Capítulo 42 Nome na lista

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Do alto de uma montanha no Éden, Miguel, Rafael e Gabriel conversavam sobre Uriel. O lugar era um pouco afastado das almas humanas, mas era extraordinário. A montanha era forrada de mata verde, com uma cachoeira com uma caída de aproximadamente uns cinquenta metros. Alguns animais tinham por escolha, habitar nesse território.

Os Arcanjos apreciavam o horizonte.

-Então o nome da moça está na lista. - afirmou Miguel desviando seu olhar para Gabriel.

-Sim. - respondeu o irmão.

-Esse Ser está neutro entre o bem e o mal. Nunca tivemos autorização para se aproximar dela, nenhum tipo de contato. Não podemos fazer nada. - falou Rafael entrando na conversa e continuou - E quanto a Uriel, o que vamos fazer?

-Nada - falou Miguel. - Ele vai ter que superar isso.

-Você fala como se não conhecesse ele Miguel. - comentou Gabriel.

-Irmãos, o que temos que fazer é torcer para que tudo acabe bem. Tempos de tempestades virão, mas com muita fé vamos superar tudo. - falou Miguel num tom sério.

-Que assim seja. - comentou Rafael.

Natan e Karina curtiam o momento, falando sobre a gravidez. Toda a família ficaram felizes com a notícia. Francisco comprou cerveja para comemorar e dona Maria era só lágrimas de alegria.

No quarto, deitados na cama e abraçados, Natan e Karina não conseguiam dormir.

-Ser for menino, você escolhe o nome Natan, agora se for menina, quem decide sou eu. - Brincava Karina.

-Vamos fazer assim, menino ou menina, nós escolhemos juntos.- falou Natan fazendo carinho no rosto de sua amada.

-Meu Deus, eu preciso dormir, cadê você sonho. resmungava Karina.

Natan apertou o abraço e sussurrou no ouvido da moça:

-Eu não sei explicar esse sentimento de amor que tenho por você, quero ficar ao seu lado, tudo que faço, é por nós. Te agradeço por carregar esse fruto que fizemos. Eu sou o cara mais realizado desse mundo. Karina eu te amo.

-Suas palavras são lindas, eu também te amo. - falou a moça dando um beijo no Arcanjo.- Vamos fazer amor como se fosse a primeira vez. - continuou Karina se virando e ficando em cima de Natan.

Após o sexo, o silêncio tomou conta do quarto, Natan e Karina dormiram abraçados.

A moça dormia como um anjo, o Arcanjo por outro lado, foi pego por um pesadelo. No sonho, uma mulher linda de cabelos escuros como a noite, o torturava com um punhal. Quanto mais ele tentava se mexer, mais a mulher o cortava com o objeto cortante. Imobilizado, o celeste não podia fazer nada.

Quando amanheceu, Natan se levantou da cama, lavou o rosto, escovou os dentes, colocou uma roupa, preparou o café, deu um beijo em Karina e foi trabalhar. O dia iria ser longo.

A moça levantou um pouco mais tarde, foi para casa de seus pais, e de lá foi trabalhar.

O dia estava nublado e frio, mas algo estava diferente, o clima estava pesado. Natan se sentia incomodado com algo, não conseguia se concentrar direito no serviço.

Karina sentia dor de cabeça. Mesmo assim ela foi trabalhar, pegaria o turno da tarde na loja de roupas no shopping.

O que tornou o dia mais estranho, foi a presença de almas penadas ao redor do Arcanjo e da sua namorada. Elas estavam por perto, porque os ceifeiros, subordinados do Ser morte estava à espreita. Aguardavam o momento de agir.

Se passava das 21:00hs, Karina bateu o cartão de ponto e foi embora. Sempre na hora de ir para casa, a moça escolhia o caminho mais longo, porém seguro, pelo menos era o que ela achava.

Natan já havia chegado do serviço e estava na casa de seu sogro.

