Arcanjos

Capítulo 22 Uma conversa com Rafael

Os dois irmãos caminharam no infinito mundo do fim dos abismos.

Uriel agora sabia como foi o fim da guerra cósmica. Ele nunca imaginou que havia terminado daquele jeito.

-Então foi Arcanos e outros que deram fim ao conflito, porque ele não deixou Miguel destruir Lúcifer? - Perguntou o Arcanjo caminhando ao lado do irmão.

-Ele teve os motivos dele Uriel, mas para falar a verdade nós não perguntamos isso para ele. - Respondeu Rafael.

-Menosprezei os pecados e fui gravemente ferido, tem mais alguma coisa que você quer me mostrar irmão?

-Sim... Me acompanhe.

Rafael levou Uriel até a cela da energia negativa.

-O próximo assunto que vamos tratar é sobre o pecado que te feriu na guerra.- Falou o Arcanjo olhando para a entidade presa.

-Esse ser atormenta a minha mente na hora que vou tomar alguma decisão.- Explicou Uriel.

-Irmão, assim como eu, você sabe que depois que Lúcifer caiu, ele criou os pecados para destruir a humanidade. Esses seres foi ganhando poderes suficiente a ponto de enfrentar um anjo. Com o tempo, o rei das trevas forjou armas a partir de fragmentos de almas corrompidas e entregou para eles. - Falou Rafael.

-Porque ele tem a minha imagem?

A energia negativa encarava os Arcanjos, dava uma gargalhada sarcástica e murmurava.

-Isso não vai me prender por muito tempo.

Depois de analisar bem a entidade, os irmão se afastaram do preso para falarem em particular.

-Uriel, não conheço outro ser angelical que sobreviveu a uma perfuração no coração, você é o único. Foi um milagre, mas teve um custo. A espada da ira te contaminou com fragmentos de almas.- Explicou Rafael.

-Tem cura? - Falou um aflito Uriel.

-Não. esse pequeno pedaço de alma entrou na sua aura através do seu coração e se fundiu na sua mente.

Uriel abaixou a cabeça e balançou em negação.

-Ela faz parte da sua consciência agora, ainda mais por você ser um Arcanjo bem explosivo, ajudou muito a ganhar vida dentro da sua mente. Minha defesa no seu julgamento se baseou nisso, mas Arcanos não deu ouvidos. Falou Rafael pondo uma das mãos no ombro do irmão.

-O que vai ser de mim com essa coisa maligna me atormentando o tempo todo?

-Vamos deixá-lo preso no fundo do seu inconsciente, mas toda vez que você ficar nervoso, a energia da cela vai se enfraquecer.

-Irmão, tenho que achar Deus Pai, para me curar. - Falou Uriel angustiado.

-As ordens dele foram claras Irmão, Arcanos está no comando até ele voltar. Além do mais, não sabemos em qual dimensão procurar. - Falou Rafael.

Uriel se via derrotado, sem uma cura, com o seu corpo carnal em coma, tendo sua mente presa num deserto sem nada além de areia e vento. Impotente de fazer alguma coisa em seu auxílio ou de pedir ajuda para alguém, o Arcanjo se deitou no chão com os braços apoiando a nuca. Vendo a cena Rafael perguntou:

-O que está fazendo? Vai desistir de tudo?

Uriel sorriu para o irmão.

-Jamais... Vou apenas esperar e ver no que vai dar isso tudo, me desesperar não vai me levar a lugar nenhum.- Respondeu o Arcanjo não se importando com nada.

-Quer que eu vá embora? - Perguntou Rafael se deitando ao lado do irmão.

-Não, fique por favor. Pelo menos até o meu corpo carnal se recuperar, se é que vai recuperar.

Rafael sorriu e admirou o pensamento de Uriel.

-Natan? Esse é o seu nome como Humano? Um belo nome. - Puxou assunto o Arcanjo.

-Foi uma mulher chamada Dulce que me batizou com esse nome. Ela era uma freira de um orfanato onde fui criado, era uma senhora bem gentil. Fiquei nesse lugar até os seis anos, depois fui adotado por uma pessoa chamada Aurélia. Foi ela que com o tempo chamei de mãe. Sinto muita falta dela.

-Parecia ser uma boa pessoa. - Falou Rafael.

-Era sim...

-Não querendo mudar de assunto, mas já mudando, a gente precisa continuar aquela conversa séria que estávamos tendo.

-Sobre o que você quer falar agora Rafael?- Perguntou Uriel ao irmão.

-Eu gostaria de saber o que aconteceu naquela noite que você matou aqueles humanos.