capítulo 50 A Ave de Fogo

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Uriel e Adam estavam por um longo tempo pela estrada, atentos a eventuais ataques dos lobos infernais.


O caminho parecia um filme de terror, corpos dilacerados nos arredores, sangue espalhado pelo chão de terra vermelha e ossos jogados por todos os lados. No horizonte se via uma cidade destruída. Na escuridão, olhos vermelhos eram vistos, prontos para atacar a qualquer momento. O aroma do lugar não mudava, o cheiro de carne podre incomodava.

- Falta muito para chegarmos nesse lugar? - perguntou Adam que se sentia exausto pela longa jornada.

- Falta pouco. - Falou o Arcanjo concentrado no seu objetivo.

Passando por alguns escombros e mais algum tempo de caminhada, eis que Uriel e Adam chegaram  ao local onde estava a ave de fogo.

Esse pássaro em chamas, era um ser responsável por atravessar almas pelos portais existentes entre Céu, purgatório e inferno. Há muito tempo atrás, durante a guerra entre anjos e demônios, esse Ser conspirou em favor de Lúcifer. Após o incidente, ela foi presa pelos Arcanjos e esquecida através dos tempos. Era um animal voador de porte grande, seu tamanho era próximos dos quinze metros. Seu corpo é de fogo, porém em seu peito, há uma espécie de bolsa, projetada para carregar almas. 

O lugar era isolado, o Ser estava pousado em cima de uma imensa pedra, acorrentada em uma das patas. Com a cabeça abaixada, ela sentiu uma presença em seu território.

- Quem se aproxima desse lugar? - Perguntou a ave de fogo abrindo os olhos.

- Uriel…

O Ser virou a cabeça e olhou para os visitantes.

- Arcanjo Uriel… Quanto tempo, a que devo a honra da sua horripilante visita nessa prisão que você mesmo me deixou?

- É um prazer em ver você novamente. - Falou o Arcanjo. -Não é um bom momento, mas venho para lhe fazer uma proposta.

- Que seria ? 

- A deixarei em liberdade, mas preciso que você nos atravesse através dos portais do inferno e do purgatório.

- Se eu me recusar?

- Serei obrigado esguichar o seu sangue pela minha espada.

- Vejo que não tenho opção, mas o guardião dessa prisão  me impede de fazer qualquer coisa. - Falou a ave de fogo.

- Isso não é problema, eu cuido dele. - Respondeu Uriel.

Adam estava impressionado com o Ser a sua frente, admirava as labaredas de fogo que ela emanava pelo corpo e asas. Até que algo lhe chamou a atenção, o chão começou tremer com passos de algo grandioso que se aproximava.

- O que está acontecendo? - perguntou a pobre alma assustada.

- O guardião se aproxima. - Respondeu a ave de fogo.

Diante do Arcanjo e de Adam, eis que um enorme cavaleiro com uma grandiosa espada apareceu. Sua existência se baseava em destruir quem se aproximasse do prisioneiro que ele guardava. O guardião era um ser trajado dos pés a cabeça por uma armadura forjada por um aço inquebrável, nenhuma espada poderia perfura-lo. Não tinha visão, olfato e paladar, mas atacava os adversários através de seus movimentos, pois sua audição era aguçada. 

Uriel mandou Adam se afastar e foi ao encontro do gigante a sua frente. O guardião levantou sua espada e atacou com ferocidade, mas o Arcanjo se desviava com facilidade das investidas que era lançadas contra ele. Depois de algum tempo atacando  sem sucesso o celeste, o gigante cavaleiro se prostrou de joelhos, apoiou-se na espada, mas não conseguiu resistir e caiu no chão. Não conseguia se mexer.

- O inimigo é inatingível, mas sua armadura é muito pesada e seus ataques são muito poderosos, isso consome muita energia e se cansa mais rápido. Me atacou tanto que está exausto, a ponto de não conseguir se mover. - Explicou Uriel  a situação do guardião para a ave de fogo.

- Esse é o ponto fraco desse Ser? - Perguntou Adam tremendo.

- Que patético. - Falou o enorme pássaro.

  Uriel sacou a espada e cortou as correntes que prendiam a ave de fogo. Tomando cuidado para não se queimar.

- Para onde vocês querem ir ? - Perguntou o pássaro.

- Nosso objetivo final é o Céu, temos dois portais para atravessar. Faça isso e conversarei com meus irmãos sobre um possível perdão a você. - Explicou o celeste.

- O que faz tu pensar que procuro perdão? Se em vez disso, eu não procurasse por vingança? - Perguntou a ave num tom de ironia.

- Vou deixar claro uma coisa. - Falou Uriel encarando o pássaro a sua frente. - Se me trair, arranco sua cabeça. 

  A ave de fogo nada falou, parecia que tinha engolido a seco as palavras de Uriel.

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⏰ Last updated: Apr 09, 2020 ⏰

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