A ruiva saiu do shopping, atravessou a avenida e caminhava por uma viela meio escura até o ponto de ônibus. Ao seu encontro, vindo na direção contrária, vinha um rapaz vestindo um blusão preto com touca na cabeça. Seu nome era Anderson, um rapaz viciado em cocaína, acostumado a sustentar o seu vício com roubos a mão armada. Quando ele conseguia um bom dinheiro com um assalto, ostentava nas noites de baladas das favelas do Capão Redondo. Um vilão, talvez o seu passado o tornou assim, mas não justifica tais atos.

Karina abaixou a cabeça e continuou caminhando, prendeu a bolsa entre os braços, mas foi surpreendida quando Anderson apontou um revólver calibre 38 na sua direção.

-Perdeu, isso é um assalto, me dar a bolsa. - Gritou o rapaz apontando a arma para a vítima.

Assustada, Karina entregou a bolsa. Anderson pegou o produto de roubo, e no momento de correr, a polícia apareceu no final da viela. Com o corpo tremendo e agitado por adrenalina, o rapaz voltou e fez a moça como refém.

Os policiais se aproximaram de Anderson, que prendia Karina com um dos braços no pescoço, com a outra mão, ele segurava o revólver que estava encostado na cabeça da moça. O momento era tenso, os ceifeiros estavam a postos, as almas penadas rodeavam o lugar.

-Solte a mulher rapaz... - gritou uns dos policiais apontando uma arma para o assaltante.

-Seus vermes, se afastem, senão eu estouro a cabeça dela. - falou Anderson em alta voz.

Mais carros com policiais chegaram no local.

O ladrão estava agitado, nervoso e seu corpo tremia. Isso era tudo que as almas penadas queriam, elas rodearam o assaltante e começaram a sussurrar para ele praticar a desgraça.

-Rapaz... Abaixe essa arma para conversamos, você vai acabar machucando essa inocente. - falou um dos policiais.

-Eu não vou para a cadeia, se afastem, eu largo ela e vou embora.- insistiu Anderson.

-Tire a arma da cabeça dela e se acalme - bradou outro policial.

-Se eu fizer isso, vocês vão me matar na primeira oportunidade. - respondeu o ladrão.

-Não vamos fazer nada com você, solte a moça e vamos apenas conversar.- rebateu outro homem da lei.

Anderson estava se acalmando da adrenalina que corria pelo corpo, sabia que iria ser pego, não tinha como fugir, pensava que era melhor ser preso por assalto do que por homicídio.

Karina chorava, temia por sua vida, mas estava quieta na esperança que tudo acabaria bem.

O ladrão lentamente tirava o revólver da cabeça da moça, mas seu dedo indicador, devido os sussurros das almas penadas, deu uma tremida a mais, tocando no gatilho da arma e a fazendo disparar.

Foi um barulho alto, "BUM". Miolos se espalharam pelo chão, aos poucos o sangue cobriu o piso da viela. Karina morreu na hora, a bala entrou na sua fonte, furou o crânio, rasgou o cérebro e saiu do outro lado se prendendo na parede. Sua morte foi horrível. Seus cabelos ruivos se misturaram com o sangue da sua cabeça.

Anderson ficou paralisado, soltou o corpo morto da moça que caiu duro no chão,  pensou consigo, "Meu Deus, o que eu fiz?". Não durou muito tempo, os policiais furiosos alvejaram o rapaz ali mesmo, dando vários tiros até descarregar o pente de suas armas.

Tendo a sua alma desprendida do seu corpo carnal, Karina foi levada pelos ceifeiros. Outros subordinados da morte também levaram Anderson, mas para outro caminho.

O Ser que os Arcanjos conversavam na montanha, era o Ser morte, infelizmente, o nome de Karina estava na lista dela. Coisa do destino, a hora dela havia chegado, e ninguém poderia fazer nada para impedir que a morte levasse a vida da moça. 

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