Minha mãe falava que para sermos felizes às vezes precisamos ter alguns momentos de tristeza. E o que ela sempre me alertava, onde engloba todo o equilíbrio da vida. Portanto, nunca lembramos das felicidades que tivemos, como se nosso cérebro transmitisse as partes ruins da vida e deixasse de lado as boas.

As poucas pessoas que se encontravam aqui na biblioteca eram para estudar. Alguns colocavam uma pilha de livros na mesa, infiltrados na leitura enquanto eu estava sentado sobre uma das poltronas, sendo o único que se mantinha ali. Uma senhora com o coque firme no topo de sua cabeça, ficava atrás do balcão e deduzo que seja a bibliotecária. Ela carimba algumas páginas dos livros e coloca sobre o balcão de forma organizada. Todos aqui estavam ocupados e não faço a mínima ideia se pego algum livro ou fico apenas observando as poucas pessoas que se encontravam na biblioteca.

Entre todos os rostos daqui, apenas um eu consigo reconhecer de algum lugar. Consigo vislumbrar uma garota amparada sobre uma das mesas parecendo inquieta no seu lugar. Ela estava com os fios escuros de seu cabelo preso em um rabo de cavalo de forma firme para que nenhum fio acabe se soltando. Nunca tinha percebido por não ser uma pessoa tão observadora, mas os uniformes das meninas eram uma saia azul com linhas vermelhas que ficam um pouco acima dos joelhos. E também usavam sapatos sociais junto com uma meia branca e a trágica gravata vermelha que eu tanto me matava em colocar.

A garota que antes tinha a atenção sobre um livro, consegue rastrear meu olhar sobre a mesma. Olhando melhor para ela lembro de quem se trata.

Lia.

É a garota no qual se senta ao meu lado na sala de aula. Desde do primeiro dia de aula nunca mais trocamos alguma palavra, talvez ela deve ter percebido o quanto sou tímido em socializar, mas realmente não é um problema que eu deva ficar preocupado.

Em alguns instantes ela fecha o livro no qual estava concentra segundos atrás e seu corpo esguio se levanta. Sem nenhum aviso a garota se aproxima na poltrona aonde estou sentado, vindo com um sorriso comprimindo em seus lábios. Ela se ajeita em uma poltrona que ficava ao lado da minha sem desviar seus pares de olhos sobre mim.

Não esperava que isso aconteceria. Agora todo meu corpo fica igual uma gelatina.

— Oi, Soobin. — Sussurra para que ninguém mais possa ouvir.

Não consigo responder. Sinto uma bola de saliva presa em minha garganta impedindo que minha voz saísse.

— Pensei que estivesse menos tímido. —  Comenta rindo fraco enquanto eu tento me manter calmo sobre a poltrona. — Você parece nervoso. Por acaso nunca conversou com garotas? — Ergue uma sombrancelha me analisando.

— Sim. — Suspiro por conseguir dizer alguma coisa até agora.

— Não gosta de conversar muito com os outros? — Ela cruza suas pernas e segura firmemente o livro em seu colo. — Se quiser posso ir embora.

Maneio a cabeça.

— Não é isso. É que não sei muito manter conversa, entende? — Me endireito na poltrona e Lia fica um pouco pensativa.

— Entendo. Pode ficar tranquilo. — Finalmente ela sorri compreensível e coloca o livro sobre o chão, podendo contemplar qual era o assunto do livro.

— Porque está com um livro sobre antropologia?

— É por causa do trabalho de história. Preciso fazer algumas pesquisas em alguns livros e colocar no trabalho meu entendimento. — Assinto vagarosamente com a cabeça enquanto olho para qualquer outra parte da biblioteca.

— O que você faz aqui sozinho? — Indaga inclinando seu corpo para trás, olhando para o teto.

— Queria conhecer a biblioteca daqui.

HATE | yeonbinWhere stories live. Discover now