Capítulo 31: Lágrimas de um Arcanjo

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O tempo nublado havia passado, a madrugada estava prestes a ir embora para dar lugar ao dia.

O Arcanjo Uriel já havia cometido 73 homicídios por toda a cidade de São Paulo. Em sua armadura, o rastro de sangue humano. Ele estava cansado, os olhos não estavam mais vermelhos, pois o coração se acalmava. A ira se saciava com o ódio do celestial, mas estava farta.

O pior ainda estava para acontecer. Uriel caminhava por um beco nos arredores da cidade. O lugar ainda estava um pouco molhado por causa da chuva, havia containers para armazenar lixo dos prédios que rodeava o local. Foi quando o Arcanjo avistou um anjo próximo a uma dessas enormes lixeiras. Ele se aproximou do celeste a sua frente e disse:

-Anjo Matias, o que fazes aqui ?

O ser de luz não falou nada, apenas abriu a tampa da lixeira e mandou o Arcanjo olhar o que havia dentro. Uriel viu algo embrulhado num pano úmido. Desenrolando e vendo o que havia dentro, o Arcanjo ficou perplexo. "Qual será o limite da maldade do ser humano?" pensou o celestial. Dentro do pano, já com a pele pálida, eis que era um bebê recém nascido, abandonado pela mãe, morto por causa do frio.

Lágrimas desceram do rosto de Uriel, que se prostrou ao chão e chorou igual criança. A alma do bebê foi saindo do corpo físico, até que o anjo Matias o pegou em seus braços.

A cena foi tão intensa que até o Arcanjo Rafael que assistia tudo isso nas lembranças do Arcanjo Uriel, começou a chorar. O pecado Ira também se surpreendeu com a cena.

Em casos de óbito de bebês e de crianças de até 7 anos, não são os ceifeiros que vem buscar as suas almas, são os próprios anjos, pois nessa idade, o ser não tem nenhum sentimento de maldade no coração. São os chamados "Anjinhos" pelos celestes.

-O Arcanjo Miguel vai cuidar bem dele.- Falou Matias brincando com a aura do bebê que sorria.

-Sim, ninguém melhor que ele para fazer isso.- Falou Uriel cobrindo o corpo do bebê morto.

O Anjo Matias abriu suas asas.

-Uriel, seus irmãos lhe esperam no Éden.- Falou Matias levantando voo.

-Eu já vou... Só tenho mais uma coisa para resolver. - respondeu Uriel cerrando os punhos

O arcanjo farejou o cheiro da mãe do bebê por todo o beco, abriu suas asas e voou. A mulher não estava longe, mais ou menos a 10 quadras do lugar onde Uriel estava. Ela se encontrava numa roda de 5 drogados. O cachimbo de crack estava pronto, eles procuravam por algum isqueiro. Foi quando o Arcanjo chegou de surpresa assustando a todos que estavam ali. Ele não falou nada, apenas pegou a mulher pelo pescoço e estourou o rosto dela com diversos socos. A mulher morreu na hora.

Após isso, os primeiros raios solares apareceram, dando início a um novo dia. O Arcanjo Uriel levantou voo e subiu para o Éden. 

Após isso, Rafael parou de assistir as lembranças de seu Irmão, pois o resto ele já sabia.

-Muito tenso o que aconteceu com você. - Falou Rafael olhando para o irmão.


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