Capítulo 19

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  TUDO ESTAVA PRONTO! Hoje mesmo o grupo partiria da montanha, era uma experiência completamente nova para Marjorie e Lisianto, apesar de já terem descido da montanha algumas vezes para ajudar na pesca e no plantio junto dos outros esquimós, era diferente hoje, não iriam para uma parte isolada, agora estavam indo para o campo de batalha que era a verdadeira Frid, o lugar onde pessoas como eles não seriam capazes de sobreviver sem astúcia.
— Estão prontos? - perguntou Viktor pondo uma grande bolsa que fora costurada por Marjorie para carregar parte dos alimentos, cada um deles carregará uma dessas bolsas com duas alças, a carroça que usaram para subir não poderia ser usada para descer, ela escorregaria descontroladamente neve abaixo e provavelmente perderiam seus mantimentos, por isso deixariam a carroça para trás e contariam com a ajuda de Revanche e Vendaval, igualando o peso da bagagem entre eles.
  Tudo estava pronto, utensílios para cozinhar, comidas congelas, água, cobertores, casacos e roupas. Algumas armas, como facas e punhais, que Viktor não saía sem, havia distribuído entre eles para proteção pessoal. Por enquanto não precisariam delas, mas assim que descessem aquela paz chegaria ao fim.
— Assim que descermos já teremos dado a volta na capital, mas não podemos nos acomodar, pode ser que ao descermos acabemos dando de cara com uma vila ou uma cidade, se isso acontecer o que devemos fazer? - pergunta Arabella repassando as instruções para Marjorie e Lisianto.
— Manter a calma - responde o irmão mais novo - e seguir em frente como se nada tivesse acontecido.
— Não podemos mostrar nossos olhos ou nossos cabelos, por isso vamos todos nos cobrir - a mais velha diz.
— O que acontece se questionarem vocês? - pergunta Math cruzando os braços.
— Damos respostas frias e simples.
— Se necessário invente uma história, mas que pareça verídica - instrui Malia.
— Vamos nos dividir - começa Lucinda que enfiava uma adaga dentro da sua bolsa - três pessoas vão levando Vendaval por um lado da vila e quatro vão levando Revanche por outro canto, assim que cruzarmos a vila vamos nos encontrar no local que parecer mais discreto possível, entenderam?
— Entendemos - respondem os dois em uníssono.
— Então vamos indo, temos muito caminho pela frente! - exclama Viktor saindo na frente se direcionando para  perto de Vendaval, o ruivo pega suas rédeas fazendo o cavalo sair do lugar.

  Todos seguem atrás, Marjorie e Lucinda se juntam a Viktor ao lado de Vendaval, os grupos já haviam sido divididos anteriormente, apesar de Lucinda resistir de ter que viajar ao lado de Marjorie e Viktor.
  O outro grupo que ficaria com revanche, Math, Malia, Lisianto e Arabella pareciam bem com seus parceiros de grupo, apesar de Lisianto se sentir desconfortável de estar longe da sua irmã.

  Os Guardiões resolveram sair antes do sol nascer, faria sua viajem mais produtiva, mas como resultado disso os bocejos podiam ser ouvidos a metros de distância, principalmente os de Math e Lucinda que não eram nada discretos.
— Como faziam para se esconderem sendo tão barulhentos assim? - perguntava Marjorie rindo dos bocejos exagerados.
— Na hora do medo eu viro uma dama! - responde Math esfregando os olhos.
— Eu bem que suspeitava - dizia Lucinda rindo da cara de Math ao perceber o que disse, a risada de Viktor deixando Math mais envergonhado.
— Nossa Math, agora faz todo sentido! - diz Malia entrando na brincadeira.
— Sentido de quê?! - desesperado o moreno coça a cabeça sem saber como reagir as piadas.
— Vamos pessoal não riam do Math, isso deixa ele desconfortável - diz Arabella.
— Obrigado Arabella - diz o jovem de olhos violetas.
— Mesmo fazendo todo sentido agora! - diz a loira fazendo todos rirem.
— Até você Arabella?! Eu sou hetero! - exclama o moreno - a culpa é sua, você começou isso! - aponta para Lucinda que finge que não ouviu - por que está fazendo isso? - pergunta o moreno - você sabe muito bem que eu sou hetero! - com essas palavras a castanha encara o moreno, uma tensão parecida com a da noite anterior se forma novamente.
— Não é da sua conta! - responde a garota puxando Malia pelo braço para caminharem mais a frente sozinhas, notando que algo estava errado as outras duas acompanham a castanha se afastando dos três garotos confusos que ficaram para trás.
  Olhando para Math, Lisianto e Viktor questionam o que acabou de acontecer. O moreno suspirando irritado, passa as mãos no cabelo deixando-as ali, olha para baixo.
— Esqueçam, isso nunca aconteceu, okay?
— Okay - respondem os dois continuando a caminhar entre todo aquele gelo.
— Desculpe pela brincadeira - disse Viktor alisando o pelo de Vendaval - mas me ajudou bastante, eu estava precisando rir um pouco - olhando para a frente onde as garotas se encontravam, seus olhos cravaram nas costas de uma certa loira, ele suspira.
— O quê aconteceu com vocês? - Lisianto questiona.
— É complicado.
— Sabe, pode não parecer, mas eu sou bem inteligente, acho que vou entender se você me contar - fala Math dando um tapa nas costas do jovem príncipe sardento. Viktor suspira e olha para os dois ao seu lado, Lisianto parecia curioso.
— Ela não me quer por perto, disse que eu não a tratava como deveria e pediu para eu me afastar.
— Olha, eu acho que nesse ponto a Arabella está certa, você não trata ela como devia, é como se estivesse orbitando ao redor dela, protegendo ela e... como eu vou explicar...? - diz o moreno pondo a mão no queixo - Ah! É como o Lisianto com a Marjorie, só que menos agressivo!
— O quê?! Eu não sou assim com a Marjorie! Eu não sou agressivo! - Lisianto exclama aparentando revolta.
— Devo lembrar que você estrangulou Arabella por causa da sua irmã, quando ela nem sequer estava armada? - Lisianto demonstra choque e abaixa os olhos para a neve grossa no chão, ele havia perdido aquela discussão.
— Mas eu nunca tive intenções de fazê-la se sentir desconfortável! Eu até pedi desculpas e estava disposto a ficar mais distante, mas... - diz Viktor voltando ao assunto.
— Mas...? - Lisianto volta a conversa, erguendo os olhos azuis para o Príncipe.
— Ela disse que... - Viktor faz uma pausa, sentindo um aperto na garganta - queria que tudo voltasse a ser como antes. - Math e Lisianto se encaram e então observam o olhar perdido do amigo.
— Sinto muito cara! - fala Math pondo a mão no ombro de Viktor lhe dando consolo.
— Deve ser difícil - o albino comenta olhando para cima, o céu estava mais limpo hoje - por isso disse aquilo ontem?
— Foi, se ela quer que voltemos a ser apenas amigos, então preciso esquecê-la de alguma forma - conclui o ruivo olhando para o céu.

