- Mas conseguir separar cada coisa na sua caixinha definitivamente me ajudaria a dormir à noite – continuou – Eu estou tentando o máximo que consigo, mas é exaustivo duvidar tanto das conclusões que chego. Então foi errado te julgar por duvidar de mim também.

- Embora não tenha refletido muito sobre as consequências caso desse errado, você foi a mais sensata de nós na última semana, Av – lembrou o soldado – Não estou dizendo para confiar de primeira em qualquer coisa que passar pela sua cabeça, mas você precisa voltar a confiar melhor nos processos que você realiza. Você é uma das melhores estrategistas que eu conheço.

- Você não estava confiando em mim desse jeito durante o último mês.

- Porque eu estava com medo de você estar regredindo e fui burro o suficiente para não falar com você sobre isso – devolveu ele – Não foi certo da minha parte. Não tocar no assunto não faz o cenário ser menos realidade. Já passei por uns mal bocados em todos esses anos, e o período que você ficou sob o controle do Krigor... Eu me sentia inútil porque fui incapaz de te proteger, mais ainda quando você voltou e eu não sabia o que fazer. Me mata um pouco toda vez que eu não consigo te ajudar. Mesmo sabendo que não posso consertar tudo. Eu só... Queria poder acabar com tudo isso, mas eu não consigo.

- Nunca esperei que você pudesse.

- Não muda muita coisa. Eu não sei o que faria se algo acontecesse com você, isso me assusta. Isso só aumenta com o passar do tempo – pela própria voz do soldado Avril podia dizer que tinha mais coisa ali, mas foi sua figura incomodada que mais a perturbou, sua voz chamando o nome de Steve com cuidado. Steve por sua vez respirou fundo, não tinha mais motivos para deixar aquilo em segredo – Foi isso que a Wanda me mostrou. Quando ela estava com o Ultron. Algo tinha acontecido com os Vingadores e só restava você. Você e um filho nosso. Não me entenda errado, você é mais capaz que eu para a maior parte das coisas, mas... O papel de olhar por você é meu, a possibilidade de alguma coisa acontecer comigo e você... Isso me assombra. Eu quase perdi o foco quando você se ofereceu para ficar para trás em Berlim. Pensei que tinha chegado a hora.

- Então seu maior medo é me deixar sem supervisão?

- Até que demorou para você fazer graça – devolveu Steve, sem um pingo de hesitação, assim como o comentário – Estou orgulhoso, em algum nível.

- Eu me sinto assim também, de uma forma – confessou Avril, bastante familiarizada com a confissão do homem – Eu tenho medo de algo acontecer com você e eu não ser capaz de impedir, principalmente se eu for a causa. Me perder para algo ou alguém de novo e partir contra vocês, definitivamente é meu pesadelo particular.

- Ah, esse é bom! – ofegou Steve, estalando os dedos e depois apontando para mulher – É meu medo depois do você ficar sem supervisão.

- Rogers!

- Eu estou sendo sincero! Você que pediu – brincou ele, contente ao continuar a ouvir o riso inconformado de Avril – Não é como se eu dependesse de você ou algo assim, mas... Você significa tanto para mim que eu não consigo aceitar a possibilidade de te perder. Eu já perdi muita coisa.

- Sorte sua que eu sou bastante teimosa no quesito não morrer.

- É, mas não me livra dos ataques cardíacos.

- Eu tenho quase certeza de que o soro te livra disso.

- Às vezes você me faz sentir como se eu ainda fosse o Steve doente antes do exército – continuou ele, agora um pouco mais sério. A forma como seus músculos tensionaram um claro sinal de que as brincadeiras não tinham sido o suficiente para desviar o assunto. Avril apenas pode sorrir em compaixão, com um pouco de alívio. Ambos precisavam disso – Querendo fazer tanto e não sendo capaz. É um sentimento bastante estranho. Você e o Bucky fazem bastante isso, para falar a verdade. Não fui capaz de salvar ele durante a guerra, não consegui impedir a HYDRA de chegar até você. E o soro não me ajudou em nada a ajudar vocês dois mais tarde porque o que vocês precisavam não era alguém derrubando uma parede no soco, e ainda não é.

The Real Side II: Dark TimesWhere stories live. Discover now