capitulo 29 Os primeiros humanos mortos

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Os dois sobreviventes do ritual, correram pela rua da direita, atravessaram o viaduto do chá e subiam a rua da consolação. Por coincidência e azar, eles estavam indo direto para o hospital que Uriel a pouco estava.

Era um homem alto, magro, branco, chamado Arnaldo e uma mulher loira, magra, branca, chamada Natasha. Corriam sem parar, pois estavam muitos assustados por presenciar algo sobrenatural. Fizeram parte do ritual, suas almas estavam condenadas ao fogo infernal, tudo isso pelo poder e a glória. O problema deles agora era sobreviver. Não viram para onde as feras partiram ao voar, então todo cuidado era pouco.

Começou a chuvisca.

Arnaldo e Natasha estavam ofegantes, em volta da avenida, nem uma pessoa, ao não ser eles, por sorte, o lugar estava iluminado pelos postes. A túnica vermelha virou um problema ao se molhar com a chuva, o tecido já era pesado, molhado, o peso se dobrou.  

Os sobreviventes pararam de correr e começaram a andar. Arnaldo estava exausto. Natasha por outro lado, queria continuar num ritmo rápido. Para ela quanto antes sair dos arredores do lugar, era melhor, mas seu parceiro não aguentava, pois o corpo não obedecia mais a mente.

-Nossas vidas estão em jogo, precisamos andar mais rápido.- Falou uma impaciente e assustada Natasha.

-Minhas pernas estão me matando, estou com câimbras nas duas coxas, não sei por quanto tempo vou aguentar a andar.- respondeu Arnaldo ofegante e gemendo de dor.

Sobrevoando pelos arredores da avenida da consolação, Uriel avistou os dois integrantes da seita.

A garoa deu uma pausa, o mesmo fez Arnaldo. O homem de túnica se sentou na calçada e apoiou a costas na parede. Após isso, ele relaxou o corpo.

-O que você está fazendo?  Está louco, não podemos parar.- gritou Natasha.

-Eu não aguento mais, pode continuar sem mim, acho que não corremos mais perigo.- Falou Arnaldo ainda muito ofegante.

-Não vou te esperar, lamento, mas continuarei sozinha. - Lamentou a mulher.

-Tudo bem. Pode ir na frente. concordou o homem.

Natasha continuou sua caminhada, olhou para o relógio no pulso que indicava “2:07hs” da manhã. Os ônibus coletivos começaria a rodar só as 3:00hs. Entre todos o integrantes da seita, a mulher era a mais pobre. Não tinha carro, morava de aluguel numa periferia e se sustentava através de prostituição. Ela vendeu a sua alma em troca de riquezas e fama, pois estava cansada de abrir as pernas para bêbados, drogados sem higiene e às vezes ser espancada e estuprada pelo seu cafetão que era um homem
ignorante.


Quando a mulher de túnica se afastou a uns 200 metros de distância para Arnaldo, eis que ela ouviu um grito:

-Natashaaaa… Correeee...

A moça virou o corpo para olhar para trás, quando viu Uriel pousar na frente de Arnaldo, desembainhar a espada e com um giro rápido cortar a cabeça do homem com facilidade, fazendo espirrar sangue na parede.

Após matar Arnaldo, o Arcanjo voltou seu olhar para Natasha que o encarava com muito espanto. A mulher deu um grito de desespero e saiu em disparada com lágrimas no olhos e com o coração prestes a sair pela boca de tanto medo que ela estava.

Uriel levantou voo, concluiu que a mulher seria a sua próxima vítima.

O corpo não aguentava mais, mas a mente estava no comando, era questão de vida ou morte, sozinha e sendo caçada por um Arcanjo, a situação de Natasha era bem delicada. Ela tinha uma pequena esperança de sobreviver, mas tudo era em vão.

Uriel deu a volta voando para sair do raio de visão do alvo, depois desceu como uma águia, Pegou a mulher que corria pelo pescoço e a imprensou contra o muro do cemitério.

-Não… Tenha piedade. - gritou Natasha em desespero e se debatendo com as mãos e pernas.

O arcanjo apertava com uma das mãos a garganta da mulher, que estava suspensa do chão com as costas contra a parede.

-Não és digna de viver, vendeu essa sua podridão de alma para um demônio sem pensar nas consequências de seus atos. - falou Uriel com os olhos vermelhos e se tremendo de ódio.

O Arcanjo sacou a espada com a outra mão e furou as entranhas de Natasha, fazendo a lâmina afiada trespassar a mulher nas costas e ainda atravessar a parede do cemitério.

Logo o sangue começou a sair pela boca da mulher, as lágrimas secaram, os olhos começaram a se fechar, a vida estava indo embora. Uriel forçava mais e mais a espada para a dor de Natasha ser mais intensa. Ela cessou os movimentos bruscos para tentar se soltar, não tinha mais forças para falar. Seu momento de agonia foi curto, mas doloroso. Natasha, a última sobrevivente do ritual, parou de respirar e morreu.

Uriel sentindo a presença dos ceifeiros que vieram para buscar a alma da mulher, puxou a espada e soltou o corpo de Natasha que caiu no chão, em cima do próprio sangue.

ArcanjosWhere stories live. Discover now