30 Out - Cap. 8

472 47 5
                                    

Coloco o polegar dentro do pequeno buraco da manga do meu casaco. Eu adoro estes tipos de mangas, faz-me sentir poderosa. Mentira, só me aquece mais as mãos.

Olho em volta e depois de por os meus fones pretos com o símbolo do ying-yang nas orelhas, e de me encolher por completo no banco fecho os olhos e tento afastar todo o barulho que os alunos fazem no intervalo, e fucar-me apenas na música A Team do Ed Sheraan.

Desde que eu tenho 7 anos que odeio o barulho, odeio palavras, apesar de saber que preciso demasiado delas na minha vida. Também odeio pessoas, não pessoas em si, odeio muitas pessoas no mesmo sítio. Faz-me sentir como se fosse apenas mais um cadáver vivo nesta sociedade. Eu sempre fui muito culta, muito sozinha, muito coisinha, demasiado séria para a idade que tinha. É esquisito ter 7 anos mas não brincar com bonecas, ao envez disso ler romances, e depois desejar ser eu a rapariga do livro que descobre o que é o amor e apaixonasse por um rapaz que le apanhou os cadernos que ela deixa cair desajeitadamente.

Mas eu odeio muita coisa, e fazer uma lista agora iria demorar uns dias.

Abro os olhos devagar e volto à realidade, a escola. Olho mais uma vez em volta, e depois vejo o ser de olhos azuis a jogar matraquilhos.

Ele marca, pelo que vejo na sua euforia. E depois sobe para as costas do outro que ficou na sua equipa e berra, fazendo todos olharem para ele.

Ele sem dúvida adora futebol. Deu para ver ontem quando faltou a uma aula para jogar futebol no campo com outros rapazes.

Se eu e ele falamos depois daquilo? Nope, népia, no, not, neine. Mas safoda. Se sinto a falta dele? Yap, yup, si, yes, sim. Mas não me censurem, eu raramente tive amigos, mesmo que a minha amizade com o Louis tenha sido de uma semana, porque depois eu estraguei tudo.

Mas eu já estou habituada a estar sozinha, certo? Esta saudade que sinto dele vai desaparecer eventualmente.

Toca e eu desligo a música, e depois vou até à minha sala.

**

Olho para a janela, e fico a observar as árvores a abanarem devido ao vento, e depois olho em direção para fora da escola, imagino-me a sair daqui mais uma vez, mas em vez de ser para fazer uma tatuagem, apenas para sair. Sei lá.

Uma pequena bola de papel atinge-me no braço e desperta-me dos meus pensamentos. Olho em volta e tento encontrar quem seja o responsável por isto. Mas nada, todos olham em frente, enquanto o stor explica a matéria.

Abro o papel amarrotado e leio aquilo vezes sem conta para ter a certeza de que li bem.

'Tenho saudades tuas. Xx'

Olho mais uma vez em volta, uma pequena vontade que o responsável seja o Louis percorre o meu corpo, olho fixamente para ele e ele está concentrado a escrever algo no caderno, mas depois para. Olha devagar para mim e os seus olhos azuis são profundos, e atingem-me na minha pedra. Ele dá um sorriso torto sem revelar os dentes, e depois ele volta a olhar para o caderno.

Dobro devagar o papel e depois guardo no bolso do meu casaco e tento processar isto.

Eu não sei se foi ele, pode ter sido outra pessoa a gozar com o meu ser, apenas a criar-me esperanças. É isso mesmo, não foi ele, ele sente saudades do quê? Da minha arrogância? Do meu ponto de visto estúpido de pensar nas coisas? Ninguém sente a minha falta, nem sei se a minha mãe o sente, secalhar ela só é assim porque perdemos o pai e ela não quer poder dizer que me perdeu também. É para quando algo me acontecer ela dizer 'eu avisei-te'.

A aula acaba e eu sou a última a sair, demoro sempre a arrumar as coisas, o stor me encara da porta com a sua pasta junto ao corpo. Os seus olhos dizem 'despache-se'.

Saio da sala, e olho para os lados, ninguém se encontra no corredor. Vou até a casa de banho e ao tirar o meu rímel do bolso o papel cai no chão. Eu pego nele e o fito com os meus olhos castanhos que emitem curiosidade.

Após sair da casa de banho procuro por aquela criança, toda coberta de tatuagens sem algum significado. Vejo-o prestes a sair da escola e corro até ele, espero que tenha mesmo sido ele porque eu não corro, muito menos por alguém.

"Louis." O chamo e ele me olha.

"Maria." Ele murmura. "Precisas de alguma coisa?" Ele diz seco.

"Foste tu?" Mostro o papel e ele olha para ele e seguidamente para mim,

"Não." Minha pedra se esmaga por completo. Eu avisei. Obrigada subconsciente.

"Ah." Giro sobre os meus calcanhares pronta para voltar.

"Claro que fui." Olho para ele. "Quem mais poderia ter sido?"

Os meus olhos se arregalam e sinto que eles querem chorar. Mas eu não choro. Mordo o meu lábio involuntariamente, e depois aperto os meus punhos.

"Não, não era isso que eu queria dizer." Ele tenta agarrar minha mão.

"Não, tens razão." Sorri forçadamente e não deixo ele me agarrar. "Ninguém poderia ter mandado porque ninguém sente saudades minhas, nem sei como tu sentes." Guardo o papel de novo. "Eu sou solitária." Arqueio as sobrancelhas e sorri forçadamente de novo.

Viro-me e saio da sua vista. Ele não vem atras de mim, como eu esperava.

Vou até dentro da escola e depois olho para ele a ir-se embora. Como todos os outros fizeram. Foram-se embora.

Porquê? Porque é que eu sou assim? Todos precisam de amor e eu não sou exceção. Mas eu afasto todos aqueles que se aproximam. Eu estrago sempre as coisas.

Sei que o Capítulo está pequeno, mas isto é por dias, vou publicar recentemente. Mudei a capa, que acham ? :3

Rebel |L.T|Where stories live. Discover now