— Deve ser difícil - o albino comenta olhando para cima, o céu estava mais limpo hoje - por isso disse aquilo ontem?— Foi, se ela quer que voltemos a ser apenas amigos, então preciso esquecê-la de alguma forma - conclui o ruivo olhando para o céu

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  Havia passado algum tempo desde que haviam saído, finalmente eles estavam indo para algum lugar naquela viajem, agora parecia que eles realmente estavam chegando a algum lugar. Desde que saíram da Ilha dos Exilados e partiram para o Sul era como se não tivessem chegado a lugar algum, mas agora eles haviam conseguido subir até a montanha do Leste, sobreviver - mais ou menos - e agora estavam descendo a montanha com mais dois aliados para a sua causa, Arabella se perguntava se ainda podiam encontrar mais aliados pelo caminho, precisariam de muitos representantes para dar incentivo às Atrações.

  No final haviam seguido Lucinda, mas não descobriram nada sobre sua briga com Math, apesar de ter ficado bem claro o que estava realmente acontecendo. Lucinda apenas caminhava bufando vez ou outra, estava com as mãos nos bolsos da calça de tecido grosso que Marj havia dado para ela.
— Você quer conversar? - perguntava Malia preocupada.
— Não! - respondia grosseiramente.
— Então por que me arrastou até aqui? - Malia cruza os braços, fechando a cara.
— Eu só não quero ficar só, okay?! - responde novamente irritadiça, mas fazendo as outras três notarem a fragilidade que sentia, parecia que até mesmo Lucinda tinha momentos como esses. Sorrindo Arabella se aproxima da castanha pondo o braço sobre seus ombros.
— Sabe Lucinda - começa Arabella - eu sei que é difícil, mas você não precisa guardar tudo para você, somos suas amigas aqui, como eu posso confiar em vocês para ouvir meus problemas você pode confiar em nós também! Malia não é a única que quer ser sua amiga Lucinda, por que não enfia logo isso na sua cabeça?
— Eu não me importaria de ouvir o que está te incomodando se você parasse de chamar o meu povo de pinguins. - diz Marjorie incentivando a castanha à sua maneira.
— Viu? - disse Malia agarrando o braço da meia-castanha-meia-branca - todas aqui nos importamos com você, um dia Lucinda, você vai precisar sair do seu casulo, eu saí do meu! Eu entendo que mais pessoas querem meu bem além de você, mas você está presa a mim a muito tempo, está na hora de abrir as asas Luci! - diz Malia olhando nos olhos castanhos de Lucinda, com um sorriso no rosto.
— ISSO! SEJA UMA BORBOLETA! - Exclama Arabella erguendo os braços para cima fazendo as meninas rirem, até Lucinda.
— Tudo bem, tudo bem! Abaixa esses braços sua doida! - fala a castanha limpando as lágrimas dos olhos - eu vou falar, mas não podem contar para ninguém! Prometam por suas vidas que não vão contar para ninguém!

  As meninas erguem as mãos direitas e dizem em uníssono.
— Prometo por minha vida que nunca contarei para ninguém!
— Tudo bem... - diz Lucinda com um suspiro - eu conto! Na verdade eu acho que...

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