04 Nov - Cap. 11

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Entro na escola e lá está ele, sorrindo como um idiota à minha espera, ou talvez eu queira pensar que sim.

Gosto particularmente do cabelo dele hoje, está puxado para trás numa polpa na franja, e a parte dos lados está mais curta. Ele foi certamente cortar o cabelo ontem.

"Bom dia." Ele diz animado e abre os braços, acho que pretende um abraço.

Quando vê que não o abraço ele faz isso por mim esmagando-me contra o seu peito.

"Demasiado contacto." O afasto com a mão e a sua gargalhada ocupa o espaço.

"Toma." Ele estende-me uma pequena caixa com um embrulho branco.

"O que é isto?" Olho desconfiada e agito a caixa ao meu ouvido.

"O teu novo mp3." Ele sorri muito, como se tivesse acabado de fazer uma boa ação.

"Eu disse que não era preciso!" Entrego-lhe a caixa de novo para as mãos.

"Mas eu sou um bom amigo." Ele a empurra para mim.

A palavra amigo soa estranha, mas ao mesmo tempo parece que o meu corpo quer que ele repita o que acabou de dizer.

"Mas eu não." Gargalho e empurro para ele.

"Vá, não sejas teimosa." Ele me olha desiludido e eu cedo aos seus olhos azuis.

Rasgo devagarinho o embrulho e o símbolo da Apple aparece fazendo os meus olhos arregalarem e a minha boca formar um 'o'.

"Achei que esse 'mp3'." Ele faz aspas com os dedos. "É melhor que o que tinhas. E é preto!" Ele menciona e eu riu.

"Não posso e não vou aceitar." Estendo-lhe a caixa. "Isso deve te ter custado uma fortuna."

"Foi apenas uma mesada." Ele diz como se fosse normal receber-se entre 200-300 euros de mesada.

"Que mentira." Acuso e ele retira o iPod da caixa e depois entraga-mo para as mãos.

"Já pus algumas músicas do teu namorado." Ele ri e mostra-me. "Mas podes por as que quiseres."

"Eu não vou aceitar." Faço birra.

"É o mínimo que posso fazer, estraguei o teu, aceita e deixa de ser teimosa." Ele pede quase num suplico e eu resisto.

"A minha mãe não vai gostar nada disto." Murmuro enquanto tento perceber como se mexe nesta coisa.

"Tu tens uma tatuagem, ela também não iria gostar disso." Ele gargalha. "Por falar nisso, esta tarde vou fazer uma." Ele diz confiante e sorridente.

"E então?" Pergunto indiferente e levanto o olhar para o encarar.

"E então, quero que venhas comigo."

**

Desbloqueio o iPod e ele explica-me melhor como se trabalha nas funções ou se tira fotos ou se mete mais músicas.

"Isso também tem acesso à net, podes finalmente ter um facebook."

"Não preciso de um."

O que eu disse não é mentira, eu não preciso necessariamente de um. Mas eu no fundo sei que eu tenho medo, não de ser apanhada ou coisa do gênero.

Mas tenho medo porque estes anos todos vivi sem liberdade nenhuma, e não me sinto preparada para ser demasiado rebelde duma vez.

Foi por isso que quando fiz a tatuagem não me custou, porque eu fui rebelde uma vez, e apenas tive liberdade numa coisa.

Rebel |L.T|Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