro de como ela reagiu ao saber da morte de seu pai. Nós estávamos juntos quando a notícia foi dada e enquanto me afogava em lágrimas da perda repentina e trágica de tio, ela apenas respirou fundo e foi fazer o reconhecimento, mesmo assim nenhum choro de sua parte foi derramado e nenhuma noite de sono foi perdida. Pensei antes de partir que ela estava em choque, mas ficaria arrasada em alguns dias e mesmo não nos dando bem, queria ter ficado para ampará-la. Porém observando a forma com que estava lidando com a situação, percebo que S/n nunca passou pelo luto de seu pai e não era naquele momento que isso iria mudar.

A negação já estava a afundando e apesar do mesmo visual sem graça de sempre, ela não era mais a mesma e por algum motivo eu queria me intrometer e a raiva era meu objetivo. Para o início, comecei me instalando em seu quarto; já que minha mãe iria ter de ficar na casa de sua irmã, resolvi também ficar monopolizando tudo para ficar junto dela. Um quarto para minha tia e seu marido, Frei abriu mão do seu para minha mãe, tendo de ficar com Leo e foi fácil convencer o Vovô Yoon de meus primos a dormir com S/n liberando-o para mim e ficando no quarto de hóspede. Nada que umas lágrimas e um falso drama de saudades não resolvam.

Já se passavam das duas da manhã e quando cansei de aproveitar as cervejas e charutos com Frei e Mei, resolvo me deitar. Quando dei por mim já estava petrificado frente a porta do quanto de minha prima, observando pelo espelho mal posicionado seu reflexo, apenas de calcinha. Seus seios ainda tinham a mesma aparência, eu havia quase me esquecido do tom precisamente dois acima do de sua pele que tinham seus mamilos. Lembro de quando os vi pela primeira vez; não foi intencional, eu só iria lhe chamar para almoçar, mas ao abrir a porta sem bater me deparei com ela completamente nua, medindo suas circunferências avantajadas frente aquele mesmo espelho.

Naquela época ela ficou furiosa e acredito que hoje não seria diferente, então recuo, recostando na parede do corredor para retornar e bater na porta, mas não consigo parar de reanalisar seu corpo em minha mente. Como ela havia ficado tão magra? Será que ninguém mais notou? Ou apenas fingem que não notaram? É um pouco assustador, mas em minha mente meus dedos cravam em suas costelas aparentes assim como antes imaginava os forçando antigamente na hoje extinta carne.

Sei que é estranho, afinal ela é minha odiosa prima, mas seu corpo foi o primeiro feminino que vi nu e por muitos anos o único, então acho que foi natural tomá-lo como referência. Recordo que quando vi outro eu me espantei, pois não era nada parecido, mas aos poucos fui me acostumando as tonalidade e tamanhos diferentes. Porém algumas questões me incomodavam como: por que mesmo algumas eram talvez mais dentro dos padrões pareciam imperfeitas por não se parecerem com ela? E, quando descobri os aromas e sabores diferentes, sempre imaginei e fantasiei como seria os dela?

- O que você está fazendo aí? - S/n me assusta, surgindo de repente, vestida apenas com uma camiseta masculina e mini shorts.

- Eu estava esperando você se vestir. - Tento transparecer naturalidade.

- Você podia entrar, eu estava me vestindo atrás do biombo. - Fala voltando para o quarto. - Vai dormir comigo é? Ainda com medo de dormir sozinho? - Tira sarro.

- A única coisa que me dá medo é minha prima esqueleto! - Exclamo cruel, me arrependendo no mesmo momento. Por que eu era tão cruel com ela as vezes?

- Sério? - Dita calma. - Que bom que cheguei ao meu objetivo... agora posso enviar meu currículo para o castelo dos horrores. - Debocha com sarcasmo me surpreendendo. - Só não lute pelo mesmo cargo que eu, se não fico sem chances contra você! - Me choca. - Já se viu no espelho nesses últimos anos? Quando você se transformou nisso?

Sua reação tão cruel quanto a minha me deixou apático e furioso. Quando ela se tornou uma vadia maldosa? Juro que imaginei uma resposta passiva ignorando meus insultos sem motivos, como antigamente. Naquele momento eu queria revidar fisicamente, recordando a infância quando S/n me batia. Quando éramos pequenos e seus quatro anos a mais lhe davam vantagem. Mas hoje seria diferente, já que sou mais forte que ela, porém a imagem da mesma de quatro implorando por perdão, enquanto a fodo com força, me deixou satisfeito e logo após transtornado pelo absurdo daquilo, o sono me tomou.

 Mas hoje seria diferente, já que sou mais forte que ela, porém a imagem da mesma de quatro implorando por perdão, enquanto a fodo com força, me deixou satisfeito e logo após transtornado pelo absurdo daquilo, o sono me tomou

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